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Não fui eu, foi minha ansiedade

Por Ananda Figueiredo 16/09/2017 - 14:00

"Desculpe-me pelo que a minha ansiedade me levou a fazer.

Quero que você saiba que não fui eu, foi minha ansiedade. Não sou eu, é um desequilíbrio químico em meu cérebro.

Não é quem eu sou totalmente, é apenas uma parte de mim.

A ansiedade me faz falar rapidamente, ou apenas não falar. Ela me faz ficar acordado até tarde, perambulando até as 3 da manhã enquanto minha mente ainda corre uma maratona.

A ansiedade me faz ter olheiras tão escuras que nem o mais caro dos corretivos pode combatê-las. Ela faz meus olhos queimarem enquanto eu olho para o Sol da manhã e tento me livrar da exaustão.

Ela me deixa realmente cansado.

Me desculpe pelo que minha ansiedade me levou a fazer. Você precisa saber que esse não sou eu. Não é quem eu sou ou quem eu quero ser. É a ansiedade.

A ansiedade faz com que eu vá sem parar. Ela faz com que eu vá vá e vá até acabar meu gás. Ansiedade me faz recomeçar de novo, e de novo, e de novo.

Ela me faz falar coisas que eu não deveria dizer. Ela faz com que eu espalhe segredos que não deveriam ser compartilhados. Ela me faz falar sobre a personalidade das outras pessoas pelas costas, apenas para que eu me sinta um pouco mais vivo.

A ansiedade me transforma em alguém que eu não quero ser.

A ansiedade me faz perder alguns amigos. Ela me deixa paranóico sobre ninguém me amar de verdade. Ela me faz cancelar encontros porque tenho medo. Ela faz minhas mãos tremerem por motivo algum. Ela me faz achar que estou ficando louco.

A ansiedade me faz ficar em casa quando o tempo está lindo e ensolarado. Ela me faz não encontrar meus amigos ou parentes, mesmo que eu queria encontrá-los.

Ela me faz tomar uma pílula toda manhã para combater os demônios na minha cabeça.

A ansiedade me faz pensar as piores coisas sobre mim mesmo.

A ansiedade me diz que não sou bom o bastante, que não sou forte o bastante. Ela me diz que sempre estarei sozinho e que sempre será assim. Ela me diz que meus amigos não são meus amigos de verdade e que ninguém nunca irá me amar.

Me diz que nunca superarei meus antigos relacionamentos, não importa quanto tempo passe.

A ansiedade faz com que eu me torne uma versão mais triste de mim.

Ela faz com que eu gagueje e não possa beber muito café. Ela me deixa com medo do amor. Ela me faz cancelar meus planos.

A ansiedade faz com que eu me isole de todas as pessoas que amo.

Ela me deixa cansado, ela faz com que seja tão difícil respirar quando tudo que eu quero é respirar.

A ansiedade faz com que eu esconda minhas mãos das pessoas para que elas não possam ver minhas unhas pintadas.

Ela me faz odiar a todos e a tudo. Ela me faz pensar que não há sentido algum na luz do dia, que há muito mais escuridão no mundo do que eu possa imaginar.

Então, me desculpe pelo que minha ansiedade me levou a fazer. Eu lamento pelo que minha ansiedade me diz.

Me desculpe por cancelar com você. Me desculpe pelas mensagens que mandei bêbado. Me desculpa por morder meus dedos até sangrarem. Me desculpe por tentar respirar. Me desculpe por cuspir as palavras ao invés de deixar que meu cérebro acompanhe meus pensamentos.

Me desculpe por pensar demais, me desculpe por não conseguir mudar isso. Me desculpe pelo meu cérebro. Me desculpe, mas você tem que lidar com isso.

Espero que você entenda: a culpa é da ansiedade, não minha."

Texto originalmente publicado com o título "I’m Sorry For What My Anxiety Makes Me Do" em Thought Catalog

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