Os cuidados com os idosos em meio à pandemia

Todos já sabem qual o grupo de maior risco de contágio pelo novo coronavírus (Covid-19). Mas quais as medidas a serem adotadas para evitar que eles sejam acometidos pela doença?

O médico do Residencial Geriátrico Nova Belluno, Vitor Benincá, comenta sobre as iniciativas realizadas que visam a proteção daqueles que frequentam a instituição . Além de atender 42 idosos, ele cita que o local possui 70 funcionários e 30 profissionais indiretos que fazem trabalhos de reabilitação, recuperação, pós-cirúrgico, além de tratamentos contínuos. “A nossa intenção é fazer uma blindagem do local para que o vírus não entre neste estabelecimento”, comenta.

As atitudes tomadas no local estão evitando casos e Covid-19 no local. Benincá lembrou ainda, acontecimentos em outros locais. “Temos alguns casos, como casos negativos que nos amedrontam um pouco mais ainda.  Como foi o início em São Paulo que teve uma série de óbitos de idosos, como algumas casas de repouso de Santa Catarina que demonstraram um sequenciamento de contágio e óbitos mais para o Norte do estado”, enfatiza.

Um dos casos em Santa Catarina ocorre na cidade de Antônio Carlos, na grande Florianópolis, onde dos 13 casos da cidade, 11 estão em uma casa de repouso, que já contabilizou duas mortes.

Consultas remotas

O médico fala da importância de se isolar o local para evitar que o vírus entre. “Criar esta ilha de saúde dentro do residencial. A gente criou uma norma técnica baseada nas recomendações do Governo do Estado e da Anvisa, onde decidimos que não houvessem visitas presenciais. Selecionamos  profissionais que não atuavam em outros hospitais, infelizmente a gente teve que fazer isso.  E estes profissionais tiveram que entrar em férias, um acordo para que ficassem afastados neste momento. Nem nós médicos vamos mais lá. Fizemos as consultas remotas, por telemedicina que foi liberada pelo Conselho Nacional de Medicina durante a pandemia. Os profissionais que estão lá são treinados para usar os EPIs e para permanecer os pacientes com distância de mais de um metro”, relata.

Benincá fala também que ao chegar no local, os profissionais que atuam na entidade passam por uma triagem. “Criamos uma zona, que chamamos de zona amarela na entrada. Todas as pessoas passam por triagem de temperatura, frequência cardíaca, respondem o questionário e, conforme as respostas, podem entrar para trabalhar ou deixamos de atestado. Por enquanto conseguimos 100% de estabilidade, ninguém com suspeita”, acrescenta.

As iniciativas estão dando resultado. “Dos 42 moradores, nenhum apresenta suspeita de quadro respiratório. As famílias têm que se adequar a ver o parente pela câmera, mas pelo menos criamos um local onde eles têm certeza que estarão seguros. É um momento realmente complicado. Fizemos uma série de coisas que, de coração, não queríamos estar fazendo, sabemos como é importante ter este contato, este carinho, mas é pelo bem de todos”, afirma.

Caso ocorra alguma ocorrência, o médico disse que estão preparados para atender. “A nossa ideia é um isolamento precoce, aos primeiros sintomas, ainda não tivemos que passar por isso, mas se tiver que passar, estamos preparados”, comenta.

O que mais fazer para manter os idosos saudáveis

As iniciativa, aponta o médico, precisam ser um pouco duras, mas, no final, o objetivo é preservar a vida e a saúde. “Quando se fala da parte técnica até parece desumana, parte o coração falar, mas eu também tenho a minha avó, ela tem 82 anos e as minhas recomendações para ela são as mesmas que passo para os pacientes. É realmente o isolamento, as pessoas que têm o contato com o ambiente em geral, vai no mercado, fazer compras, para que não seja este idoso a ir fazer. Vejo idoso indo fazer compras, quem pode fazer isso pelo seu pai, que faça. Se morarem na mesma casa que façam o isolamento, se não conseguir, use máscara, se não conseguir usar máscara, faça a higienização completa de mãos, narina, boca”, recomenda.

As orientações são necessárias até que a famosa curva do contágio diminua. “A população precisa evolutivamente ter o contato e quando chegar a um termo que ainda não é exato, mas algo em torno de 50%, 60% da população com o contato do vírus, a gente vai estar com os casos em negativação, ou seja, os casos vão ser menores que os casos já acometidos, o que a gente espera é que os idosos sejam esta população que vai ficar reservada do contato e que, ou apareça a vacina, ou o contato em massa seja de maneira gradual que o sistema de saúde comporte”, conclui.