Final de 1992, poucos dias depois de ser eleito prefeito, Eduardo Moreira foi ao médico Henrique Packter e "entregou" a missão de implantar e movimentar a fundação municipal de cultura.
Packter não era filiado a nenhum partido, não tinha militância política. Era uma autoridade estadual na oftalmologia. Nunca havia ocupado cargo publico.
Mas, Eduardo o escolheu pelas relações que construiu ao longo dos anos e por ser um homem que sempre apreciou as coisas da cultura. E ele abraçou, se dedicou e fez um grande mandato.
Foi dele a iniciativa de transformar em centro cultural o prédio do DNPM, que havia sido “cadeia" para presos políticos no golpe de 64.
Primeiro, ele “ordenou” a invasão de parte do prédio. Nos primeiros meses de mandato.
Depois, tratou da cessão oficial e formal.Para isso, empreendeu uma articulação que envolveu Jorge Bornhausen, Adhemar Ghisi e Luiz Henrique da Silveira.
Enquanto isso, com a intermediação de Fernando Carneiro, conseguiu com Jorge Zanatta o aporte financeiro para restauração.
Seguiram-se momentos de “ouro" da cultura criciumense. Grandes eventos foram realizados naquele prédio. Oficinas de arte implantadas (de musica, dança e pintura, principalmente). Concertos, saraus, exposições, teatro. Em alguns momentos, não parecia Criciúma!
Nos mandatos seguintes, o prédio ainda foi usado pela fundação de cultura. Mas, a manutenção do prédio não era feita adequadamente. E o prédio foi sendo tomado por goteiras e ruindo aos poucos.
Apelos foram muitos pela sua restauração. Os políticos falavam, falavam, prometiam, mas de prático nada foi feito. E o telhado começou a cair. O mato tomou conta.
O incêndio de ontem foi o desfecho trágico de um período em que as gestões públicas e os políticos da cidade deram de ombros para um patrimônio da historia e da cultura.