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“O Brasil não vai virar nem uma Venezuela e nem uma Alemanha Nazista”

Escritor e pesquisador Laurentino Gomes avalia a atual situação da democracia brasileira

Por Clara Floriano Criciúma - SC, 14/11/2018 - 17:37 Atualizado em 14/11/2018 - 18:33

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O jornalista, escritor e pesquisador Laurentino Gomes é responsável pela publicação dos livros “1808”, obra que conta a verdadeira história da fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, “1822”, que fala sobre a Independência do Brasil e “1889”, sobre a Proclamação da República.

Em entrevista ao jornalista Arthur Lessa, Gomes falou sobre a Proclamação da República e avaliou a situação atual do Brasil. Ele afirmou que não vê a possibilidade de um golpe militar. “Existem dos dois lados, tanto direita quanto esquerda, trabalhando muito com o medo. 'O Brasil vai virar uma Venezuela, o Brasil vai virar uma Alemanha Nazista. Cuidado! Nós somos a salvação' Acho que essa ideia de incutir medo ao adversário é um problema sério na democracia. Você não ouve as ideias do outro, não dialoga e não pondera o que está sendo proposto para o Brasil. O Brasil não vai virar nem uma Venezuela e nem uma Alemanha Nazista. Vai continuar uma democracia", disse.

Gomes destacou que o Brasil nunca teve uma democracia tão longa e que o povo brasileiro está testando várias hipóteses e várias propostas. Ele lembrou que já elegemos Fernando Collor de Mello, que o escritor descreveu como “herói dos pobres e descamisados”, Fernando Henrique Cardoso que era um sociólogo, Lula, que era sindicalista.

“Depois escolhemos uma mulher o que é muito curioso. Os Estados Unidos, um país com quase 200 anos de democracia, nunca elegeu uma mulher a Presidência da República e a gente com 30 anos já fez isso. E agora estamos testando uma outra hipótese que são as ideias do Bolsonaro”.

O escritor diz que o discurso de Bolsonaro contem traços preocupantes como a falta de aceitação das minorias e o preconceito. “Mas o outro lado também tinha muito disso. Eu não diria que Bolsonaro é o único perigo no Brasil que vai amordaçar a imprensa. Porque o projeto na esquerda mais radical era esse também de controlar os meios de comunicação. Mas eu diria assim: não vamos nem para um extremo e nem para o outro. Eu acho que um país, a medida que vai exercitando e aprendendo a democracia, vai descobrindo as soluções mais sabias”, destacou.

Para Laurentino Gomes não existe ambiente nem externo e nem interno para um golpe militar e regime de força. Ele ressaltou que em 1964 não existiam as redes sociais e a sociedade era rural, atrasada e isolada e, portanto, facilmente manipulada.

“Havia uma Guerra Fria e os Estados Unidos tinham medo que o Brasil se tornasse uma Cuba gigante na América do Sul. Hoje isso não existe. Se tem um ambiente totalmente transformado. Um Brasil urbano, de rede social, de grande participação e de muita liberdade de expressão e opinião. Vamos enfrentar dificuldade sim nos próximos anos, tanto quanto enfrentaríamos se a opção fosse outra, mas acho que a democracia vai sobreviver. Porque as instituições são fortes. A Justiça, o Ministério Público, a Poleia Federal, o Congresso, bem ou mal, funcionam. Acho que as instituições aguentam o tranco. Então, não devemos nos assustar, devemos manter a confiança e esperança porque o Brasil pode e vai melhorar de uma maneira democrática”, finalizou.

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