Acho sempre interessante quando fatos não relacionados se encaixam de tal maneira que 2+2 vira 5.
Admito que, nesse ano, não atentei à chegada do Dia da Consciência Negra, lembrado todo dia 20 de novembro no Brasil desde 2003. Talvez em 2017 as informações sobre essa data tenha sido menos frequentes, ou menos enfáticas, ou só não passaram pelo meu “radar”.
Mesmo assim, por coincidência, assisti a um filme no fim de semana que é simbólico para a data. Coincidência porque eu tive a ideia de ver na hora, no menu, não estava na programação da tv por conta da consciência negra, o que faria sentido.
O filme é Estrelas Além do Tempo, indicado ao Oscar deste ano, que apresenta a história de Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson, três mulheres negras (dois “defeitos” nos anos 60s) que, a seu modo, galgaram cargos mais altos na NASA do que aqueles que eram os seus limites impostos.
Em plena corrida espacial contra os russos, que se mantinham sempre à frente na disputa, a agência espacial norte-americana foi obrigada a quebrar as barreiras para aproveitar o potencial dessas três profissionais, que trabalhavam como computadores, função ainda exercida por pessoas “de segunda categoria”.
Johnson, a mais protagonista das protagonistas, foi transferida do prédio onde ficava as mulheres negras para o quartel general da missão. O prédio original tinha banheiro para mulheres negras, o novo não. Eram 800m correndo para ir, mais 800m para voltar e continuar os cálculos a tempo de atender o prazo.
Como era um gênio em cálculo, superando facilmente o engenheiro responsável na solução dos problemas de trajetória, forçou o líder da equipe a quebrar as barreiras que a impediam de avançar e, por consequência, atrasavam o avanço da missão.
Esse é um pequeno pedaço da história, verídica e escondida dos livros de história que tratam da conquista dos EUA no espaço.
Assista essa reportagem do Fantástico, do começo do ano, sobre o filme.
E sobre o título? É spoiler... Vai continuar lendo?
Mesmo?
Tem certeza?
Vou avisar de novo...
!!! SPOILER ALERT !!!
Em dado momento do filme, os computadores da IBM foram instalados na NASA (avanço tecnológico incalculável na época), estavam rodando e os cálculos começaram a ser feitos pelas máquinas, milhões de vezes mais rápidas que as pessoas.
Acontece que o mesmo cálculo deu dois resultados diferentes de um dia pro outro. O astronauta, nesse caso, se recusou a decolar até que a “menina” boa de cálculos conferisse o resultado.
Ela ganhou acesso à sala de comando (aquela mesmo, onde tem a comunicação com o foguete), refez o cálculo na hora, a mão, e resolveu a questão. O cálculo dela simplesmente avançou mais casas decimais nas coordenadas que o magnífico IBM era capaz.