A situação dos hospitais filantrópicos no estado não foi nada fácil em 2022. Com o novo ano, as unidades carregam a esperança de reajustes nos valores repassados pelo governo para que seja possível acabar com os déficits. Se contar apenas o Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital São José de Criciúma tem um prejuízo mensal que chega a R$ 3 milhões. Contando com os valores do particular, a diferença reduz e fica em torno de R$ 1,5 milhões por mês.
"A vida dos hospitais, de norte a sul do país, não está fácil. Nós trabalhamos com uma tabela bastante defasada. Alguns procedimentos foram atualizados, mas, na grande maioria, não é levado em conta o custo que o hospital precisa dispor para que cada paciente tenha a plena recuperação da sua saúde", enfatiza a diretora financeira do Hospital São José, Irmã Terezinha Buss.
Por meio do SUS e da Política Hospitalar Catarinense, o HSJosé recebe R$ 8,5 milhões mensais. Outros R$ 50 mil são destinados pela Prefeitura de Criciúma todos os meses. Do total de atendimentos, aproximadamente 85% são via Sistema Único de Saúde e outros 15% são particulares.
"Se não tivéssemos parcerias e convênios, nós realmente estaríamos com um déficit muito grande. Ainda temos o déficit, mas minimizado por todo trabalho que vínhamos fazendo. A realidade não permite o equilíbrio econômico e financeiro", comenta. "Os compromissos crescem, os insumos e medicamentos vão aumentando cada vez mais. É bastante difícil", acrescenta.
Ainda, a diretora garante que os salários de colaboradores e profissionais de saúde são pagos em dia. "Com os fornecedores é uma negociação cada dia para que nada nos falta, mas que eles também tenham a segurança e a certeza de que o hospital vai colocando em dia a dívida", afirma.
Conversas com o Governo do Estado
No segundo semestre de 2022, o Executivo Estadual fechou um convênio com o Hospital para um aporte de R$ 6 milhões. Conforme a Irmã Terezinha, o Governo do Estado pagou parte do valor, o restante ainda está em aberto.
"Nós acertamos um convênio de R$ 6 milhões do qual nós recebemos R$ 1,5 milhão. No fechamento das contas do governo, não houve um repasse para nós. Eu acredito que seja porque somos um hospital de gestão plena, e o Estado entende que o Município tem um compromisso maior", explica.
Em dezembro, o HSJosé levou um pedido ao estado para um repasse de R$ 4,2 milhões a mais todos os meses. Na avaliação de Irmã Terezinha, este seria o valor mínimo para manter os atendimentos na unidade - isso sem contar o novo piso nacional da Enfermagem. Agora, com a troca de governo, o pedido será levado à secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto. "Todos os dias a gente aguarda com muita esperança esse valor na nossa conta", destaca a diretora.