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Renato Matos descarta 'passaporte Covid': "o que funciona é o isolamento"

Pneumologista coloca em dúvida imunidade permanente de quem se livrou do vírus

Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 15/04/2020 - 14:23
Pneumologista Renato Matos (Foto: Arquivo / 4oito)
Pneumologista Renato Matos (Foto: Arquivo / 4oito)

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Com a chegada dos testes rápidos em Criciúma, ainda que não na velocidade que os hospitais e o poder público desejavam, criou-se a expectativa de conseguir definir quem poderá retornar ao trabalho normalmente e quem poderá passar por um isolamento mais acentuado. Porém, além da eficácia dos testes não terem sensibilidade comprovada, outro fator pode desmontar a tese do "passaporte Covid": não se sabe se os pacientes que contraíram e expeliram o vírus do organismo podem ou não contraí-lo novamente.

Os testes rápidos, chamados de sorológicos, apontam a presença ou não dos anticorpos no organismo. Um paciente que contraiu o vírus - em até sete dias, geralmente - tem o anticorpo IgM positivo, no qual o vírus continua no organismo. De 12 a 14 dias surge o IgG positivo, um anticorpo "mais potente", nas palavras do pneumologista Renato Matos.

Convencionou-se na sociedade o termo "passaporte Covid", que significa dizer que os pacientes que apresentam o IgG positivo e o IgM negativo, ou seja, já com o anticorpo contra o coronavírus e sem o vírus no organismo, poderiam retornar normalmente às atividades, pois estariam imunes a uma nova contaminação.

"Se fala muito no passaporte Covid. 'A partir do momento que tenho o IgG positivo, eu estou livre. Não estou mais com o risco de adquirir a doença e não passaria mais'. É algo que se discute muito que alguns trabalhadores tivessem o passaporte Covid, de que eu já posso trabalhar, não tenho risco nenhum. Isso não é assim", esclarece Renato.

De acordo com o pneumologista, o principal entrave para determinar que a pessoa com o anticorpo está disposta ao convívio social sem riscos de contaminação é a incerteza científica sobre o coronavírus.

"A regra que ainda funciona é: tem o sintoma e pode ser Covid, se isole 14 dias. O teste pode ajudar dentro de certas características clínicas. Existem diversas peculiaridades que ainda estamos aprendendo, no mundo inteiro não se sabe se com o IgG positivo eu vou estar permanentemente imune. Tuberculose, por exemplo, gera imunidade? Não. Dengue, se a pessoa já teve e faz a vacina, pode ter uma reação muito intensa. Se ela é vacinada e depois tem a dengue, a reação pode ser muito pior", exemplifica o médico.

Outro fator que dificulta determinar ou não o convívio social de alguém com IgG positivo é a acurácia ainda duvidosa dos testes rápidos, que recentemente começaram a ser testados cientificamente.

"Existe uma série de problemas metodológicos, começando pelo tipo de exame que é usado. São testes que não foram validados. Tem um médico que deu PCR positivo, vamos testar no paciente o teste sorológico. Esses testes começaram a fazer agora. A comunidade científica acha que ainda não é a hora de falar no passaporte Covid, ainda há uma margem de erro muito grande", alerta Renato.

Para o pneumologista, todos esses fatores tornam muito cedo a liberação e flexibilização do isolamento social. "O único remédio que temos contra a Covid é o oxigênio e não se compra na farmácia. Se a doença se alastra, temos que oferecer oxigênio para as pessoas e às vezes ele têm que ser oferecido sob pressão, através da ventilação mecânica. Essa é a preocupação no mundo inteiro. O maior país do mundo está quietinho, morrendo de medo desta doença", conclui. 

O país mais afetado pelo vírus no mundo é os Estados Unidos, com 616 mil casos confirmados e mais de 26 mil mortes. O país, recentemente, atravessou a compra de EPIs do Brasil e está sofrendo com a falta de ventiladores mecânicos no sistema de saúde. 

Tags: coronavírus

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