“Eu já comprei ela velha, comida de cupim, mas a voz dela era boa". Palavras de um artista de rua - que há anos propaga a música pelas calçadas de Criciúma, sempre sentado no chão - sobre o seu antigo instrumento. José Gaiteiro inspirou uma ação de solidariedade, que através da internet saiu de Criciúma e chegou a cidades do país inteiro.
Neste sábado, José Gaiteiro recebeu uma gaita nova. A antiga estava sem condições de uso, devido aos desgates do tempo. Sem ter como fazer o que sabe e gosta, seu José andava cabisbaixo, desesperado.
Foi com os olhos marejados e vermelhos que José respondeu à criciumense Paula Ronsani que não sabia mais o que fazer da vida depois que a sua gaita se despedaçou. Então, Paula falou com amigos no Whatsapp procurando alternativas.
"Sempre passo na frente do Centro Cultural e via o seu José com a gaita dele. Um dia passei e vi que ele não estava tocando o instrumento Fui dar cinco reais pra ele, quando botei na caixinha e vi que ele estava bem triste. Perguntei o que era e ele me olhou chorando, desesperado, dizendo que a gaita dele não tinha conserto, ele não tinha condições e não sabia o que ia fazer da vida. Pensei no que fazer pra ajudar, falei com um pessoal pelo whatsapp e uma amiga disse pra compartilhar no Facebook para alcançar mais pessoas”, relembra Paula.
Através do Facebook que uma vaquinha, que arrecadou mais de R$ 5 mil, proporcionou a José receber uma nova gaita, um celular (ainda a ser entregue) e mais uma quantia grande em dinheiro. Foi com muita emoção que José recebeu o novo instrumento e, no mesmo instante, fez o concerto de estreia em seu palco preferido: a calçada.
"As pessoas perguntavam pra mim se ele precisava de outras coisas e ele disse que precisava de um celular para que músicos o encontrassem e o convidassem para tocar. Devemos entregar para ele ainda nessa semana", prometeu Paula.
A foto de José sem a gaita foi compartilhada no dia 17 de outubro. “Na mesma semana vi que o pessoal estava curtindo muito e compartilhando, muitas pessoas me chamando, algo muito além do que eu imaginava. A intenção era atingir amigos, pessoas que pudessem ajudar de alguma forma, doar algum instrumento que tinha em casa. Um senhor do Paraná iniciou a campanha da vaquinha, organizamos um grupo no whatsapp de ajuda e tudo aconteceu", conta Paula.