Cada vez mais pessoas jovens estão sendo internadas em estado grave e falecendo vítimas do novo coronavírus. De acordo com o último boletim do Observatório Covid-19, da Fiocruz, entre janeiro e março, o número de óbitos de pessoas de 30 a 39 anos cresceu 353%, e 419% entre pessoas com idades de 40 a 49.
Em entrevista ao programa Adelor Lessa desta quarta-feira, 14, o pneumologista Renato Matos explicou porque pessoas abaixo da faixa etária tida como grupo de risco estão sendo cada vez mais acometidas pela doença. Segundo o médico, esse crescimento se deve a uma associação de fatores.
“Primeiro que boa parte das pessoas com mais de 67 e 68 anos já estão vacinadas, certamente já temos aí o impacto da vacina. Boa parte dessas pessoas que tinham maiores complicações, quadros mais graves, já estão vacinadas, e a vacina, apesar de não proteger completamente contra a infecção, protege de formas graves. A segunda coisa certamente é que pessoas mais jovens expõem mais, muitas de forma que não deveriam ser consentidas como em baladas e encontros sociais, outras até trabalhando”, pontuou Renato.
O pneumologista explica ainda que já há algumas evidências de que essa nova cepa do vírus é mais transmissível. Sendo assim, pessoas que estão mais expostas também acabam se infectando mais e, consequentemente, acaba-se por aumentar o número de internações em faixas etárias menores.
“Acabou a situação inicial de que isso é uma doença de velhos e pessoas com comorbidades. A Covid-19 é uma doença que pode atacar e matar qualquer pessoa, não só matar como deixar sequelas importantes”, ressaltou.
Outra preocupação por parte dos profissionais da saúde é o fato de que as pessoas já vacinadas estão começando a deixar de lado os cuidados básicos contra a Covid-19, como uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento. Acontece que até mesmo pessoas imunizadas estão sujeitas a contrair e transmitir o vírus, ainda que seus quadros não se agravem tanto e sejam “mais leves”.
“Pessoas vacinadas devem continuar usando máscaras e manter o isolamento físico que é fundamental, assim como a limpeza frequente das mãos”, disse Renato. “Sabemos que hoje o uso de máscara adequado e o isolamento funciona muito”, completou.