O governador Carlos Moisés tem o feriadão para fazer as cirurgias necessárias para afastar-se da crise dos respiradores, cortando da própria carne e excluindo aliados envolvidos.
A primeira providência foi tomada ontem à noite, com a demissão do secretário de saúde, Helton Zeferino.
Ele esteve diretamente envolvido com o processo. Os deputados estaduais apuraram que foi ele quem deu autorização para o pagamento antecipado de R$ 33 milhões, sem a entrega do produto, prática incomum na gestão pública.
Ainda de acordo com os deputados da comissão especial da Assembléia, o secretário teria orientando a emissão da nota como se tudo já tivesse sido entregue.
Foi por isso que os deputados aprovaram na sessão da Assembléia do dia anterior, e por unanimidade, um requerimento com pedido ao Governador de afastamento imediato do secretário, pelo menos até que tudo fosse devidamente apurado.
Mesmo assim, ontem, 18h, o secretário estava ao lado do Governador Moisés, na coletiva do dia sobre o coronavírus.
Acabou sendo a "principal informação" da coletiva, porque a sua situação já era insustentável, mas ficou a impressão que ele continuava prestigiado e o Governador estava "bancando" a sua permanência.
Algumas horas depois, no entanto, o Governo anunciou a saída. Mas, porque ele pediu demissão. Não porque tenha sido exonerado. E ainda saiu elogiado.
Por nota oficial, o Governo exaltou o seu trabalho na secretaria.
Consta da nota que no seu período foi quitada a dívida o Governo com os hospitais, o que não é confirmado pelos hospitais, e foi destacada a sua atuação no combate ao coronavírus, não levando em consideração que a crise dos respiradores está inserida neste contexto.
As atenções se voltam agora para o secretário chefe da Casa Civil, Douglas Borba. A expectativa é a sua exoneração seja anunciada a qualquer momento.
Ele já quase caiu no episódio do hospital de campanha de Itajaí. Conseguiu se sustentar, mas saiu muito enfraquecido.
Enfim, o procedimento cirurgico no Governo está em curso.
O caso é grave e se o Governador não fizer tudo o que precisa ser feito, pode comprometer a sua condição de governabilidade.
Como foi dito ontem, isso não dá impeachment, mas pode fazer "sangrar" muito.
Além de tratar das saídas, o Governador precisa administrar as subsituições.
Pode aproveitar para resolver outro problema de seu Governo, que é a relação com o "ambiente externo", especialmente os outros poderes.
É a missão que está posta para o feriadão de Moisés.