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A carta para Lula

Confira o editorial desta sexta-feira (18)

Por Adelor Lessa 18/11/2022 - 07:10 Atualizado em 18/11/2022 - 15:25

Passada a eleição, olhos no amanhã.

E preocupação com o que pode vir.

Está evidente que Lula, presidente eleito, não terá vida fácil.

Porque metade da população não queria a sua eleição e uma parte ainda está nas ruas protestando.

Além disso, as circunstâncias financeiras e econômicas do país e do governo brasileiro preocupam.

Situação é tão delicada que três respeitados líderes no ambiente econômico do país publicaram uma carta aberta ao presidente eleito com apontamentos importantes, tentando contribuir para evitar traumas e crises, na busca da necessária estabilidade.

Pedro Malan, Arminio Fraga e Edmar Bacha assinam a carta. Um ex-ministro, outro ex-presidente do Banco Central e outro ex-presidente do BNDES. 

O risco de não cumprimento do teto de gastos e o controle das contas públicas motivou a carta.

São preocupações pertinentes e procedentes. 

Lula quer licença para gastar R$ 198 bilhões acima do limite constitucional em 2023.

Bolsonaro furou teto de gastos em R$ 795 bilhões em quatro anos de governo. Então, está na média.

Mas, o problema é que não pode continuar assim.

Vai explodir!

Lula diz que precisa furar o teto para cumprir compromissos com programas sociais.

Mas, é preciso conciliar responsabilidade social com responsabilidade fiscal e teto de gastos, e ter controle das contas públicas, para não gerar inflação e não aumentar juros.

Na carta, Pedro Malan, Arminio Fraga e Edmar Bacha ponderam:

Compartilhamos das preocupações sociais e civilizatórias. O desafio é tomar providências que não criem problemas maiores do que os que queremos resolver. A responsabilidade fiscal não é um obstáculo ao anseio de responsabilidade social, para já ou o quanto antes. O teto de gastos não tira dinheiro da educação, da saúde, da cultura, para pagar juros a banqueiros. Não é uma conspiração para desmontar a área social. Uma economia depende de crédito para funcionar. O maior tomador de crédito na maioria dos países é o governo. No Brasil, o governo paga taxas de juros altíssimas porque não é percebido como um bom devedor. Seja pela via de um eventual calote direto, seja através da inflação, como ocorreu recentemente".

 

Mais adiante, a carta de Malan, Bacha e Arminio adverte:

O crédito público no Brasil está evaporando. Hora de tomar providências, sob pena de o povo outra vez tomar na cabeça. Estão evidentes sintomas da perda de confiança na moeda nacional, cuja manifestação mais extrema é a escalada da inflação. Quando o governo perde o seu crédito, a economia se arrebenta. Quando isso acontece, quem perde mais são os pobres! É preciso que se entenda que os juros, o dólar e a Bolsa são o produto das ações de todos na economia, dentro e fora do Brasil, sobretudo do próprio governo. É preciso não esquecer que dólar alto significa arrocho salarial, causado pela inflação que vem a reboque. Sabemos disso há décadas. Os sindicatos sabem disso".

Uma carta bem escrita, uma advertência na hora certa.

Preocupação que deve ser todos bem intencionados.

É preciso entender que o país de hoje, não é mesmo de 20 anos atrás, quando Lula assumiu pela primeira vez.

As circunstâncias políticas são muito diferentes, o país mudou.

Não há espaço para bravata, nem improviso.

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