Estou preocupado com o rumo que tá tomando a política nacional.
Não é de hoje que a polarização entre esquerda e direita, Lula e Bolsonaro, petralhas e minions e aí por diante, chegou a níveis irracionais.
Mas parece que essa paixão odiosa, ou esse ódio apaixonado, está enterrando de vez a racionalidade.
No domingo, a ex-presidente Dilma Rousseff publicou um texto em seu perfil oficial no Facebook acusando a série O Mecanismo de ser mentirosa e dissimulada.
Na publicação, Dilma afirma que José Padilha manipula os acontecimentos da Operação Lava-Jato para atacar ela e o ex-presidente Lula.
Uma das principais críticas é sobre o termo "estancar a sangria", usado na vida real em uma conversa do senador Romero Jucá com o delator Sérgio Machado, na qual Romero diz ser preciso fazer um grande acordo nacional para estancar a sangria da Lava-Jato.
Até aí, tudo bem. A Lava Jato, mesmo tendo exposto que a corrupção da política do país é geral, envolvendo basicamente todos os partidos e boa parte dos políticos, é baseada em fatos ocorridos nos governos do Partido dos Trabalhadores. Assim, acaba sendo ligada com mais força ao PT, que acusa mais o golpe.
Mas o passo seguinte é que revela o fanatismo religioso da questão. Petistas e apoiadores anunciam e dão início a campanha: Vamos cancelar nossas contas no Netflix em protesto!
Em resposta às críticas que o seriado da Netflix recebeu de parte do público, o cineasta José Padilha, criador da série, afirmou que "para quem sabe ler" é possível separar a série da realidade. Além disso, defende que a "realidade dos fatos" não é tão clara assim.
Além disso, ele disse que essa discussão é boboca.
Boboca...
Nem a minha filha, de três anos, usa a palavra boboca. Ela diz que é coisa que bebê fala...
Mas, falando em O Mecanismo, em entrevista ontem ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o juiz federal Sérgio Moro disse que assistiu a série e deu sua opinião.