O que parecia uma grande solução do Governo Federal, a isenção de imposto de importação de produtos como carne, café, milho e açúcar causou a indignação dos produtores agrícolas brasileiros, que veem o provável aumento da oferta de seus produtos no mercado sem que lhes fosse oferecido nenhum apoio financeiro semelhante àquele ofertado aos concorrentes estrangeiros.
Em entrevista exclusiva ao programa 60 Minutos, o presidente da Câmara Setorial do Milho do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Enori Barbieri, afirmou que é importante "dizer a verdade" e deixar claro que, além de não trazer benefício algum ao consumidor final, a isenção será um grande desestímulo ao produtor agrícola brasileiro, que seguirá pagando os impostos inerentes da indústria, sem o mesmo subsídio.
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"Que não se transfira isso [a culpa da alta dos alimentos] para os agricultores. Eles não tem culpa nenhuma", reforça Barbieiri, que afirma ainda que "o preço que sai do produtor está muito longe dos preços que se vê nos supermercado. Então o problema está entre o produtor, que vende abaixo do valor que deveria, e a ponta onde fica o consumidor".
A exceção é o café
Segundo o presidente, a medida de isentar as importações se torna ainda mais ineficaz pelo fato de que o problema das altas de preço é causado por questões como a desvalorização do real e o aumento da taxa de juros, mas não por falta de oferta. "A exceção que estamos vivendo no momento é o café. O Brasil produz 40% do café de exportação no mundo e, por problemas climáticos no mundo inteiro no ano passado, por falta de produto no mercado o preço foi às altura", explica Barbieri, que também ocupa vice-presidência na FAESC.