Ir para o Conteúdo da página Ir para o Menu da página
Carregando Dados...
DEIXE AQUI SEU PALPITE PARA O JOGO DO CRICIÚMA!

"Que papelão está fazendo o secretário", diz Jucélia sobre troca de diretores

Desde a decisão do TJSC, dez professores já foram exonerados do cargo em Criciúma

Por Heitor Araujo Criciúma, SC, 09/03/2021 - 17:08
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Quer receber notícias como esta em seu Whatsapp? Clique aqui e entre para nosso grupo

A polêmica decisão que alterou a escolha dos diretores nas escolas municipais de Criciúma, aprovada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina a pedido da prefeitura, segue rendendo críticas de pais, professores e do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Criciúma e região (Siserp). Em um mês, dez diretores foram substituídos do cargo, o que gerou revolta nas comunidades, como no bairro Ana Maria, onde um abaixo assinado foi lançado e recebeu quase 2 mil assinaturas. 

A avaliação da presidente do Siserp, Jucélia Vargas, é pesada contra a atuação da secretaria de Educação na gestão das escolas municipais. Diretores afastados e pais de alunos das comunidades endossam o coro de ingerência política dentro das unidades. Jucélia afirma que não haverá adesão da comunidade aos cargos trocados. 

"Que papelão que está fazendo o secretário de Educação da cidade, que falta de conhecimento. É uma verdadeira falta de responsabilidade. Essa forma do prefeito de governar não dá certo, não adianta colocar diretor só por ser nomeado, se não tiver apoio da comunidade, não há trabalho de qualidade. Quando ele quis o voto (na reeleição), foi lá ouvir o povo. Agora na hora de ouvir, aí não vale? Está na hora do prefeito parar de ser irresponsável", disparou a sindicalista.

Jucélia cita casos em que houve apenas a exoneração da antiga diretoria, sem a nomeação de uma nova, como na Boa Vista. Quem saiu do cargo foi Clarice dos Passos Simão Fidelis. A professora afirma ter recebido uma resposta evasiva da secretaria, de que não estava cumprindo critérios técnicos. No entanto, Clarice afirma nunca ter sido notificada por quaisquer irregularidades e aguarda uma justificativa por escrito para o afastamento.

"Nunca fui chamada a atenção, assinei alguma advertência ou respondi a um PAD (Processo Administrativo Disciplinar). Ele (secretário Miri Dagostim) disse que pode ser relacionamento. Aí pode ser: quando falaram que as mães da nossa comunidade da Boa Vista não sabiam quem eram os pais dos filhos, eu defendi. Quando falaram que as crianças iam sujas, eu defendi. Quando quiseram fechar a nossa escola, lutei para que não acontecesse", desabafou a professora.

Clarice estava há oito anos como diretora na unidade escolar da Boa Vista, sendo eleita pela comunidade, durante os mais de 25 anos de atuação como professora. "Sempre fiscalizei e realizava as cobranças necessárias. Isso incomodou, pois falam que bato de frente. Hoje nossa escola está organizada, sendo referência positiva para a Comunidade. O respeito impera", defende.

Segundo o secretário Miri Dagostim, a secretaria de Educação baseia-se em critérios técnicos para a troca de diretoria: de 23 reavaliados, 13 permaneceram e dez foram trocados, um total de 43,4%, em um total de 65 diretores e diretoras do município. 

"Conjunto de dados e requisitos e não podemos elencar cada um. A diretora em um colégio é esposa do ex-vereador crítico ao governo, mas a diretora permanecerá no cargo pela competência e parte administrativa e o Ideb ser um dos melhores do município", justifica o secretário, sem, no entanto, citar os motivos para as dez trocas.

Dagostim falou em "meritocracia" que será implantada pela pasta nesta gestão e reforçou não haver justificativas políticas para as exonerações. "A equipe da secretaria de Educação faz avaliação de cada diretor, primeiramente a parte pedagógica, administrativa, relacionamento de pessoal, forma de conduzir a escola. Não tem nenhuma interferência política, é questão de gestão. Tem uma equipe de coordenadores que fazem a avaliação", concluiu.

Jucélia Vargas sustenta a interferência política da prefeitura na educação. Ela reforça que desde 1984 a diretoria das escolas era eleita de forma democrática, antes da decisão do TJSC de inconstuticionalidade no artigo 121 da Lei Orgânica Municipal. 

"O prefeito quer colocar nas escolas os capachos, pessoa que vai chegar merenda ruim e ela vai tapar sol com a peneira. Que não vai ter estrutura nas escolas e não vai fazer a crítica. Os nossos diretores, independente do governo no poder, faziam as cobranças e denunciavam se fosse necessário. Por isso o governo cria diretores. Ele prometeu muitos cargos e de repente tinha poucos na Afasc e Bairro da Juventude. São 70 novos espaços que ele vai usar na barganha", ataca Jucélia.

No bairro Ana Maria, a movimentação contra a saída da diretora Luciane Virtuoso movimentou a comunidade, inclusive os que não têm filhos no Centro de Educação Infantil Municipal Mario Pizzetti. Um abaixo assinado conta com mais de 1,7 mil assinaturas. "Não aceitamos que simplesmente o senhor prefeito ganhe uma liminar e exerça uma ditadura em nossas escolas, queremos democracia pois a nossa diretora, conhecida como Tia Lu, foi eleita por nós pais, inclusive numa votação que ocorreu em um sábado e todos estivemos aqui no nosso CEIM para fazer valer a democracia", disse Tafarel Gonçalves.

"Vamos continuar nos manifestando pois os critérios que o senhor prefeito usou para tirar ela do cargo não agradou a ninguém, dizendo que a mesma não tem critérios técnicos para está a frente do CEIM,sendo que a mesma está a frente do nosso CEIM a 11 anos desde a construção e é uma ótima diretora bem vista por todos da comunidade", apontou o pai.

Copyright © 2024.
Todos os direitos reservados ao Portal 4oito