Os assuntos que envolvem a cultura de Criciúma voltaram aos holofotes essa semana após o vereador Ademir Honorato ter aprovado em sessão da Câmara um requerimento solicitando informações da Prefeitura a respeito da Fundação Cultural de Criciúma (FCC).
As indagações do representante do Legislativo estão relacionadas ao planejamento técnico e financeiro da FCC para o ano de 2019, sobre a autonomia financeira da entidade e também a respeito de quantos funcionários atuam hoje na fundação, bem como quais são as suas funções.
Segundo Ademir, investimentos que eram realizados em anos anteriores, hoje não são mais feitos pela pasta. “Aquelas oficinas que tinham antigamente, oficinas de balé, de violão, que tinha duas vezes por semana, na Quarta Linha sempre tinha, hoje não tem mais nada disso”, comenta o vereador.
“Na Escola Eliza Sampaio Rovaris, por exemplo, a gente viu que abriu um projeto cultural, mas quem vai cuidar do projeto é o Social, enquanto deveria ser a Fundação Cultural, é um projeto de cultura”, acrescenta.
O vereador ainda questiona o uso de parte dos recursos da cultura para a compra de equipamentos de informática. “O valor que foi repassado está sendo utilizado para comprar computadores, saiu essa semana no Diário Oficial o edital, a licitação vai ser em março”, afirma.
Editais e presidente após o Carnaval
Desde novembro do ano passado, a FCC tem como presidente interino o Secretário de Governo, Arleu da Silveira. Ele assumiu o posto após a saída tumultuada do ex-presidente, Sergio Zappelini, e até o momento o novo nome para ocupar a pasta não foi anunciado pelo prefeito Clésio Salvaro.
Em entrevista ao Programa Adelor Lessa, da Rádio Som Maior, Silveira relatou que os editais para projetos culturais já têm uma programação definida, que os documentos foram enviados para a assinatura do chefe do Executivo e que devem ser lançados já nos próximos dias, coincidindo com a chegada do novo presidente.
“Acredito que com a vinda do novo presidente da Fundação Cultural, que provavelmente já vai ser depois do Carnaval, eles darão encaminhamento ao prefeito (dos editais) para que seja o mais breve possível (o lançamento)”, disse Silveira.
Já com relação ao nome escolhido para assumir a pasta, o secretário preferiu não dar detalhes e se ater apenas à informação de que o anúncio deve ser feito logo. “O prefeito está fazendo algumas consultas sobre o nome”, declarou.
Terceirização do Centro Cultural Jorge Zanatta
Também no fim de 2018, em dezembro, a Prefeitura inaugurou a recuperação do Centro Cultural Jorge Zanatta. O prédio histórico da cidade precisou ser restaurado após sofrer danos pela ação do tempo e por um incêndio que atingiu a estrutura em 2017.
Com investimento de aproximadamente R$ 1,5 milhão foi possível realocar no espaço a sede administrativa da FCC e as oficinas de cultura. No entanto, a parte que compreende o Galpão das Artes (fundos do prédio) e a Galeria de Arte (ao lado das salas das oficinas) deverá ter a sua gestão cedida pela Administração Municipal, a exemplo do que foi feito com a Rodoviária e o Pavilhão de Exposições José Ijair Conti.
De acordo com Silveira, a procuradoria busca a maneira mais correta de realizar o processo. “Está havendo uma dúvida e eu solicitei que fosse feito um ofício ao Tribunal de Contas para que nos orientasse nesse sentido”, afirmou. “Uns acham que deve ser feito um chamamento público e outros que deve ser feito por licitação. Vamos dar uma segurada para fazer com muita responsabilidade”, completou.
Oficinas em andamento
Nas salas destinadas às oficinas de música e arte as atividades de 2019 já iniciaram. São oferecidas no local aulas de técnica vocal, teatro, fotografia, acordeom, violino, piano, violão, guitarra e teclado. Uma taxa de R$ 30 de matrícula é cobrada pela fundação.
“Esse recurso das matrículas é revertido para as oficinas, para a compra dos instrumentos, e a cobrança é feita apenas uma vez. Já as crianças carentes estão isentas da cobrança”, explica a diretora administrativa da FCC, Jamile Souza.
Já as mensalidades cobradas dos alunos são de iniciativa dos professores, que foram contemplados em edital para dar aulas nas oficinas. “Cada professor cobra a sua mensalidade, mas existe uma cláusula de contrapartida social que exige que eles também atendam um número de alunos carentes sem cobrança”, pontua Jamile.
Arquivo Histórico e biblioteca
Ainda em 2018 foi anunciado que o Centro Cultural receberia, também, o Arquivo Histórico e uma extensão da Biblioteca Municipal, mas, conforme a diretora administrativa, isso não mais ocorrerá. O Arquivo Histórico deve voltar à Casa da Cultura Neusa Nunes Vieira, após uma revitalização, e a biblioteca segue anexa ao Teatro Municipal Elias Angeloni, com projeto de modernização.