Um assunto polêmico voltou à tona em Forquilhinha. A instalação de um transbordo de lixo, na Santa Líbera, que teria sido negada pela administração municipal após pressão da comunidade, na verdade, parece estar em andamento. Segundo o presidente da Coopera, Walmir João Rampinelli, a cooperativa recebeu autorização para ligar a energia elétrica no local em que as obras seriam feitas.
"A ligação não foi feita. Nós estamos analisando o projeto, a poda de árvores que eles têm que fazer, a necessidade da construção de rede, licenciamentos... E tem aqui uma autorização do município de Forquilhinha. A declaração que autoriza a Coopera", enfatiza o presidente da cooperativa.
Por outro lado, o prefeito de Forquilhinha, José Cláudio Gonçalves, o Neguinho, afirma que a empresa responsável pela implantação do transbordo do lixo não tem alvará. "Já determinei que toda a nossa área técnica, na manhã desta quinta-feira, faça uma vistoria lá para a gente se inteirar do assunto. O entendimento dos nossos técnicos é que sem o alvará todas as obras estão irregulares. Por isso, o motivo da fiscalização", comenta.
A comunidade reage ao assunto
O advogado que representa o bairro São Roque - também afetado pelo transbordo do lixo -, Luiz Frederico, relata que os moradores souberam, na noite dessa quarta-feira (19), que a implantação estaria em andamento. "Houve uma audiência pública e uma comunicação do prefeito de que essa empresa não se instalaria na comunidade. Ontem, surgiu a notícia de que a Coopera estaria fazendo a ligação de energia", detalha.
O assunto trouxe insatisfação aos moradores. "A comunidade de São Roque fica dentro de Criciúma. A instalação dessa empresa se dará em Forquilhinha, que é extremante, fica a menos de 500 metros da igreja desse bairro. As pessoas não aceitam, não concordam, porque isso não foi discutido e analisado", acrescenta o representante.
Além disso, há uma questão ambiental que envolve o Aeroporto Diomício Freitas, alega o advogado. "Nós temos uma Lei Federal que estabelece um raio de 20 quilômetros da base do aeroporto e as empresas estão sujeitas a restrições especiais em função da fauna, já que podem proliferar aves, como os urubus. Isso traz prejuízo para toda a malha aeroviária", acrescenta Frederico.
Situação também envolve a Cooperminas
O presidente do Sindicato dos Mineiros de Criciúma, Djonatan Elias, o Pirigueti, enfatiza que a empresa está se instalando próximo à mina da Cooperaminas e que isso invializa a chegada de empreendimentos na área de mineração. O fato também traz preocupação, uma vez que os trabalhadores esperam pela compra dos títulos minerários do local para que os salários atrasados sejam pagos.
"A Cooperminas não tem um proprietário. A esperança é de que os trabalhadores recebam, seja o valor que for. Isso poderia acontecer se alguma empresa arrematasse os títulos, as reservas minerárias, e futuramente, mineirar lá", detalha. "Esse transbordo se instalando, quem é que vai recuperar aqueles rejeitos de carvão da Cooperaminas? Se alguém arrematar no leilão os títulos, fica responsável por todo o depósito de rejeitos. Tem essa preocupação também", finaliza Pirigueti.
A reportagem tentou contato com a empresa responsável pela instalação do transbordo de lixo em Forquilhinha, mas não teve sucesso. O espaço está aberto.