A primeira pergunta é mais fácil de responder. Ronaldo Carlessi vinha contrariado e insatisfeito no MDB faz tempo. O partido tratou mal o seu principal ativo eleitoral do vale do Araranguá.
Carlessi foi presidente da cooperativa de Turvo três vezes, foi prefeito da cidade duas vezes. Fez gestões elogiadas, caracterizadas pelo perfil técnico e a eficiência.
Como político vencedor, diferente, e empresário bem sucedido, rapidamente ganhou projeção regional. Tinha a marca da renovação.
Mas foi barrado pelo jeito antigo de fazer política.
Em 2010, Eduardo Moreira era vice-governador e encaminhou seu nome para o comando da Secretaria de Infraestrutura do Estado. Estava tudo certo. Luiz Henrique, o governador, deu ok.
Mas o deputado Manoel Mota liderou articulação contra, pressionou o governador e conseguiu inviabilizar a nomeação. Foi o primeiro problema.
Depois, Carlessi voltou a ser citado para a mesma Infraestrutura e para diretoria da Casan. Nada se confirmou.
Tudo isso foi desgastando a relação.
Em 2017, quando o deputado Vampiro assumiu a Secretaria de Infraestrutura, o convidou para ser adjunto. Ele recusou.
Antes disso, foi citado várias vezes para ser candidato a deputado. Mas não teve espaço porque o Vale era região dedicada no MDB ao deputado Mota.
Carlessi cansou. E saiu do MDB. Protocolou desfiliação na segunda-feira.
Agora, quem vai ocupar o seu espaço?
Em princípio, Tiago Zilli, que foi seu vice-prefeito e o sucedeu como prefeito de Turvo. É do MDB e empresário bem sucedido como ele. Também tem a marca da renovação.
Mas será que Tiago segue no MDB e na política?
Ontem, em Turvo, ninguém respondia essa pergunta com segurança. Nem o próprio Tiago.
A desfiliação de Carlessi é reflexo da falta de liderança e coordenação do partido na região, e pode estar abrindo um rombo no casco do navio. Outras saídas estão projetadas.
Sem pretensões
Ronaldo Carlessi diz que não tem pretensões políticas.
Ele participaria ontem cedo do programa especial que a Rádio Som Maior fez em Turvo, pelo aniversário da cidade. Mas, pela repercussão da sua decisão política, declinou do convite.
Mas a desfiliação caiu como uma bomba em Turvo e na região.
Ele passou o dia ao telefone.
O que disse
1 - Por que saiu do MDB?
Carlessi - Sai do MDB porque acredito que ja dei minha contribuição ao partido. Fui presidente da Cersul (cooperativa), prefeito de Turvo por 8 anos e tive a oportunidade de realizar importantes ações para o município. Na Cersul, fizemos a subestação que trouxe energia de qualidade para a população e permitiu instalação de indústrias.
2 - Vai para outro partido? Será candidato em 2022?
Carlessi - Por enquanto não tenho pretensões políticas.
Mais um
Outro que anunciou ontem desfiliação do MDB foi o ex-presidente da Cermoful, a cooperativa de Morro da Fumaça, Tinto Biff.
Ele protocola documentação hoje no cartório eleitoral.
Com eles, grupo de filiados e integrantes da executiva municipal.
Os outros
Em Criciúma, dois vereadores do MDB estão tratando da migração para outros partidos.
Aguardam apenas a abertura da “janela de transferência”, para não correr risco de perder mandato.
14 anos
Faz 14 anos que o sul do estado perdeu sua principal referência no radio jornalismo. João Sônego.
Profissional competente, de opinião forte.
Cidadão ousado, corajoso, à frente do seu tempo.
Ele marcou época e fez escola. O seu estilo serviu de orientação para muitos profissionais.
Faz muita falta no momento em que a cidade e a região precisam se fazer mais fortes.
A saudade é grande!
Quatro chapas
O esforço foi grande pelo entendimento, muitos políticos e empresários tentaram, mas desta vez não eu. Quatro chapas foram registradas para disputar a presidência da cooperativa de Turvo, uma das mais importantes e tradicionais do estado, e com situação financeira super saudável. Tem mais de R$ 14 milhões em caixa.
O prazo para inscrição de chapas terminou ontem, fim da tarde. Eleição será no dia 28.
Pouca conversa
O governador Carlos Moisés (PSL) recebeu os presidentes da associações de prefeitos do estado e o presidente da Fecam, Joares Ponticelli.
A reunião foi amistosa, até descontraída, como mostra o registro quando o governador se encontrou com o presidente da Amesc, Arlindo Rocha, prefeito de Maracajá. Mas sem muita conversa.
O governador entrou na sala, sentou, fez o seu pronunciamento com questões genéricas e saiu da reunião, alegando outras agendas.
Sem Casan
Clésio Salvaro, presidente da Amrec, estava na reunião, foi cumprimentado pelo governador Moisés mas nada mais que isso. Não falaram nada (de novo) sobre possibilidade de rompimento do contrato com a Casan (que parece cada dia mais provável).
O único anúncio feito pelo governador na reunião foi que não vai assinar nenhum convênio com os municípios quanto não pagar o que está assinado pelo governo passado. Criciúma tem R$ 1,8 milhão pendente.
Poderosa comissão
Como membro titular da mais importante e concorrida comissão da Câmara Federal, de Constituição e Justiça, o deputado Daniel Freitas (PSL) participou ontem da primeira sessão deliberativa extraordinária, ao lado dos deputados Kim Kataguiri, principal novidade da eleição em São Paulo, e do presidente da comissão, deputado Felipe Francischini.