O assalto à tesouraria regional do Banco do Brasil de Criciúma completou nesta segunda-feira, 1º de março, três meses. A ação, ocorrida no primeiro dia de dezembro de 2020, ficou marcada na história como o maior assalto armado a um banco em Santa Catarina, e muitas informações ainda estão sendo investigadas pelas forças de segurança.
Em entrevista ao programa Adelor Lessa, o delegado titular da Delegacia de Roubos e Antissequestro da Polícia Civil, Anselmo Cruz, atualizou o andamento das investigações. O que já se sabe, até o momento, é de que o crime vinha sendo planejado há praticamente um ano, com a participação de dezenas de pessoas.
“Tínhamos nos primeiros dias já noticiado uma constatação de que os criminosos estavam há pelo menos três ou quatro meses preparando o crime. Hoje já podemos dizer que há pelo menos um ano, desde janeiro do ano passado, os autores já estavam planejando e iniciando a preparação do roubo. Nessa proporção, onde temos dezenas de criminosos que agiram nesse local, com diversos pontos diferentes que foram usados por eles”, afirmou.
A logística do crime foi trabalhada com muita antecedência por parte dos criminosos. De acordo com o delegado, os criminosos estiveram em ao menos seis cidades catarinenses, como também em municípios de outros estados como São Paulo e, também, Rio Grande do Sul, onde ocorreram algumas das prisões.
Até o momento, 16 pessoas já viraram réus e estão envolvidas em processos judiciais por conta do assalto. “A investigação tem avançado bastante, e ainda vai avançar muito mais. Já tem uma ação penal deflagrada num processo contra 16 pessoas, réus que iniciam a fase judicial de um processo, mas isso ainda com a investigação tem que ampliar a quantidade de pessoas a serem identificadas e o que fizeram cada um deles”, destacou.
Nenhum morador da região de Criciúma envolvido
Nenhuma das 16 pessoas que viraram réus no processo referente ao assalto é moradora da região de Criciúma. Segundo Anselmo, não foi identificada nenhuma pessoa residente do próprio município ou de cidades do entorno mas, no entanto, já se confirma o envolvimento de moradores catarinenses.
“Há pessoas de SC envolvidas mas, a maioria, como já dito anteriormente, são pessoas de São Paulo. Muitos integrantes de uma facção criminosa que se deslocaram efetivamente para cometer o crime. A dinâmica do crime é de que apenas alguns indivíduos participavam da preparação do roubo, e algumas poucas pessoas tinham informações totais durante a preparação e planejamento do assalto, enquanto que para cometer o roubo foram diversos outros criminosos que vieram de SP, chegaram em SC exclusivamente para aquela ação”, pontuou Anselmo.
De acordo com o delegado, o crime foi arquitetado de uma forma que nem todos os criminosos sabiam exatamente as ações que seriam deflagradas, justamente para dificultar o trabalho das autoridades policiais caso um dos bandidos fosse pego. Para o assalto, cada criminoso recebeu uma missão específica, com funções diferentes para cada um dos bandidos: desde o transporte por caminhão, a leva de carros para o estado e o roubo em si.
Montante roubado e montante recuperado
As informações são de que a quantidade de dinheiro levada durante o assalto foi de pouco mais de R$ 80 milhões. Até o momento, já se recuperaram cerca de R$ 2 milhões, os quais não são referentes ao montante que foi carregado pelos bandidos, mas sim que acabou sendo deixado para trás.
Isso porque no momento do assalto, uma grande quantidade de dinheiro acabou sendo deixada para trás: espalhadas pelas ruas, em frente ao Banco do Brasil. Alguns populares, que estavam por perto, aproveitaram o momento para recolher as quantias, as quais foram recuperadas pelas autoridades.
Investigação que tramita em sigilo
As investigações referentes ao assalto seguem tramitando em sigilo e, por isso, poucas informações concretas são divulgadas publicamente pelas autoridades policiais. Segundo Anselmo, é preciso ter cautela para que a divulgação de algumas informações não acabe atrapalhando a operação.
“Sabemos que até o momento há o envolvimento de uma facção criminosa com logística muito forte e poder financeiro, e essa investigação requer uma cautela muito grande porque, fazendo uma metáfora, estamos jogando uma canastra. Não se pode colocar ainda todas as cartas na mesa e divulgar o jogo que favorece o oponente. Quantas pessoas estão presas não dá para divulgar, porque ainda há mandados de prisão também e algumas estão sendo buscadas”, afirmou.