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O dia a dia dos médicos que combatem o coronavírus

Casal de pneumologistas Felipe Dal Pizzol e Cristiane Ritter, falam sobre o trabalho com pacientes de Covid-19

Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 11/04/2020 - 16:57 Atualizado em 11/04/2020 - 17:04

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Pneumologistas, Felipe Dal Pizzol e a esposa Cristiane Ritter são dois dos médicos que estão à frente do combate ao novo coronavírus (Covid-19) na região. Eles atual no Hospital da Unimed e São José (HSJ) e desde quando o surgimento dos primeiros registros, a rotina dos dois mudou.

Com dois filhos, há toda uma preocupação em não levar o vírus para casa. “Antes de começar a pandemia, já estávamos meio que esperando que as coisas fossem acontecer. Preparamos na entrada, álcool, máscara, uma caixa para cada um dos meninos, na entrada de casa já deixamos o calçado, passamos direto para a lavanderia, trocamos de roupa, tomamos banho, vestimos a roupa de ficar em casa e depois chegamos perto deles. Mesmo assim ficamos longe, 1,5 metro de distância deles”, comentou Cristiane.

Os médicos falaram do dia a dia nas duas UTIs em entrevista a Adelor Lessa durante a programação especial da rádio Som Maior deste sábado, 11, em live no Instagram. Dal Pizzol disse que, normalmente, o ambiente de UTI já é estressante, mas que com a pandemia, isso aumentou. “Além de tudo, tem a preocupação de levar a doença para casa. Têm sido semanas difíceis e a gente olha para frente e não se sabe o que está por vir ainda”, comentou.

Assunto que continua em casa

Enfrentando o coronavírus durante todo o dia, é inevitável que o assunto continue em casa. “Quando a gente chega em casa não para de falar sobre isso. Acaba discutindo sobre os pacientes mais graves, falando no que pode ser feito a mais. Acabamos discutindo isso em casa também”, revelou Cristiane.

“Não temos porque pensar que seremos diferentes do resto do mundo”

Sobre o número de casos da região, o pneumologista acredita que aumentará. “Não temos porque pensar que seremos diferentes do resto do mundo. Olhamos e no mundo inteiro está acontecendo isso. Tomara que não, mas precisamos estar preparados para o pior. Se não vier, que bom. A América Latina já está assim. São Paulo já está assim. O Rio de Janeiro já está assim. Guardadas as proporções, a nossa cidade vai chegar o momento de um quadro possivelmente pior”, analisou.

Capacidade de atendimento

Cristiane Ritter também dá a sua opinião sobre a evolução do vírus. “A gente acha que vai piorar, que vão surgir mais casos. Esta quarentena conseguiu por algumas semanas reduzir os casos. Não extrapolou a nossa capacidade de atendimento. Pelo contrário, temos capacidade de atender mais pacientes ainda, mas estamos nos preparando para mais, pois acreditamos que mais virão. Temos leitos na Unimed e no Hospital São José prontos, escala de plantão prontos, tudo esperando para quando realmente for necessário colocar em atividade”, expôs.

Além de atuar nas duas unidades hospitalares, Dal Pizzol faz parte de um grupo nacional que trata das diretrizes para o combate do coronavírus que nesta semana lançou um protocolo terapêutico do Ministério da Saúde com mais de 400 páginas, com diretrizes nacionais tanto para o diagnóstico, tratamento, medidas de contenção. 

Hidroxicloroquina

Apesar da falta de evidência da eficácia e como o Ministério da Saúde liberou a possibilidade de uso da Hidroxicloroquina, o medicamento é utilizado em pacientes com quadros graves internados na Unimed e no Hospital São José. “A gente deferiu por ofertar ao paciente grave, internado. Foi apoiado pelos nossos comitês de ética. Os nossos pacientes aceitando o uso, é ofertado. Esperamos que em 30, 40 dias o estudo tenha algum tipo de resultado para nos nortear se funciona ou não”, apontou.

Dal Pizzol lembrou de um estudo realizado com 60 pacientes nos Estados Unidos que mostrou que a utilização da Hidroxicloroquina piorou a evolução da doença. “É uma área muito incerta. Tem que cuidar e constantemente olhar para a cura. Em vários países o uso está começando a ser evitado. Gera efeitos oculares, podendo levar a cegueira e o sistema cardíaco. O nosso grande medo é se tem arritmias fatais com relação ao uso da cloroquina. No uso para a malária, por exemplo, já tem esse efeito”, acrescentou.

Cristiane revelou que alguns estudos com antivirais são promissores. “Mas nenhum que demonstra um grande sucesso em tratamentos. Têm vários laboratórios que estão em busca de um antiviral”, finalizou.

Tags: coronavírus

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