O episódio dos caminhoneiros acabou de matar o governo de Michel Temer, que estava moribundo faz tempo. A partir de agora, vai apenas seguir o calendário e cumprir tabela até fim do ano, quando encerra o mandato.
Governo sem autoridade, sem crédito e incompetente. Quase levou o país ao caos. Não conseguiu perceber o tsunami que ja estava roçando as suas costas.
Os caminhoneiros já estavam nas ruas pelo país afora e o núcleo de poder do governo não estava inteirado na situação.
O governador Eduardo Moreira, MDB, contou ontem na radio Som Maior FM que na quarta feira da semana passada, quando o movimento dos caminhoneiros já tinha dois dias, e o comitê de crise já estava formado no estado, ele teve audiência ao meio dia com o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e perguntou:
“Ministro, vocês não estão recebendo o pessoal do movimento para negociar?”
E o ministro, sem o menor sinal de preocupação, respondeu:
“Não, ainda não começamos. Acho que vou suspender minha agenda da tarde para ver isso”.
Mas, quando Padilha e Temer levantaram a cabeça, o movimento ja havia parado o país, situação quase fora de controle, com risco real de uma guerra civil, abrindo espaço até para discursos pela volta da ditadura militar.
Em resumo, o trem saiu o trilho!
Ontem à noite, o ambiente ainda era tenso, delicado, com confronto em Imbituba entre policia e caminhoneiros, e uma disposição dos envolvidos com o movimento de continuar na luta.
O que vai dar no dia hoje, ninguém sabe com segurança.
Mas, há sinalização de que hoje as coisas possam começar a ir voltando, aos poucos, lentamente, ao caminho da normalidade. Se assim for, que o saldo de tudo isso seja o fortalecimento do processo democrático e um recado forte da população que está cansada do jeito de fazer dos políticos de hoje.
Passou batido
O caminhoneiro Rodolfo Correa, um dos lideres do movimento da região, disse ontem na radio Som Maior FM que o governo federal poderia ter fechado acordo no início de tudo com redução de r$ 0,20 (20 centavos) no preço do diesel. Mas, demorou para começar a conversar. E a pedida aumentou consideravelmente.
Vai ter gasolina
Ontem à noite, o comitê de crise de Criciuma anunciou por nota que se reuniu com representantes dos caminhoneiros e acertou a liberação de veículos para entrega de carga de gás GLP, gasolina e diesel.
Para evitar a correria, o abastecimento além do necessário e garantir que tenha combustível para todo mundo, o comitê informou que foi estabelecido um limitador de 15 litros por automóvel.
Atualização: Acordo revogado.
Ponto final
Eduardo Moreira se reuniu ontem na Assembléia Legislativa com deputados, presidente do Tribunal de Justiça e chefe do Ministério Público. Ouviu apelo por maior rigor para desobstrução das estradas.
Na saída, anunciou - “agora, é a lei!”.
Na seqüência, gravou vídeo cobrando fim da greve e determinou o desbloqueio. Pelo diálogo, ou como tivesse que ser.
Ingrediente politico
O governo do estado diz nos bastidores ter identificado forte infiltração política na greve dos caminhoneiros em Santa Catarina. Tem nomes e farto material, mas só divulgará depois que tudo for resolvido, para não complicar ainda ais a situação.
Faria na mesa
O empresário criciumense Ricardo Faria chegou ontem em Brasilia e passou o dia em reuniões no Palácio do Planalto e no Congresso. É um dos empresários nacionais que estão nas mesas de negociações. À tarde, ele deu entrevista coletiva no Congresso.
Pela manhã, falou na radio Som Maior FM, com criticas duras aos lideres do movimento, condenando o apoio dado pela população e cobrando das autoridades a liberação das estradas.