Faz 10 dias, o governador Carlos Moisés conseguiu administrar bem o caso do hospital de campanha de Itajaí.
Depois que o assunto veio à público, e o Tribunal de Justica despachou duas liminares, ele mandou cancelar tudo. Anulou a liicitação e matou o assunto.
Mas, alí não teve prejuízo. O Governo não havia liberado nenhum pagamento.
Agora, no caso dos respiradores é bem diferente.
O Governo pagou "antecipado" r$ 33 milhões.
E aí está o primeiro problema grave - pagamento antecipado.
Isso não acontece na gestão pública.
Depois, pagou antecipado por equipamentos que não foram entregues, o prazo já passou, não há previsão de entrega, e os valores considerados para operação estão acima do que é praticado no mercado.
Na sua manifestação das 12h30, o Governador não explicou a antecipação e não sinaizou para uma solução do caso, sem prejuízo ao erário público.
Se limitou a anunciar providências tomadas para "investigar". Um dia depois de o assunto vir a público pelo site investigativo internacional The Intercpet.
O secretário da saúde, Helton Zeferino, sentado ao seu lado, disse que "ainda avalia" a possibilidade de suspender a empresa por seis meses de qualquer tipo de operação com o Estado. Só?
E o dinheiro ? Vai voltar?
Até agora, caiu a superintendente de gestão. Foi exonerada ontem à noite, com ato imediatamente publicado no diário oficial.
Mas, uma operação do tipo, com "antecipação" de r$ 33 milhões (antes de receber o produto da compra) pode ser feita no governo do estado sem passar pelo secretário da pasta?
Numa estrutura de poder bem estruturada, e que funcione com um mínimo de controle, jamais aconteceria.
Se o pronunciamento do Governador tinha a intenção de aplacar reações na Assembléia Legislativa e evitar a instalação de uma CPI, não deu certo.
Os deputados estaduais vão insatalar a CPI agora à tarde e o Governador vai passar por momentos delicados daqui para frente.
A melhor definição de CPI é que todo mundo sabe como começa, ninguém imagina como vai terminar.
Comandante Moisés, depois do coronavírus, e da crise econômica decorrente dele, passa a ter uma crise própria para administrar daqui para frente.
Crise política de altissimo risco.