A morte de um ciclista adolescente de 13 anos no início da noite desta terça-feira, 23, atropelado por um ônibus Amarelinho na Avenida Centenário, reacendeu uma antiga reivindicação da população : a criação de uma ciclovia na cidade. O pedido foi pautado ontem, no próprio local do acidente, por mais de 100 ciclistas que demostraram apoio à família do jovem, e nesta quarta, novamente, no Programa Adelor Lessa.
"A realidade é que, numa situação dessas, existindo uma ciclovia para ele estar andando, com certeza isso não teria acontecido. Não é justo que se precise perder uma vida que está se iniciando para que o poder público tome uma atitidue", declarou o corretor de seguros e ciclista de rua, Fabrício Zanzi.
O pedido por uma ciclovia na Avenida Centenário vem se estendendo já há anos. Um dos primeiros projetos foi elaborado ainda em 2012, mas acabou sendo arquivado na Prefeitura Municipal e deixado de lado. O debate voltou a pautar o dia-a-dia da cidade com mais intensidade no ano passado, quando um grupo de ciclistas voltaram a reivindicar uma ciclovia.
A equipe técnica da Unesc se colocou a disposição para participar da elaboração do projeto, e reuniões com representantes da Prefeitura e ciclistas foram realziadas para debate do assunto. O projeto previa, então, uma ciclovia que partisse da Unesc, pasando pela Avenida Centenário e indo em direção ao Nações Shopping. Com a chegada da pandemia, o assunto acabou ficando novamente em segundo plano, sem resoluções práticas.
"Quando falamos em ciclovia, dá a impressão de que estamos falando em uma via somente para ciclistas paramentados que praticam esportes, mas temos o seu João e a dona Maria que usam a bicicleta como locomoção ao trabalho. Como eles fazem para chegar do Pinheirinho a Próspera sem utilizar a linha do Amarelinho?", indagou João Luiz Virtuoso, um dos ciclsitas empenhados na causa.
Aumenta o número de ciclsitas em Criciúma
Por conta da pandemia de Covid-19, o transporte público urbano ficou por mais de um mês paralisado em Criciúma. Neste meio tempo, o comércio e as indústrias voltaram a funcionar e os trabalhadores tiveram de buscar novos meios para se locomoverem. A bicicleta foi uma das soluções encontradas, até mesmo por conta do distanciamento social, e enquanto os ônibus não circulavam, a faixa do Amarelinho se configurava com o ponto mais seguro para quem pedala.
"Ontem mesmo eu indo embora de bicicleta pela Avenida Centenário encontrei diversas pessoas com bicicletas. DUrante a pandemia, muitas pessoas perderam o seu emprego e deixram de andar de ônibus e encontraram na bicicleta um meio de transporte para trazer sustento para casa", ressaltou o membro da comissão da ciclovia, Felipe Martins.
Manifestação hoje
Ciclistas de toda a região se reunirão novamente nesta quarta-feira, no local do acidente na Avenida Centenário, para uma manifestação às 19h30. O ato partirá da Centenário em direção ao Nações Shopping, retornando até a Unesc e voltando ao local do acidente. "Já tem mais de 500 confirmados, todos de máscaras, vários ciclsitas de toda a região sul de Santa Catarina. Creio que dará umas mil pessoas. Vale ressaltar que não estamos em guerra com ninguém, é um carinho pela família do menino, um protesto pacífico", pontuou João Virtuozo.
O velório do jovem adolescente irá acontecer nesta quarta-feira, às 10h, no Crematório e Funerária Millenium, em Içara.