O acidente ocorrido nesta terça-feira, 24, que resultou na morte de um ciclista de 13 anos atropelado por um ônibus na Avenida Centenário, trouxe novamente para a discussão popular a necessidade de uma ciclovia na principal artéria de Criciúma. O desejo, no entanto, é antigo - e vem se estendendo há pelo menos uma década.
Em 2012 foi desenvolvido um projeto para a construção de uma ciclovia na Centenário. Inicialmente, a proposta previa 11 quilômetros de extensão, em duas pistas com 1,25 metros cada - totalizando 2,5 metros. Apesar de praticamente pronto na ocasião, o projeto foi arquivado e só voltou a ser debatido novamente no ano passado.
O assunto voltou a ser debatido ainda no final de 2019, reivindicado por um grupo de ciclistas da região. Desde então, reuniões foram realizadas com ciclistas, autoridades da Prefeitura Municipal e também com a equipe técnica da Unesc, que se dispôs a ajudar na elaboração do projeto - o qual, inicialmente, estava previsto para ser finalizado em março deste ano.
Sobre o acidente, o ciclista João Luiz Virtuoso ressalta que poderia ter sido evitado com a implementação da ciclovia - que traria mais segurança para quem pedala pela região. “Não importa onde o menino estava, mas sim que a ciclovia não estava ali e, se tivesse, o menino não teria morrido”, declarou.
“A bicicleta é do cidadão de Criciúma, que vai para o seu emprego, trabalhar. Como que o cidadão que mora no Pinheirinho vai para a Próspera se tem uma placa no Terminal Central dizendo que é proibido andar de bike?”, indagou João.
Enquanto a ciclovia ainda não é construída, as calçadas que permeiam a Centenário e a faixa do ônibus são os locais mais “seguros” para quem quer andar de bicicleta no centro de Criciúma. Apesar disso, a pista de rolamento é teoricamente indicada como o local correto para se pedalar na ausência de um local propício - apesar de também ser perigoso.
“Ter que andar na pista de rolamento é uma situação que coloca todos em risco, tanto o próprio ônibus e o motorista. Em si, isso tudo acaba dando um conflito entre as duas partes, é inviável”, pontuou o ciclista criciumense Eduardo Schaucoski.
Ciclovia emergencial na década de 80
Apesar de ser utilizada hoje em dia somente como uma faixa extra para os pedestres, o corredor que acompanha os coqueiros na Avenida Centenário foi, inicialmente, uma ciclovia emergencial. “Aquele corredor junto aos coqueiros, que pensamos que é uma calçada para os pedestres, na verdade era uma ciclovia, feita no governo do Zé Augusto Hülse”, relembrou Archimedes.