Carlos Moisés era um ilustre desconhecido quando foi candidato governador em 2018.
Na primeira pesquisa do Ibope ele apareceu com míseros 1% das intenções de voto.
No primeiro debate dos candidatos ao Governo realizado em todo o estado, na rádio Som Maior, ele deixou boa impressão.
Calmo, seguro, propostas com inicio, meio e fim.
Mas, era ainda apenas um candidato para "cumprir tabela".
Com o tempo passando, a vinculação a Bolsonaro e a fragilidade dos adversários, foram desviando os olhares e atenções para ele.
E só a partir daí, quado as pessoas passaram a se interessar por ele, saber quem é e o que pensa, é que foi levado ao conhecimento do eleitor que Moisés é advogado, com mestrado em direito constitucional, bombeiro concursado, e coronel aposentado.
Depois, com o andar da carruagem, ficou claro que era o mesmo Carlos Moisés que havia comandado o Corpo de Bombeiros de Criciúma e Tubarão.
Em Tubarão foi comandante dos Bombeiros por 18 anos, onde casou com a professora Késia Martins da Silva, fixou residência, e teve suas duas filhas. Raíssa e Sarah.
Nasceu em Florianópolis, em agosto de 1967, mas nos seus 54 anos, viveu maior parte do seu tempo no sul do estado.
Em 2018, amigo do vereador Lucas Esmeraldino, de Tubarão, topou o desafio de ajudar na montagem do PSL no estado, linkado com o projeto presidencial de Jair Bolsonaro. Se filiou no partido e logo assumiu a tesouraria.
Depois, aceitou ser lançado candidato a governador.
Era uma luta inglória.
Ninguém ousava apostar que daria no que deu.
Carlos Moisés fez 29,72% dos votos validos no primeiro turno, ultrapassou o candidato do MDB, Mauro Mariani, e se “classificou" para disputar o segundo turno contra Gelson Merísio, que havia feito 31,12% dos votos.
No segundo turno, foi eleito governador com mais de 70% dos votos.
Recebeu todos os votos de eleitores que não optaram por Merísio no primeiro turno, e mais uma parte dos votos que foram de Merisio no primeiro turno.
Enfim, fez uma vitória histórica.
No governo, começou o mandato “fechado em copas”.
Afastado da rotina, praticamente sem relações com os poderes, e distanciado dos políticos. Inclusive do seu partido.
Falava em nova política, dando a entender que todos os outros eram da “velha política”, e que governaria sem eles.
Mudou de postura depois de dois afastamentos para processos de impeachment, os dois derrubados.
Passou a fazer política.
Não a "velha" que condenava, nem a "nova" que dizia que implantaria.
Se abriu para a política de relações republicanas, com os poderes constituídos, com as representações organizadas da sociedade, e com os políticos, especialmente deputados e prefeitos.
Para se ter uma idéia, conseguiu montar uma base de apoio na Assembleia Legislativa de fazer inveja a Luiz Henrique da Silveira. Hoje, tem praticamente 36 dos 40 votos.
Com base parlamentar, e fortalecido politicamente, tratou de colar no seu governo a marca da “realização”.
Depois de dois anos acumulando receita e colocando as contas em dias, com o caixa cheio, passou a correr o estado assinando convênios e contratos para executar projetos que já existiam nas cidades. Ou pelo menos eram defenidos, discutidos.
Via de regra, projetos que estavam "no ar" fazia anos.
Depois de tudo isso, Moisés se apresenta como candidato à reeleição.
Mais que isso. Está trabalhando para se firmar como candidato do sul de Santa Catarina. Inclusive de Criciúma.
Já existe um grupo de políticos e empresários de Criciúma trabalhando para isso.
Criciúma e região tem o prefeito Clesio Salvaro como primeira opção de candidato a governador.
Mas, ele emite sinais cada vez mais fortes que não vai deixar a prefeitura, onde tem um volume de meio bilhão de reais de investimentos em andamento.
A outra opção é o ex-deputado Jorge Boeira, que está no PP, mas pode ser candidato pelo PSB.
O senador Esperidião Amin sinalizou para a possibilidade de Boeira ser o candidato do PP, mas numa conversa reservada.
Em público, não emitiu nenhum sinal mais evidente nesta direção.
Nos bastidores do partido, 10 a cada 10 consultados apostam que Boeira será “administrado”, ou “fritado”, e não terá a candidatura, como já aconteceram com outros.
Restaria a Boeira o PSB e a possibilidade de liderar uma frente de esquerda. Um projeto em princípio mais difícil, embora não impossível. Mas, por enquanto, também apenas uma possibilidade.
Diante de tudo isso, será que Moisés, depois de se livrar de dois processos de impeachment, de se reinventar na forma de fazer política, e de transformar o seu governo de burocrata e técnico em fazedor e realizador, conseguirá se “matricular" como o candidato de Criciúma e região?