Quando se fala e pensa nos debates entre candidatos – seja presidente, sejam governadores – dois pontos emergem de forma muito importante. Primeiro, como evento atrativo ao público geral. Para isso, testam-se formatos mais leves, mais dinâmicos, menos engessados para o confronto de ideias entre os candidatos. Segundo, ligado umbilicalmente ao primeiro, como tirar esses candidatos (e seu marketing) da zona de conforto que os faz preferir um debate monótono em que ninguém consegue destacar claramente do que a ousadia de sair do convencional e arriscar-se a perder (ou ganhar) o confronto.
Pensando nesses dois pontos, merece reconhecimento o esforço de inovar o debate realizado na noite de quarta-feira pelo Grupo ND e veiculado através no Youtube pelo portal Nd+. As mudanças no formato não são fáceis de implementar porque precisam do aval dos candidatos, geralmente avessos às novidades. No encontro de ontem, os organizadores deixaram o debate menos engessado ao sortear temas para debate e deixar os candidatos mais soltos para discorrerem sobre os assuntos em períodos intercalados de tempo.
No formado, mediado pela apresentadora Márcia Dutra, os candidatos esperavam sua vez de falar sentados e se dirigiam a dois púlpitos quando sorteados por ela. Ao final, foram apresentadas oito perguntas formuladas pelos jornalistas do Grupo Nd – uma para cada candidato, também por sorteio. Nesse caso, seria interessante que dois candidatos fossem chamados a responder as perguntas, pela possibilidade de confronto de ideias. Um exemplo: Jorginho Mello (Pl) foi perguntado sobre o modelo de repasse de percentuais fixos do orçamento para os poderes Judiciário, Legislativo, Ministério Público de SC e Tribunal de Contas do Estado e disse que manteria o modelo. Ficou a curiosidade sobre a posição dos demais candidatos – especialmente o governador Carlos Moisés (Republicanos) que tentou mexer no modelo e desistiu e, o promotor Ralf Zimmer (Novo), que sempre questiona o custo do Estado.
O debate do Grupo ND foi o quinto realizado entre os candidatos a governador desde a definição dos nomes pelas convenções partidárias. Em poucos momentos, os candidatos tentaram alguma ousadia, saíram dos scripts e das posições de cautela. É natural. Enquanto não estiver mais claro – inclusive para o público geral – quem briga com quem pela preferência do eleitor, o postulantes devem poupar munição. Ontem, o debate propiciou pela primeira vem um embate esperado: Partido Liberal contra Pt. Os partidos que balizam a polarização nacional com o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula ainda não tinham feito um embate claro através de seus representantes estaduais, Jorginho Mello e Décio Lima.
Pelas mãos de Márcia Dutra veio a deixa. Ela sorteou Jorginho e Décio para debater um assunto e também sorteou a cultura para ser debatida. Foi o momento em que vimos no debate a reprodução das brigas entre bolsonaristas e lulistas nas redes sociais – com argumentos semelhantes demais para o nível que se espera de um debate ao governo catarinense. Foi a primeira vez, merece o registro. Deve voltar. Ao final, Jorginho pediu votos para Jorge Seif (Partido Liberal) ao Senado e listou seus suplentes. Esqueceu de citar Bolsonaro – Esperidião Amin (Progressistas) aproveitou a deixa e pediu voto para a reeleição do presidente na última frase de seus considerações finais.
Nos próximos dias, eleitores e candidatos a governador terão uma breve folga de debates. O próximo agendado é o da Acaert, dia 23, que será transmitido pela cadeia de rádios associadas à entidade. O primeiro confronto entre os postulantes ao Senado será na segunda-feira, na Rádio Som Maior – e eu participo desse. Foram convidados todos os candidatos com representação mínima necessária no Congresso Nacional. O único que não confirmou foi o ex-governador Raimundo Colombo (Psd), que liderou as pesquisas realizadas antes do início da campanha eleitoral.
Veja a íntegra do debate: