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Região dos cânions ameaçada!

Confira o editorial desta quarta-feira (12)

Por Adelor Lessa 12/04/2023 - 11:40 Atualizado em 12/04/2023 - 11:49

Sou apaixonado pela região dos cânions do Extremo Sul catarinense.
Imagens como aquelas, veremos em poucos lugares no mundo.
Tanto na parte de cima, na “boca" dos cânions, quanto na parte de baixo, entre trilhas na mata e rios.

Tenho dito que todo aquele potencial, desde que valorizado, com infraestrutura implantada, e preservado, vai fomentar o desenvolvimento da região, com geração de emprego e renda.

Mas, em fevereiro estive lá e voltei preocupado.
Foi feita a privatização da gestão do local e a empresa que assumiu está cobrando quase R$ 100,00 por pessoa.
Um casal com e um filho paga quase R$ 300,00 só para entrar.
Se alugar bicicletas que tem lá dentro, e fizer um lanche, a conta oscila em torno de R$ 500,00.

Ouvi de pessoas que trabalham lá e comerciantes instalados na cidade, que o movimento despencou.
O preço salgado afugentou os visitantes.

Falei com prefeitos das cidades onde ficam os cânions, mas eles se disseram impotentes em relação ao assunto porque a privatização da gestão do lugar foi feita pelo governo federal, o contrato está assinado e, na tese, agora tem que cumprir.

Mas, ficou a preocupação no ar. E uma convicção: "isso vai dar problema, não vai dar certo".

Ontem, a Folha de São Paulo, maior jornal impresso do país, e o Uol, principal site de notícias, publicaram:
"Sob iniciativa privada, cânions no Sul perdem turistas”.
E reforçaram:
"Cânions do Sul perdem turistas com estrada de terra e ingressos custando até R$ 94”.

A notícia, publicada na Folha e no Uol, começa assim:
"Todo fim de semana, cerca de oito ônibus turísticos costumavam parar perto da padaria Dois Irmãos, em Cambará do Sul (RS), cidade de pouco mais de 6.000 habitantes que atrai um frenesi de turistas interessados nos cânions Itaimbezinho, no parque nacional Aparados da Serra, e Fortaleza, na Serra Geral. Ou melhor, atraía. Hoje, o movimento caiu de 2.000 para cerca de 300 visitantes. 
O faturamento dos negócios despencaram e, pela primeira vez em quase uma década, a padaria e os negócios do gênero na cidade passaram a fechar as portas no domingo à tarde”.

E seguem depoimentos de comerciantes e operadores do turismo na região desesperados com a situação, porque o que estava se firmando como boa fonte de renda, agora está se esvaindo.

O assunto ganhou a mídia nacional, e está correndo o país. Bateu o sino!

É preciso reagir, e logo. De imediato. 

Prefeitos, deputados, entidades do setor produtivo, e operadores do turismo, devem se movimentar. Montar uma frente ampla para tratar disso. 
É preciso alterar os termos daquela privatização.

A gestão pela iniciativa privada pode continuar, mas não fazendo o que bem entender, cobrar qualquer preço, sem considerar os reflexos na economia local e colocar em risco a consolidação do espaço como referência para o turismo, e a economia.

A região dos cânions tem tudo para fazer a virada de página na economia do extremo sul. 
Mas, para isso, tem que estar todos os envolvidos na mesma sintonia, focados na mesma direção, tudo funcionando bem, e só gerando notícia boa.
Como está hoje, é notícia ruim.

Ouça o editorial completo:

 

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