O Doodle do Google homenageia, nesta sexta-feira (17), os 107 anos de nascimento da escritora Rachel de Queiroz.
Cearense de Fortaleza, Rachel ficou marcada, junto a Clarice Linspector, Cora Coralina e Cecília Meirelles, como uma das mulheres mais atuantes da literatura brasileira.
A imagem escolhida representa bem as características da sua obra, que são o cenário árido do nordeste brasileiro e a família de retirantes. O Quinze, por exemplo, que foi o primeiro romance da escritora modernista, publicado em 1930, o tema central é a seca de 1915 que assolou o nordeste do país.
A própria escritora fugiu com a família da seca no Ceará para buscar uma vida mais promissora no Rio de Janeiro.
Rachel de Queiroz ainda se consagrou com as obras Caminho das Pedras, As Três Marias e O Menino Mágico. Em 4 de agosto de 1977 foi escolhida para ser a quinta ocupante da Cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL), no lugar de Candido Motta Filho. O video do discurso dela na posse está no fim desse post.
Como hoje é aniversário dela, fui atrás de algum material sobre ela pra colocar aqui. E me deparei com uma baita entrevista feita pela Veja em 1996 e republicada em 2010, em virtude do centenário da escritora.
Eu não coloquei a entrevista toda aqui. Apenas algumas partes que achei mais interessante. Pra ler toda, clica no texto azul ali em cima.
A senhora acaba de ganhar o Prêmio Moinho Santista, no valor de 50 000 reais. O que vai fazer com todo esse dinheiro?
Vou comprar um automóvel, porque o meu está velho como o diabo.
Qual a importância de um bom agente para o escritor?
Um bom agente nos valoriza, vende os nossos livros pelo melhor preço. No meu caso, para ir para a editora Siciliano, minha agente literária, Lúcia Riff, me colocou em leilão. Fui para a editora que pagou mais. Só a luva foi de 120 000 dólares.
Como é a vida de escritora?
Se for levar essa vida a sério, é bastante chata. Mas vivo nela toda satisfeita. Não vou a conferências nem a festas literárias. Gosto mesmo é de cozinhar e de assistir a futebol e boxe. Fico até tarde da noite para assistir a uma luta do Mike Tyson.
O boxe não é um esporte muito violento?
É, mas eles são guerreiros.
A senhora leva tanto tempo para escrever um livro que dizem que tem preguiça de escrever.
Romance é como gravidez. Aquilo fica dentro de você, crescendo, incomodando, até sair. Quando falo que meus livros saem em intervalos de quinze anos, não estou fazendo charme. Esse é o meu tempo. Memorial de Maria Moura, meu último livro, é de 1992. Antes dele, tinha publicado Dora, Doralina, em 1975. Foram, portanto, dezessete anos de intervalo. Outro romance, agora, só daqui a quinze anos.