No último domingo (30) os brasileiros foram às urnas pela segunda vez em 2022 para o último capítulo das Eleições 2022. Encerra o processo eleitoral, chega a hora do processo de Transição de Governo. Ele é previsto por lei, acontece no período entre o fim das eleições e a posse, em 1º de janeiro, do Presidente da República, de governadores e de prefeitos, dependendo da eleição.
Mas não vamos focar nas eleições aqui, nem em política. Vamos focar em transição de comando, como acontece em empresas e organizações, as maiores dificuldades enfrentadas e os melhores procedimentos a serem adotados.
Para aprofundar esse assunto, chamei pra uma conversa no 60 Minutos o consultor de empresas e especialista em cultura corporativa, Igor Drudi.
Confira a conversa no vídeo abaixo:
Tipos de transição
Segundo Drudi, transições que são trabalhadas ao longo do tempo, com foco em objetivos de médio e longo prazo, tendem a ter um encaminhamento mais previsível. Já nos casos de ruptura, ao contrário, em geral surgem mudanças e transformações. Nos dois casos, uma das medidas prévias que promove uma transição melhor de comando é a criação de lideranças nas organizações, que estarão mais preparadas para a nova função, começando a liderar antes mesmo de "pegar o crachá".
Até onde o chefe deve "botar a mão"?
Uma dúvida que surge em qualquer desses casos é como o superior do setor em transição, ou seja, o chefe dos profissionais que estão trocando de lugar, deve interferir nesse processo. "A direção deve agir de maneira ativa, mas tomando cuidado pra não entrar demais, sob o risco de não deixar que o novo profissional crie sua autoridade na função", explica Drudi.
E quando a transição parece uma batata quente?
Os exemplos acima acontecem com mais frequencia quando a mudança acontece nas hierarquias médias e baixas da organização, mantendo o dono (ou acionistas) da empresa inalterado. Mas existem casos em que o negócio como um todo é vendido, por exemplo, e "muda de mãos". Isso pode acontecer de maneira amigável ou parecendo um jogo de batata quente, com o vendedor apenas entregando as chaves, virando as costas e indo embora.
Nesses casos surgem problemas simples (quase ridículos) como "qual a senha do wifi?" até "como acessar o eCAC para pagar os impostos?". Para evitar situações como essa, é importante que seja criado um protocolo detalhado de transição listando todas as informações que devem ser transmitidas da antiga para a nova gestão.
[Dica de livro]
Sobre transição confusa, existe o livro O Quinto Risco, de Michael Lewis, que apresenta como esse processo aconteceu após a eleição de Donald Trump.
>>> O Quinto Risco, de Michael Lewis (clique aqui para saber mais)
Confirmado o resultado, todas as agências federais se prepararam para receber a equipe de transição do futuro presidente. Só que ninguém apareceu no dia seguinte. Dias depois, aqueles poucos que apareceram pouco sabiam (ou se interessaram) o que era feito dentro dos gabinetes da Casa Branca e, por consequência, o que precisaria ser feito para a mudança de comando.
Michael Lewis é jornalista e escritor de vários livros de não ficção. Entre eles está A Jogada do Século, que foi base para o filme A Grande Aposta (The Big Short), que retrata os fatores que levaram à Crise do Subprime, em 2008. Outro que virou filme em Hollywood foi Moneyball, O Homem que Mudou o Jogo, estrelado por Brad Pitt.