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Rachel de Queiroz e a gravidez de 15 anos

Por Arthur Lessa 17/11/2017 - 12:42

O Doodle do Google homenageia, nesta sexta-feira (17), os 107 anos de nascimento da escritora Rachel de Queiroz.

Cearense de Fortaleza, Rachel ficou marcada, junto a Clarice Linspector, Cora Coralina e Cecília Meirelles,  como uma das mulheres mais atuantes da literatura brasileira.

A imagem escolhida representa bem as características da sua obra, que são o cenário árido do nordeste brasileiro e a família de retirantes. O Quinze, por exemplo, que foi o primeiro romance da escritora modernista, publicado em 1930, o tema central é a seca de 1915 que assolou o nordeste do país. 

A própria escritora fugiu com a família da seca no Ceará para buscar uma vida mais promissora no Rio de Janeiro. 

Rachel de Queiroz ainda se consagrou com as obras Caminho das Pedras, As Três Marias e O Menino Mágico. Em 4 de agosto de 1977 foi escolhida para ser a quinta ocupante da Cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL), no lugar de Candido Motta Filho. O video do discurso dela na posse está no fim desse post.

Como hoje é aniversário dela, fui atrás de algum material sobre ela pra colocar aqui. E me deparei com uma baita entrevista feita pela Veja em 1996 e republicada em 2010, em virtude do centenário da escritora.

Eu não coloquei a entrevista toda aqui. Apenas algumas partes que achei mais interessante. Pra ler toda, clica no texto azul ali em cima.

A senhora acaba de ganhar o Prêmio Moinho Santista, no valor de 50 000 reais. O que vai fazer com todo esse dinheiro?

Vou comprar um automóvel, porque o meu está velho como o diabo.

Qual a importância de um bom agente para o escritor?

Um bom agente nos valoriza, vende os nossos livros pelo melhor preço. No meu caso, para ir para a editora Siciliano, minha agente literária, Lúcia Riff, me colocou em leilão. Fui para a editora que pagou mais. Só a luva foi de 120 000 dólares.

Como é a vida de escritora?

Se for levar essa vida a sério, é bastante chata. Mas vivo nela toda satisfeita. Não vou a conferências nem a festas literárias. Gosto mesmo é de cozinhar e de assistir a futebol e boxe. Fico até tarde da noite para assistir a uma luta do Mike Tyson.

O boxe não é um esporte muito violento?

É, mas eles são guerreiros.

A senhora leva tanto tempo para escrever um livro que dizem que tem preguiça de escrever.

Romance é como gravidez. Aquilo fica dentro de você, crescendo, incomodando, até sair. Quando falo que meus livros saem em intervalos de quinze anos, não estou fazendo charme. Esse é o meu tempo. Memorial de Maria Moura, meu último livro, é de 1992. Antes dele, tinha publicado Dora, Doralina, em 1975. Foram, portanto, dezessete anos de intervalo. Outro romance, agora, só daqui a quinze anos.

 

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