A Geração Z é conhecida como a que já nasce familiarizada com a comunicação digital. Compreendendo quem nasce entre 1995 e 2012, essa é uma geração que não conhece o mundo antes da internet, rede criada em 1990. Esse grupo etário conectado é o reflexo das transformações globais e um indicador do que os jovens querem e acreditam.
Uma pesquisa encomendada pela plataforma de streaming Netflix considerou parte dessa galera para entender melhor o que eles buscam. Mil jovens brasileiros, com idade entre 16 e 25, foram entrevistados. O resultado não surpreende: 70% dos participantes buscam representatividade na hora de escolher uma série ou filme.
A pesquisa é um forte indicador do jovem contemporâneo, engajado nas discussões sociais as quais o atravessam. Não existe distanciamento entre o discurso e a prática. A juventude atual define seu perfil e quer se ver representada nas produções audiovisuais e cinematográficas.
E a resposta a essa demanda vem rápido. Quase 80% dos entrevistados da mesma pesquisa dizem que sentem que as séries e filmes de hoje retratam mais a realidade. Ao mesmo tempo, quase 70% dizem que encontrar um personagem que passe por situações e conflitos semelhantes aos seus é crucial na escolha de um filme ou série.
A quarta onda feminista
Com início em 2012, a quarta onda feminista está associada às discussões em torno do tema e à disseminação do uso das redes sociais. Definida pelo uso da tecnologia digital, é por meio do uso de plataformas como Twitter, Instagram e Facebook que a oposição ao assédio sexual e à violência contra a mulher é manifestada.
É nesse contexto que séries novas, como The Handmaid’s Tale e Unbreakable Kimmy Schmidt, e antigas, como Gilmore Girls, ganham atenção, público e prêmios. Em 2017, por exemplo, The Handmaid’s Tale ganhou sete Emmy’s, incluindo o Prêmio de Melhor Série Dramática.
Direitos LGBTQI+, gênero e sexualidade
Outra temática presente nas discussões da sociedade atual, especialmente entre os jovens da Geração Z, são os direitos das pessoas LGBTQI+. A sigla engloba pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, queer, intersexuais e mais.
Da mesma forma, assim como acontece com o feminismo, o tema tem aparecido cada vez mais em filmes e séries. Entre as várias séries que abordam o tema, a queridinha do momento é Sex Education, além de Euphoria e POSE.
Racismo
Outra série que foi e é hit, adorada pela geração jovem engajada, é Dear White People — ou Cara Gente Branca, na tradução para o português brasileiro. A série conta a história de vários adolescentes negros numa universidade fictícia dos Estados Unidos com a maioria dos alunos brancos.
Além de abordar o racismo, foco da produção, temas como gênero e classe também são discutidos. Os episódios são curtos: têm, em média, 30 minutos. Conferindo, assim, uma maior fluidez à série. Ademais, cada episódio é focado num personagem em particular, ampliando a gama de identidades mostradas na trama.
Um corpo de praia
Por fim, um tópico bastante buscado pelo jovem que procura representatividade nas telas é a gordofobia e questionamentos dos padrões de beleza. Uma produção que dá conta do recado bem é o filme Dumplin. O nome do filme, que é também o apelido da protagonista, vem uma comida chinesa, é uma trouxinha recheada com carne de porco e legumes.
Na trama, a protagonista Willowdean é uma adolescente gorda que sofre por não se encaixar nos padrões de beleza impostos pela sociedade. Sua mãe, Rosie, já venceu o mais importante concurso de beleza da região em que elas moram e hoje é jurada desse mesmo concurso.
No desenrolar da narrativa, Willow resolve se candidatar ao prêmio do concurso. A história, a partir de então, toma um rumo emocionante e cheio de surpresas.