A mobilização das forças de segurança de São Paulo e Santa Catarina resultou na localização de uma criança de dois anos, que estava desaparecida desde 30 de abril. O menino, de Florianópolis, foi localizado na última segunda-feira (8), em um carro com duas pessoas, um homem e uma mulher, que não possuem relação matrimonial. Eles foram presos em flagrante pelo crime de tráfico de pessoas.
"O primeiro ato da Polícia Civil, ao ter o registro da ocorrência em Santa Catarina, foi a instauração de um inquérito, presidido pela doutora Sandra Mara Pereira, em 5 de maio deste ano. Diante dessa circunstância, ela começou a adotar diversas medidas investigativas, em especial, pleitos de medidas cautelares, realizadas ao longo do fim de semana", detalhou Ulisses Gabriel, delegado-geral da Polícia Civil.
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Com o início das investigações, o trabalho foi intensificado a fim de dar andamento à localização da criança. "Ela foi encontrada com dois indivíduos que não teriam relação matrimonial, mas que estão sendo investigados e foram presos por tráfico de pessoas. Hoje, serão submetidos à audiência de custódia", afirmou, ainda, Ulisses Gabriel.
O delegado-geral também destacou o empenho das forças de segurança durante a atuação. "Acho que foi um dos maiores feitos das polícias de Santa Catarina nos últimos tempos", comentou. "Especialmente, porque é algo difícil de se elucidar. É uma criança que estava em uma cidade muito grande, São Paulo. Então, o que fica de exemplo, é o trabalho integrado com um resultado muito prático que foi a garantia da integridade física do menino para voltar ao seu berço familiar", completou.
Os recursos tecnológicos foram fundamentais para auxiliar no desaparecimento. "Um carro, que estava em um restaurante de São José, em Santa Catarina, foi acompanhado e localizado em São Paulo. Não é fácil. O trabalho de segurança pública é duro e, muitas vezes, o resultado não vem. Neste caso, felizmente, aconteceu", ressaltou o responsável pelo SOS Desaparecidos, capitão Baccin.
As diligências foram presididas pela delegada Sandra Mara Pereira. "A nossa intenção é que nenhuma outra criança mais passe pelo o que o Nicolas passou. Temos que acabar com essas quadrilhas que vêm aqui atrás nas nossas crianças. Esse é o nosso compromisso, e o meu, enquanto mãe, cidadã e policial civil", disse a profissional.
Polícia deve investigar se mãe recebeu vantagem financeira
"Com o desbloqueio do celular, nós vimos que houve um assédio à vítima [mãe] para que ela entregasse a criança. Ela tem uma fragilidade emocional muito grande. No momento, agora, só saberemos tipificar a partir da concessão de algumas cautelares, verificar se ela foi ameaçada, se ela recebeu algum dinheiro, se houve, entre eles, uma troca financeira ou obtenção de vantagem", detalhou a delegada.
Por isso, ainda não é possível afirmar a natureza do crime. "O inquérito vai se desenvolver e, até a conclusão, se poderá aferir se há uma rede de tráfico de pessoas ou uma rede de venda de crianças...", frisou Paulo Cezar Ramos de Oliveira, secretário de Estado da Segurança Pública.
O que foi constatado, até o momento, é que o homem seria o aliciador e a mulher responsável pela guarda da criança em São Paulo. "Essa pessoa vê a repercussão internacional do caso, fica preocupada, faz um contato com o Fórum próximo, em Tatuapé, e partir de um interlocução com juiz e promotores, eles pedem que a criança seja apresentada lá. No caminho, acontece a abordagem", detalhou Ulisses Gabriel.
Ainda não há previsão para a chegada da criança em Santa Catarina, já que o menino está sob jurisdição do Estado de São Paulo. Quando o pequeno retornar, ficará com a avó materna.