"Hô, hô, hô!" Todos, com certeza, já ouviram essa risada inconfundível em algum momento, mais especificamente, na época de fim de ano. O tão querido personagem que faz a magia do Natal acontecer está por todos os lados em dezembro. Papai Noel, também conhecido como o bom velhinho, é aquela figura bondosa que entrega presentes apenas àqueles que se comportarem durante o ano. Sem ele, não há Natal.
“O Natal tem o poder de parar guerras, ele traz muita paz!”, frisa o Papai Noel do Nações Shopping, João Batista Goulart. Aos 58 anos, ele faz questão de vestir a roupa vermelha de inverno no período mais quente do ano e manter a barba cheia e branquinha para alegrar a criançada ano após ano. Natural de Criciúma e aposentado de minas de carvão, o velhinho faz questão de ressaltar a importância da época natalina.
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“Ah, eu acho muito lindo! O Papai Noel é para trazer alegria, porque, na realidade, a gente celebra o nascimento de Jesus.”, lembra Goulart. “É isso que tem que passar para as crianças: dia 25 de dezembro a gente tem que mostrar para eles que o que a gente está comemorando não é o nascimento do Papai Noel”, acrescenta.
“Eu sinto que tenho que fazer”
Se fantasiar de Papai Noel não foi o primeiro trabalho social de João, muito antes disso, ele já ajudava outras causas e pessoas. “É uma coisa que eu sinto que tenho que fazer”, explica. Ainda assim, não faz pouco tempo que ele decidiu entrar no ramo.
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“Ao todo, faz uns dez anos que eu faço isso. Tive dois filhos e sempre fui muito paizão para eles. E aí, um sobrinho meu teve um problema de saúde e fez uma promessa de fazer uma festa de Natal para algumas crianças. Ele pediu a minha ajuda e eu fui. Desde aquela data, o universo conspirou para eu chegar até aqui. Até porque branqueou a minha barba”, brinca.
Parceria natalina
Um tempo depois, quem se juntou a ele foi o Papai Noel do Criciúma Shopping, Ricardo de Oliveira. Também natural de Criciúma e aposentado de minas de carvão, ele foi influenciado pelo ex-colega de trabalho a aproveitar a barba branca e carregar um saco de presentes nas costas.
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“Foi o seu João que me colocou nessa vida. A gente trabalhava junto nas minas de carvão, nos aposentamos e cada um foi pro seu canto. Depois de uns anos eu cruzei com ele na Cidade Mineira e ele me ofereceu esse trabalho. Eu comecei fazendo trabalhos avulsos, quando chegou no meio deste ano, mais ou menos em junho, eu vim trabalhar aqui no Criciúma Shopping”, conta.
A barba é grande e a roupa quente
Para eles, a roupa quente e a barba grande não incomodam, o importante é receber bem a criançada. Mas, para chegar no visual natalino, é preciso todo um preparo. “Depois do Natal eu dou uma baixadinha na barba e, de março para frente, eu não corto mais, deixo ela crescer e só vou ajeitando”, comenta Goulart. “E ficamos naquele clima, esperando chegar o final do ano para atender as crianças”, completa Oliveira.
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E, quando chega o grande dia de escutar muitos desejos de Natal e distribuir balinhas, é difícil conter a empolgação. “A rotina é aquele ritual: levanta de manhã, dá uma olhada na barba, dá uma preparada, passa um produto na barba para não amarelar, coloca a roupa no sol, dá um tempo, vai ajeitando os trajes, vai separando tudo e se prepara para atender as crianças. Quando chega no dia mesmo de trabalhar, a gente dedica o pensamento, praticamente, só nisso”, diz animado, Ricardo.
Crianças pedem fim de doenças e pandemias
Muitas crianças fazem listas de presentes que vão pedir ao Papai Noel, em sua grande maioria, se tratam de carrinhos, bonecas, ou um brinquedo recém-lançado. Mas, em alguns casos, o pedido chama mais atenção. Na posição de bom velhinho, os Papais Noéis ouvem as coisas mais inesperadas, que só ressaltam a inocência infantil.
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Durante a pandemia, no Nações Shopping, Goulart ficou exposto em uma tela em um dos corredores do prédio e atendia pedidos por chamada de vídeo. “Eu estava aqui por videochamada e uma menina chegou lá na frente e pediu para mim: ‘Papai Noel, eu vou fazer dois pedidos pro senhor: eu queria um abraço e queria que o senhor pedisse pra essa doença ir embora”, emociona-se. “Isso mexe com a gente… mexe até agora”, desabafa.
Da mesma forma, Ricardo lida com situações semelhantes. Ele diz que é comum, hoje, escutar pedidos que não se referem apenas a brinquedos. Comida, cesta básica, roupas, calçados e cadernos… são itens que se tornaram comuns na lista de desejos.
“Tem filhos que dizem que não sabem o que é uma ceia de Natal… Isso machuca muito a gente”, comenta. “Eu fiz a abertura do Natal Cocal ano passado e eu atendi uma menina que pediu a cura do câncer para a mãe… Até hoje isso me toca o coração. Me senti impotente!”.