Sob fortíssima crise, o Criciúma viveu, em setembro de 2009, uma modalidade de protesto que poderá se repetir agora. Naquela ocasião, torcedores uniram-se e financiaram alguns outdoors pela cidade nos quais protestavam contra a gestão do então presidente Édson Cascão Búrigo. O pedido era pela renúncia, o que acabou se concretizando pouco depois, em janeiro de 2010.
Agora, a modalidade de protesto está sendo resgatada. A movimentação começou hoje. "Essa ideia já havia sido levantada no ano passado por membros do grupo de whatsapp DNA Tricolor. Naquele momento achei que não faria sentido. Hoje veio de novo, no mesmo grupo. Como desde o ano passado as coisas se repetem no clube, dessa vez decidi embarcar junto", conta o torcedor Roberto Lima, que está entre os líderes do protesto.
"Havia 15 pessoas na lista dentro do grupo. Criamos outro grupo, específico, para tratar sobre isso e engajar as pessoas", conta Roberto, que é administrador do perfil Carvoeiro Doente nas redes sociais. "Nesse momento, são mais de 150 pessoas e já estamos recebendo contribuições em dinheiro, de R$ 10, R$ 20, R$ 50, tem contribuição vindo até de Londres", detalha.
Conteúdo não definido
Roberto conta que conteúdo dos outdoors, quantidade de peças e localização delas ainda são detalhes que não foram definidos. "Faremos algo dirigido à forma de gestão do clube, nada individualizado. O outdoor é um meio de demonstrar o descontentamento da grande maioria com a atual gestão Dal Farra", aponta o torcedor.
Há dez anos
Sobre o protesto de 2009, a cidade amanheceu na segunda-feira, 14 de setembro daquele ano, com uma peça exposta na Rua Desembargador Pedro Silva, com os dizeres: "Direção humorista, transformaram o Tigre em uma piada! Renúncia já! Ass.: Comunidade do Tigre - 17 mil apaixonados".
Na noite seguinte, de 15 de setembro, houve uma reunião com eleição no Conselho Deliberativo do Criciúma, e um grupo de quinze torcedores levou faixas e um bumbo para o pátio do Majestoso, em sinal de protesto enquanto o encontro dos conselheiros se desenvolvia. Os manifestantes se organizavam via "Comunidade do Tigre" no site de relacionamentos Orkut.
Durante a reunião do Conselho, o presidente Cascão se manifestou sobre o protesto. "Não vou me eternizar aqui. Se houver projeto maior para o clube, abro mão do mandato".
O Criciúma vinha de uma sofrível participação na Série C, quase tendo sido rebaixado à Série D nacional. Naquela campanha, marcou uma goleada sofrida em casa para o Marcílio Dias por 4 a 1 em pleno Heriberto Hülse. Foi justamente na partida do returno, diante do mesmo Marcílio, que o Criciúma conseguiu, em Itajaí, o 1 a 0 que ao final das contas o fez escapar da queda à quarta divisão.
Aquela pressão antecedia em algumas semanas a participação do Tigre, também sem muito brilho, na Copa Santa Catarina, já que o calendário nacional tricolor estava esgotado desde agosto. Naquele período o clube enfrentou ainda ameaças de penhoras de patrimônio por dívidas e até a cobertura do Majestoso veio abaixo em um vendaval.
Com a renúncia de Cascão Búrigo, em janeiro de 2010, assumiu um grupo liderado pelo atual assessor da presidência, Róbson Izidro, que conduziu o clube para a posse de Antenor Angeloni, que resgatou o clube e, já naquele 2010, recolocou o Criciúma na Série B e saldou todas as dívidas do clube.