Quantas horas você já passou em frente à televisão maratonando séries de true crime nas plataformas de streaming? Títulos como Dahmer, um canibal americano, além de Moradores Indesejados estão entre os mais assistidos das plataformas. Mas, de onde vem esse fascínio todo? Uma pesquisa revelou detalhes sobre por que o público global é tão obcecado por histórias de crimes reais.
A popularidade de séries, podcasts e documentários que exploram casos criminais nunca esteve tão alta, impulsionada por plataformas de streaming como Netflix, Max e YouTube. Com a genialidade que lhes é tão característica, essas gigantes tornam essas histórias sombrias acessíveis a qualquer momento. E o que leva milhões de pessoas a consumirem compulsivamente esse tipo de conteúdo?
É justamente nesse ponto que o levantamento da ExpressVPN toca. Aliás, o relatório não só examina o impacto da tecnologia no aumento desse interesse, mas também explora as razões psicológicas por trás da obsessão coletiva. Ainda, faz um resgate histórico que mostra que essa curiosidade pelo mórbido não é nada nova.
O que é a obsessão por crimes reais?
Segundo a pesquisa da ExpressVPN, além do entretenimento, o público busca entender o comportamento humano em situações extremas e se sente atraído por uma adrenalina segura. Esse fenômeno, impulsionado pela conveniência do consumo digital, transformou crimes reais em um espetáculo que mistura medo, curiosidade e um desejo de justiça.
Relatos de assassinatos, sequestros e outros crimes chocantes têm sido parte da mídia há séculos, mas a forma como consumimos essas histórias mudou drasticamente nos últimos anos. Com plataformas de streaming como Netflix, podcasts, redes sociais e blogs interativos, o crime real se tornou um entretenimento acessível e amplamente consumido.
Principais razões para a obsessão
O estudo da ExpressVPN destaca alguns motivos cruciais que explicam o fascínio por crimes reais:
- Tecnologia e acesso facilitado: plataformas de streaming e redes sociais não apenas disponibilizam uma quantidade imensa de conteúdo sobre crimes, mas também oferecem a oportunidade para que espectadores se tornem detetives amadores, investigando casos antigos em fóruns e redes como Reddit.
- Adrenalina e emoção: histórias de crimes reais evocam emoções intensas, proporcionando uma descarga de adrenalina semelhante a assistir um filme de terror. Essa experiência emocionante pode ser viciante, gerando uma sensação de suspense e engajamento contínuo.
- Curiosidade mórbida e empatia: as pessoas são naturalmente atraídas pelo desconhecido, e explorar os aspectos sombrios da natureza humana é uma forma segura de compreender ameaças sem enfrentar o perigo real. Além disso, essas narrativas muitas vezes evocam empatia pelas vítimas e um senso de justiça.
Ao mesmo tempo, o relatório também sugere que a obsessão por crimes reais é alimentada por fatores culturais e psicológicos:
1. Curiosidade sobre o comportamento humano
Desde os dias dos jornais sensacionalistas, como no caso de Jack, o Estripador, até a era dos podcasts, a sociedade sempre teve uma atração por histórias que exploram a violência e o comportamento desviante. Esse interesse não é apenas uma forma de entretenimento, mas também uma maneira de estudar o comportamento humano.

2. Sensação de controle e preparação
Para muitos, especialmente para mulheres, o consumo de conteúdo de crimes reais oferece uma sensação de controle sobre os perigos do mundo. Segundo uma pesquisa da OnePoll, 76% dos fãs acreditam que esses programas ajudam a evitar situações perigosas na vida real.
3. Impacto da mídia social
As redes sociais, como Twitter e Reddit, transformaram o crime real em uma atividade colaborativa. Comunidades online analisam casos, compartilham teorias e, ocasionalmente, ajudam a resolver mistérios. No entanto, essa participação ativa pode ter consequências, como a disseminação de desinformação.
Evolução da mídia e da tecnologia
A mídia de crimes reais evoluiu ao longo do tempo, desde os primeiros jornais até os podcasts e documentários modernos. A ExpressVPN identificou casos icônicos que ilustram essa transformação, como:
- Ted Bundy e a ascensão dos julgamentos televisionados: a cobertura ao vivo do julgamento de Bundy na década de 1980 atraiu milhões de telespectadores, transformando o criminoso em uma figura de fascínio mórbido.
- Julgamento de O.J. Simpson: o caso foi um divisor de águas na cobertura midiática de crimes, mesclando cultura de celebridades com a narrativa de crimes reais de uma forma nunca antes vista.
Os podcasts de crimes reais, como "Serial," e documentários como "Making a Murderer" da Netflix também redefiniram o gênero. Essas plataformas permitem uma exploração mais profunda e envolvente, que vai além da simples narração de eventos. Criadores independentes podem trazer à tona casos menos conhecidos, oferecendo novas perspectivas e vozes que tradicionalmente não teriam espaço.
Por que estamos obcecados?
Inicialmente, especialistas apontam que a fascinação por crimes reais remonta a um instinto primitivo de aprender sobre ameaças para a sobrevivência. A exposição a essas histórias pode nos fazer sentir mais preparados para enfrentar perigos na vida real, oferecendo um “guia” psicológico sobre como evitar situações de risco.
Além disso, o consumo de crimes reais frequentemente envolve um elemento de “apatia do observador”, onde o público se sente seguro ao saber que as tragédias ocorrem com outras pessoas e não consigo mesmo. Isso cria uma desconexão emocional que torna essas narrativas atraentes, mas também levanta questões éticas sobre a objetificação do sofrimento alheio.
Em suma, a obsessão por crimes reais é um fenômeno multifacetado, impulsionado por avanços tecnológicos, curiosidade humana e uma busca por controle e segurança. Embora ofereça uma janela intrigante para a mente humana e a sociedade, também nos desafia a refletir sobre o impacto ético de transformar tragédias reais em entretenimento. À medida que continuamos a consumir essas histórias, é crucial questionarmos o custo dessa obsessão para as vítimas e para nós mesmos.