Nos últimos cinco anos, o Brasil viu um aumento rápido no número de pessoas investindo na Bolsa de Valores. Para se ter uma ideia, de 2019 a 2024, o número de investidores cresceu mais de 265%. Passamos de 1,4 milhões para impressionantes 5,1 milhões de CPFs que aplicam seu dinheiro em ações, fundos imobiliários, fundos de índice (ETFs) e afins.
Com tanta gente nova que entra nesse universo, surge uma preocupação: muitos desses investidores são iniciantes e não conhecem bem os riscos e armadilhas do mercado. Por isso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a “xerife” da Bolsa brasileira, não tendo poder para eliminar os riscos “normais” de mercado, como oscilação de preços e crises, tem atuado de maneira bastante efetiva no combate a práticas antitéticas que podem atrapalhar o caminho do investidor, como as informações desiguais entre grandes investidores (os "tubarões") e os menores (os "sardinhas"), ou até a falta de transparência sobre o comissionamento dos profissionais que intermediam os negócios (também chamado de “rebate”) e conflitos de interesse obscuros.
Quem trabalha pra quem?
Para ajudá-lo a entender melhor essa dinâmica, conversei com o Gerente de Estrutura de Mercado da CVM, Érico Lopes, que reforçou em diversos momentos da conversa que “é importante saber quem trabalha para a corretora, quem trabalha para o banco e quem trabalha olhando apenas para o melhor para o investidor”.
Segundo Lopes, atualmente não é mais tão difundida a ideia de que os assessores e as corretoras trabalham de graça, mas muitos clientes ainda recebem opções de investimento que parecem semelhantes, mas tendo por trás uma com “rebate” de 1% e outra de 5% ao assessor. “Não há nenhuma ilegalidade nisso, mas isso configura um conflito de interesse claro e o investidor deve ter essa informação para tomar a decisão com clareza da situação”, explica o representante da Comissão.
Confira a entrevista completa abaixo