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Pesquisadoras da Unesc contribuem para o desenvolvimento da ciência

Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência evidência a importância das pesquisas lideradas pelo público feminino

Por Redação Criciúma, SC, 11/02/2022 - 15:30 Atualizado em 11/02/2022 - 15:31
Professora Gislaine é um desses exemplos / Fotos: Mayara Cardoso / Unesc
Professora Gislaine é um desses exemplos / Fotos: Mayara Cardoso / Unesc

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O interesse pela ciência pode surgir por meio do contato com a natureza, do gosto pela leitura, da curiosidade aguçada na infância, da admiração por alguém ou até pelo simples desejo de inventar. Na Unesc as histórias que hoje têm em comum o sucesso na pesquisa, a realização profissional e a contribuição ao universo científico se multiplicam e inspiram. Nesta sexta-feira (11/2), Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, a Universidade exalta a história de dedicação de algumas das pesquisadoras que representam a equipe feminina da Instituição.

Nos anos 90 em Timbé do Sul a pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da Unesc Sabrina Arcaro mostrava os primeiros sinais do futuro na ciência ao lado da irmã caçula nas brincadeiras ao redor de casa. A diversão das duas não estava nos brinquedos e bonecas, mas na descoberta de curiosidades sobre as peças que formavam os eletrodomésticos ou os efeitos de determinados produtos nas cores das plantas. “Sempre tive curiosidade em saber como as coisas funcionavam. Na escola gostava de matemática, química e física, mas jamais imaginava seguir uma carreira acadêmica. Foi na Universidade que conheci o que era ciência, pesquisa feita com ética e metodologias próprias, e foi aí que me apaixonei”, relembra.

Egressa do curso de Tecnologia em Cerâmica na Unesc, Sabrina teve a possibilidade de cursar a graduação por meio de um programa de bolsas de estudo do Governo Federal e a partir de então nunca mais deixou de estudar. “Cheguei a trabalhar em uma indústria cerâmica, mas sentia que era algo monótono. Ao me desafiar a entrar no mestrado e mergulhar no mundo da pesquisa percebi que ali eu poderia usar toda a minha curiosidade e vontade de descobrir coisas novas fazendo todo dia algo diferente”, acrescenta com brilho nos olhos a pesquisadora que hoje atua na área de nanotecnologia e biomateriais.

Professora Sabrina Arcaro

Entre as pesquisas lideradas por ela estão estudos sobre o desenvolvimento de um tipo de osso criado em laboratório que poderia substituir partes de ossos humanos danificados ou perdidos por algum motivo como acidentes ou doenças e ainda a utilização de um campo magnético alternado no tratamento de diversos tipos de câncer. Problemas reais no radar das pesquisas realizadas sob seu comando.

O contato constante com o que há de mais novo e desafiador no mercado da engenharia e, no seu caso, em parceria com colegas pesquisadores da área da saúde, conforme Sabrina, a faz cada vez mais apaixonada pela pesquisa e, agora, pelo ensino, já que também atua como professora e orientadora em nível de graduação, mestrado e doutorado. “Todos os dias estamos descobrindo coisas novas e conseguindo aplicar o que a gente faz aqui no laboratório na vida das pessoas. Isso é o que mais nos satisfaz e faz com que eu venha todos os dias trabalhar com brilho nos olhos”, pontua a professora, que cursou o doutorado no Instituto de Cerâmica e Vidro em Madrid.

Da mini compostagem à pesquisa sobre depressão e combate à Covid-19

Gislaine Zilli Réus é também uma das mais reconhecidas pesquisadoras da Unesc. Ela atua na área da saúde, mais especificamente no Laboratório de Psiquiatria Translacional, Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Unesc. Formada em Ciências Biológica também da Instituição, Gislaine mergulha fundo desde as primeiras fases da graduação no universo da pesquisa.

