Revelado pelo Comerciário, jogador de seleção brasileira, tricampeão brasileiro pelo Internacional e o único jogador octacampeão do Campeonato Gaúcho, Valdomiro Vaz Franco foi o entrevistado deste fim de semana no programa Nomes & Marcas, da Rádio Som Maior. O ex-jogador falou sobre sua carreira, o que faz hoje em dia e sobre sua admiração pelo Rio Grande do Sul (RS) e por Criciúma.
O criciumense é natural do Rio Maina e conta que é uma pessoa simples e que coloca a honestidade acima de tudo. “Meu pai é mineiro e minha mãe dona de casa. Com 12 anos, eu vinha de ônibus aqui na Praça do Congresso e vendia nestas casas, em dois balaios de cesta, alface, ovos, cenoura. Eu vendia nos trens da estação torradinho e engraxava sapato”, revela.
O ex-jogador chegou inclusive a trabalhar em uma empresa de mineração. “Eu trabalhava em cima da mina, na mão de obra. Trabalhei 11 meses, aí me botaram para a rua, acho que foi minha sorte. Aí eu vim treinar um dia no Comerciário e gostaram. Eu cheguei com 16 anos e fui artilheiro do Campeonato Catarinense e depois em 1968 fomos campeões Catarinense no time principal. Joguei quatro anos, aí fui direto para o Internacional”, afirma. Ele relata que não teve um bom início pela diferença de qualidade das equipes.
O criciumense não se abalou com as críticas da imprensa gaúcha e dos torcedores colorados e continuou trabalhando até virar ídolo do clube. “Eu me preparei, adaptando aos pouquinhos e treinando. Da sequência de 1969 até 1980 foram 803 partidas, ninguém jogou mais partidas que eu e ninguém fez mais gols no Beira Rio do que eu, são 103 gols. Hoje, ninguém fez mais gols em Campeonato Brasileiro do que eu, ninguém ganhou mais títulos que eu, ninguém foi octacampeão no Inter”, destaca Franco.
Respeito pelo adversário
Apesar da história consagrada pelo Internacional, o ex-jogador diz que sempre teve uma relação muito boa com os torcedores da equipe adversária. “Em 1975, saiu em Porto Alegre qual o jogador que a torcida do Grêmio gostaria de ter na equipe e deu 90% Valdomiro, isto porque eu sempre respeitei o Grêmio como instituição. Eu cheguei lá com 20 anos e tudo que um jogador de futebol pode ganhar e um homem pode ganhar no RS eu ganhei”, evidencia.
Franco foi eleito vereador de Porto Alegre e duas vezes deputado estadual, após se aposentar. “Ganhei a medalha mais importante do RS, de Mérito Farroupilha, Cidadão de Porto Alegre, Gaúcho Honorário, então, eu sempre falo que agradeço tudo que tenho na minha vida, na carreira de jogador de futebol e como homem. Eu não agradeço só a torcida do Inter, mas o povo do RS”, salienta.
Admiração por Criciúma
Mas não é só do RS que o ex-jogador tem orgulho, ele fala da admiração por Criciúma e que contribui para levar o nome do município para todo o mundo. “Em 1972, quando eu fui convocado para a Seleção Brasileira a primeira vez, eu vim em Criciúma na Prefeitura pegar folders da cidade e levar para a Europa. Eu me orgulho por isso. Eu divulgo o Criciúma lá fora, toda viagem que vou. Quando vou dar o discurso falo da cidade de Criciúma e do clube Criciúma, que me projetou, não foi o Criciúma, foi o Comerciário, mas é o Criciúma”, frisa.
O criciumense diz que recebe convites para voltar a morar em Porto Alegre, mas afirma que não sairá mais do município. “Eu saí com 20 anos e fiquei a maior parte do tempo lá fora, mas hoje voltei para minha cidade. Fico um pouco aqui e também viajo pelo Brasil em busca de sócios para o Sport Club Internacional. Eu gosto daqui e os consulados de Santa Catarina não querem que saiu, é minha cidade, aqui criei meus filhos e eles se formaram”, enfatiza.
Franco atualmente trabalha angariando sócios para o Internacional em Santa Catarina. Ele afirma que recebeu o convite do então presidente do clube Fernando Carvalho em 2000, quando o time tinha apenas três mil sócios no Estado. “Ele ligou e pediu para fazer o trabalho nos consulados. Hoje temos 30 mil sócios em Santa Catarina pagantes, e nossa meta é chegar este ano aos 32 mil”, revela.
Carreira
A carreira do ex-jogador teve duração de aproximadamente 20 anos. Além de permanecer quatro anos no Comerciário, Franco jogou 14 anos no Internacional e dois anos no Millonarios da Colômbia. “Eu parei com 34-35 anos, agora os caras com 40 anos estão jogando, eu acho que tem que saber parar e eu soube parar. Na época tinha times que queriam me levar, mas falei parei, não quero mais e pronto”, conta.
O criciumense fala quais foram os jogos e gols mais importantes da sua carreira. “Eu sempre falo que foi Grenal, porque é uma paixão. Eu sou o cara do Inter que mais fez gol em Grenal, fiz 17 gols. Os dois gols mais importantes foram em 1978, quando fomos campeões no Estádio Olímpico, tínhamos perdido o campeonato em 1977, daí em 1978 nós recuperamos e eu fiz os dois gols”, revela.
O ex-jogador relata que é sua mulher quem cuida das suas finanças desde o tempo que jogava futebol. “Eu não cuido de nada. Ela soube aplicar e dá pra mim viver o resto da vida. Eu sempre digo que jogador tem que ganhar bem porque a carreira é curta, mas hoje está um absurdo, nós jogadores de Seleção Brasileira titular ganhávamos R$ 35 mil por mês, hoje as categorias de base do Inter ganham isso”, alega.
Franco ainda diz que é contra o modelo de gestão atual do Tigre. “Eu sempre defendo que o Criciúma não deveria ser um clube de uma pessoa, mas ser um clube da região. Se é sócio do Criciúma, vota para presidente, igual no Inter, no Flamengo, no Grêmio. O Criciúma merece isso e o torcedor merece isso”, comenta.
O criciumense revela que no aniversário do Internacional, dia 4 de abril, que é quando completará 40 anos do tricampeonato Brasileiro do clube e 50 anos do estádio Beira-Rio, será inaugurada sua estátua no estádio colorado.
Confira a entrevista completa de Valdomiro Vaz Franco no Nomes & Marcas: