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Sobre privatizar o monopólio

Editorial desta sexta-feira (29)

Por Adelor Lessa 29/07/2022 - 08:21 Atualizado em 29/07/2022 - 09:05

Petrobras vai pagar aos acionistas R$ 88 bilhões nos próximos dois meses, como distribuição de lucro. O Governo Federal, como acionista principal, vai receber R$ 32 bilhões, valor que deve ser somado a outros R$ 32 bilhões já repassados à União em 2022.

A receita da estatal foi favorecida por reajustes nos preços da gasolina e do diesel. Ou seja, pelo bolso do cidadão. 

No primeiro semestre, a Petrobras teve um lucro de R$ 100 bilhões. 

Hoje o preço da gasolina está baixando, por medidas tomadas que são temporárias, tem tempo de validade. Mas o diesel continua alto. 

E o preço do diesel contamina o mercado, e faz aumentar preços dos produtos, da comida. 

Considerando as circunstâncias de crise, e de aperto financeiro, o Governo Federal poderia, ou deveria, usar estes R$ 32 bilhões que vai receber do lucro da Petrobras para baratear ainda mais o preço da gasolina, e principalmente do diesel.

A Petrobras opera como empresa privada, tem como prioridade o melhor lucro possível, para preservar os interesses dos acionistas privados. 

Então falam na privatização da Petrobras...

Por que não privatizar?

É uma tese, polêmica, em debate no país faz tempo.

O problema é privatizar o monopólio.

Porque a Petrobras hoje tem o monopólio da sua atividade. 

 Se for privatizada, o controle acionário vai passar para grandes grupos internacionais, de compromisso zero com as circunstâncias financeiras e econômicas do país e das pessoas.

Hoje, sendo estatal, com o governo brasileiro de acionista majoritário, com o controle da empresa, tem efeito o grito das ruas. E a prova disso está aí.  

O governo brasileiro pode até usar a sua fatia do lucro para baixar o preço na bomba. 

E só o governo pode fazer isso, porque a Petrobras não tem concorrência, não tem outra opção, não tem para onde correr, é única empresa do segmento, tem monopólio.

Outras tantas estatais foram privatizadas, mas mercado aberto. Sem monopólio.

Privatizar a Petrobras com o monopólio de atividade tão importante, delicada, para tocar o país, e que mexe com a vida das pessoas, é operação de alto risco

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