No início as portas que se abriram foram para o estudo de minicompostagem. Como primeira integrante da família por parte de pai e de mãe a buscar uma graduação, ela precisou segurar com unhas e dentes cada uma das oportunidades que surgiram nessa caminhada, literalmente, já que chegou a calcular com a mãe o valor do investimento nos estudos e fazer a escolha de comprar um carro apenas anos depois.

“Eu me imaginava pesquisando alguma coisa, fosse uma planta ou um princípio ativo que pudesse curar algo. Uma ideia distante, sem saber o que esperar. Isso não era comum para minha família. Sempre estudei em escola pública e não tinha contato com nada disso. Quando cheguei e vi a quantidade e a qualidade dos laboratórios que tinha aqui, via os professores dizendo que eram mestres e doutores, o que eu nem sabia que existia ou que significava, coloquei na cabeça que era isso que queria para minha vida”, relembra com emoção.

Professora Gislaine trabalhando em pesquisa

Tamanho foi o destaque da vida acadêmica de Gislaine que teve a oportunidade de ir direto ao doutorado. Engana-se quem pensa que o título de doutora seria o auge imaginado por ela. Na sequência vieram três pós-doutorados, sendo dois pela Unesc e um nos Estados Unidos, pela University of Texas Medical School at Houston. “Além disso, o estudo me abriu portas para ir para lugares como Itália, Coreia do Sul, Canadá e Alemanha para fazer palestras e participar de cursos, ao mesmo tempo que me faz ter contato com pesquisadores renomados de todo o mundo, algo jamais imaginado por mim lá no início”, acrescenta.

Nas pesquisas orientadas atualmente por Gislaine, natural de Içara, a depressão é o foco principal, segmentada pelo estudo de fatores genéticos e ambientais ligados à doença, assim como causas e outras doenças relacionadas. Mais recentemente, em 2020, a pesquisadora teve um projeto contemplado pelo edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e ao Ministério da Saúde para estudo de transtornos psiquiátricos relacionados à Covid, fato que lhe rendeu novamente destaque internacional.

“O que fazemos aqui são como tijolos que se somam a outros de todo o mundo e nos levam a conclusões e à evolução. É difícil descobrirmos algo completamente novo, mas, o estudo do cérebro em si e o impacto de outros fatores em seu funcionamento, é fascinante. Estamos contribuindo, de fato, para um entendimento e um tratamento cada vez mais efetivo dessa doença que afeta mais e mais pessoas a cada dia”, destaca.

O plano era cuidar do campo

O “bichinho da pesquisa”, como diz a pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDS) da Unesc, Melissa Watanabe, a picou também já na graduação. Até então ela jurava que iria continuar os negócios da família no campo, porém encontrou na área das ciências sociais aplicadas o caminho para pesquisar e cumprir sua missão de ensinar e ajudar na promoção do desenvolvimento socioeconômico.

Com a timidez entre as principais características na infância, Melissa percorreu um caminho de autoconhecimento e evolução constante desde então para que hoje demonstre a naturalidade e calma para dar aulas, palestras e entrevistas. Nessa trajetória de desafios foi necessária muita dedicação e, como colaboração “do acaso”, contou apenas com a leitura de um anúncio de vagas abertas para monitoria de disciplinas na faculdade de Agronomia, cursada em Curitiba. “Eu vi esse bilhete e pensei ‘porque não?’. Comecei a dar as monitorias e ajudar professores nas aulas. Anos depois vim pra Criciúma por outro desses ‘bilhetes’. Já com doutorado, recebi um e-mail sobre o processo seletivo para o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socieconômico, e cá estou até hoje”, relembra, feliz.

Professora Melissa

Melissa participa ativamente dos trabalhos em Planos de Desenvolvimento Socioeconômicos protagonizados pela Universidade e enxerga, nessas contribuições, uma missão de vida. “Normalmente quando se pensa em pesquisa se pensa em laboratório, jaleco, reagentes, porém na nossa área estamos em constante estudo para entender sujeitos e fenômenos para, a partir de análises, entender os ciclos e mitigar impactos a partir de cenários. Não existe sociedade no mundo que tenha desenvolvimento sem ter ciência e essa é nossa contribuição”, apresenta.

