Santa Catarina é o segundo estado com maior número de feminicídios no país em 2016, com 40,9%, perdendo apenas para o Piauí que tem 57,5%, segundo 11ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Desde 2-15, para a Legislação Brasileira, quando o motivo de um homicídio é subjulgar a vítima porque ela é mulher o crime passa a ser um homicídio qualificado denominado feminicídio. Este crime envolve violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
“Infelizmente a violência contra a mulher, o feminicídio, tem aumentado cada vez mais e isso preocupa muito. Mas existem muitas questões que impedem que as mulheres tenham sua autonomia e falem sobre isso. Para nós é muito difícil ainda”, disse Maria José Morais da Costa, Diretora de Mulheres da CONTAG.
Pensando nisso, o XXVII Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul (Reaf), no âmbito do GT de Gênero, realiza hoje, em Florianópolis, o seminário "Mulheres Rurais, mulheres com direito a uma vida sem violência", com objetivo de discutir a invisibilidade destas mulheres e identificar mecanismos de enfrentamento e erradicação da violência contra mulheres rurais de países do Mercosul.
“São diversas formas de violência que acontecem diariamente com as mulheres. As mulheres rurais sofrem essa violência e as vezes nem percebem. Na maioria dos casos que a gente vê, observamos que a violência vem dentro da própria casa, de maridos e filhos”, explicou.
Para Maria José, a preocupação não deve ser só da mulher, mas dos governos e da sociedade num todo, que devem tomar as devidas medidas para evitar o feminicídio.
“A reunião acontece hoje na Capital, temos vários países participando. Durante a tarde vamos dialogar sobre esse assunto. Vamos ter relatos de vários países e aqui vamos apresentar a Marcha das Margaridas. Esse seminário é de extrema importância para os países da América Latina, mas principalmente ao Brasil que tem esses altos índices”, disse Maria José.
Confira abaixo a programação do evento:
14.00 h – Abertura
A violência no campo sob a perspectiva de gênero e da agricultura familiar
Por que estamos falando sobre isso?
Expositores: Juliana Maia, ONU Mulheres e Alberto Broch, Secretário Geral da COPROFAM (Coordenadora das Organizações de Agricultores Familiares do Mercosul)
Moderadora: Irina Storni, SPM
14.40 h - Debate
15.00 h - Experiência dos países do Mercosul
ARGENTINA: Redes comunitarias de contención - de la violencia se puede salir - empoderamiento de la mujer indígena (15')
Expositora: Lara Tapia, Ministerio Agroindustria
BRASIL: Novas estratégias de enfrentamento à violência contra as mulheres – a experiência de trabalho com os Grupos Reflexivos de homens e sua aplicação no meio rural
Expositora: Erica Canuto, Ministério Público RN
CHILE: Herramientas para abordar la violencia contra las mujeres. Experiencia de una agente en campo (15')
Expositora: Rosa Ponce, INDAP
PARAGUAI: Escuelas Agrícolas - naturalización de la violencia bajo la óptica de la juventud rural (15')
Expositoras: Miriam Allende, MAG e Florinda Silva, Secretária de Mulheres da Coprofam
URUGUAI: Rol de la ATER en las respuestas a la situación de VBG en el medio rural, hacia un protocolo para extensionistas (15')
Expositoras: Paula Florit, MGAP y Franca Bacigalupe, INC
16.30 h – Coffee-Break
16.50 h – Experiências de campo no enfrentamento à violência sob a perspectiva das mulheres rurais
Expositora: Justina Cima, Movimento das Mulheres Camponesas
17.10 h – A plataforma política da Marcha das Margaridas para o enfrentamento da violência contra as mulheres rurais
Expositora: Maria José Morais da Costa, Diretora de Mulheres da CONTAG
17.30 - Debate
18.00 h – Encerramento. Conhecendo uma unidade móvel para atendimento à mulher em situação de violência (SPM)