Desde as aulas que ministra na graduação até as orientações de mestrandos e doutorandos, conforme ela, seu papel vai além do compartilhamento de conhecimento e tem entre os pilares principais o incentivo e o respeito a cada aluno como ser humano único e especial. “Tenho em mim que estou cumprindo minha missão na formação de pessoas em todos os aspectos. Eu enxergo que em uma formação estamos formando profissionais e seres humanos. Procuro dizer para meus alunos e, principalmente, alunas, que é possível, sim. Mesmo que já sejam mamães e tenham suas famílias, por exemplo. Cada coisa em seu tempo é possível abraçar essa carreira, que é linda”, garante, com experiência própria de sobra.

O exemplo de que a educação, de fato, transforma

Se para Sabrina, Gislaine e Melissa a trajetória acadêmica começou cedo, mesmo que sem quaisquer perspectivas reais de ingresso na área da pesquisa, para Angela Cristina Di Palma Back, pesquisadora do Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), natural de São Paulo, o caminho foi ainda mais surpreendente. Já casada e com o filho nos braços, Angela iniciou a graduação em Letras na Unesc como forma de qualificação pensando no emprego em uma empresa da cidade ou, com a opção de aprendizado da Língua Inglesa, até com algo relacionado à exportação.

O que encontrou ao entrar na Universidade, no entanto, foi muito mais que isso. Hoje ela soma no Currículo Lattes e na bagagem de vida 22 anos de trabalho enquanto professora na Instituição na qual achava que “apenas” garantiria seu diploma de Licenciada em Letras. “A partir desse encontro e do contato com a pesquisa em linguística, mudou totalmente a minha perspectiva”, resume a professora que tem foco voltado à linha de Educação, Linguagem e Memória.

Professora Ângela

Entre os incontáveis resultados das pesquisas que fez e orientou ao longo de mais de duas décadas de dedicação à educação, Angela tem algumas certezas: uma das principais é a do potencial de transformação de vidas e cenários por meio do ensino. “Se a educação mudou a minha vida, pode mudar a de todo mundo que estiver disposto a encarar o novo. O investimento em bens materiais é muito importante e faz parte do sentimento de realização de um profissional, porém o investimento no aspecto intelectual é o único que jamais poderá ser tirado de quem o fez. É para sempre”, pontua convicta.

O caminho enquanto mulher, mãe e estudante, conforme ela, esteve longe do que pode ser chamado de fácil. A cultura familiar do marido e o incentivo ao estudo abriram algumas portas e a caminhada a partir desses portais ficou por conta da paixão pelo propósito. “Ser mulher e ser da área da educação são, de fato, complicadores. Porém quem entra para a pesquisa começa a perceber tudo o que é possível fazer por meio dela. Pesquisar é pensar sobre um problema e formas de superá-lo e, quando se trata da escola, dos processos de educar, isso se torna cidadania, inclusão, consciência para a sociedade. A pesquisa em educação desnuda o invisível”, diz, segura do seu papel na sociedade e das lutas enfrentadas em novo do seu propósito. 

Liderança que inspira

Entre essas e tantas histórias de pesquisadoras de sucesso que, além de estarem realizadas profissionalmente, contribuem de forma significativa para a humanidade e a ciência, está a reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta.

Dedicada ao estudo em Saúde Coletiva, a reitora é uma entusiasta da pesquisa em todos os âmbitos. “Tenho verdadeira paixão pela área e a convicção de que a ciência e, por meio dela, a educação, são os principais fatores capazes de transformar realidades. Me sinto orgulhosa por, enquanto reitora, representar também as mulheres pesquisadoras, suas lutas e desafios e, principalmente, o amor à missão”, destaca.

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