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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Henrique Packter 12/12/2019 - 08:19 Atualizado em 13/12/2019 - 21:20

Cidade da Paz (Ierushalaim) ou Paz com Jebus (Jebushalom), como querem outros, aqui a etimologia nunca foi tão desimportante. Romanos, macabeus, egípcios, assírios, babilônios, persas, selêucidas, árabes, fatímidas, cruzados, sarracenos, mongóis, otomanos, ingleses -, todo mundo lá esteve. Maior parte deles não deixou pedra sobre pedra. Mas pedras é o que mais há, umas sobre as outras. A eterna conquistada sobreviveu, os conquistadores se perderam no pó.

Lúcio entrou na Cidade Velha pela porta de Yafo. Atenas, Roma e Jerusalém são ângulos do triangulo do Ocidente, que formaram, bem ou mal, nosso pensar, nossa miséria e nossa glória. Jerusalém é a base e em certo sentido, o fim. 
Para um ateu bem sedimentado como Lúcio, o problema religioso é assunto acadêmico. Ele não foi ao Muro lamentar por pedras, nem orar na mesquita de Omar orientado para Meca, nem ajoelhar no sepulcro do Homem que tentou salvar-nos e a Jerusalém. É o Homem diante de si mesmo, de sua cidade, de seu passado, de seus padecimentos, de sua luta obstinada.

A LIBERDADE

Pode não haver Paz absoluta na cidade, mas há liberdade. A Paz está permanentemente ameaçada e isso já é um pouco de guerra. No complicado e colorido labirinto de mercadorias árabes junto à Porta de Damasco havia um provocativo retrato de Arafat, emoldurado e iluminado. Provocação silenciosa, mas suficiente. Todo judeu sabe que Arafat já quis afogar todos os judeus no Mediterrâneo. 

Paz assim, efêmera e frágil, não vale muito. Vale a liberdade, compromisso nascido dos judeus praticamente com seu grande momento nacional, o Êxodo, a travessia do Mar Vermelho, a noite do Pessach. Noite diferente de todas as outras em que um povo com seus pães não fermentados fugiu da escravidão no Egito, preferindo a liberdade de passar fome e   sede no deserto.

Lúcio sentiu essa liberdade fisiológica caminhando pelas ruas estreitas e quase opressivas de Jerusalém. A tarde caindo, árabes passavam apressados pelas ruelas estreitas da velha cidade para alcançar as mesquitas e orar porque a prece precisa ser dita. Judeus ultra ortodoxos vindos do Mea Shearim, para a reza do Shabat, querendo dizer suas preces diante do Muro que subitamente aparece à sua frente sem ser procurado. Em cima dele a abóbada dourada da Mesquita de Omar, Cúpula da Rocha no Monte do Templo, local dos mais sagrados para o islamismo, na Cidade Velha de Jerusalém. Já homens e mulheres judeus, separados por tabiques, visitam o Muro das Lamentações, local de oração mais sagrado do judaísmo, na mesma cidade velha de Jerusalém.  Em algum ponto do céu que se estende sobre o deserto da Judeia, a primeira estrela brilha, anunciando o início do Shabat. Dos minaretes rodeando o muro, moazins lançam suas preces numa mistura de choro e imprecação. De algum lugar um sino acaba de tocar o ANGELUS, o anjo que anunciou o nascimento de Cristo. Muito barulho para uma hora de paz.
(cont)

Por Henrique Packter 10/12/2019 - 06:48 Atualizado em 10/12/2019 - 20:51

Pois minha gente da mídia digital, mais um NATAL se aproxima. Já são mais de 80 em minha vida e aproveito esta oportunidade para fazer breve pausa no relato sobre PIONEIROS MÉDICOS, agora no PORTAL 4OITO. Falava eu de NYRA TEREZINHA BÚRIGO ESCOUTO, a primeira médica em Criciúma. Peço licença para contar de uma das minhas lembranças do NATAL, data universal pertencente à HUMANIDADE.

Acho que todo o mundo sabe de meu filho LÚCIO, Filósofo-Clínico que anda por esse mundo de Deus, levando sua mensagem cujo finalidade última é propiciar nova maneira de pensar às gentes, uma nova interpretação do mundo.

LÚCIO anda por tudo. Ainda agora mesmo retornou de Monterrey, no México, onde ensinou sua arte a ianques, mexicanos, e alguns brasileiros. Já fizera o mesmo na Grécia, Espanha, Portugal, Inglaterra, França, Itália...

LÚCIO, VIAJANTE COMO TOM JOBIM

Desce com frequência no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Entrevistado, queriam saber porque não se fixava em POA, como todos os outros filósofos gaúchos. Respondeu que a culpa era de Tom Jobim.

De fato, indagado porque não se fixava logo no RJ, deixando Noviorqui para lá, Tom respondeu:

- Nova York é bom, mas é uma merda! RJ é uma merda, mas é bom!

Em Israel, Lúcio esteve duas vezes palestrando na Hebraica. Pois foi quando voltou de uma dessas duas viagens que se demorou a falar sobre a cidade Santa, Jerusalém. Não por acaso, era data próxima do NATAL. Não sou propriamente um homem religioso, mas sua narrativa sobre Jerusalém, contestada capital de Israel, causou-me impressão que ainda perdura.

Jerusalém, coberta de sol e de histórias, que nunca foi entroncamento comercial, nem local estratégico para guerras -, no tempo de Davi era uma aldeiazinha que conquistara para os judeus. Vida, paixão, morte ressurreição e glória, fizeram-na cenário para diversos dramas e gosto.

Perto dali está Tel Aviv e o mar. Mar de onde saíram barcos fenícios e os navios de Salomão que cruzaram os oceanos do mundo. Tel Aviv e Jerusalém distam uma hora de carro por estrada ladeada de campos floridos.

Não há quase sinais de antigas batalhas em Jerusalém, mas ali já rolaram esteiras de tanques. A palavra mais usada em Israel é Shalom (Paz), mas a presença de guerra é constante. Fantasma visível, olhando bem, Paz está em toda a parte.

Nunca estive em Israel ou em Jerusalém onde há túmulos e lâmpadas votivas. Todos sabem que as guerras no Oriente Médio são articuladas longe de lá, não exatamente em Gaza ou Golã, mas lugares bem mais distantes.

O automóvel, rumando para Jerusalém, sobe e de repente ela surge, em cima das colinas douradas por sol absurdamente luminoso.

Chegando, fica-se a olhar as pedras, que é o que mais há, na cidade, que para cristãos, judeus e maometanos é mais do que um aglomerado de casinholas, mas uma razão de vida que justifica a esperança e explica a fé.

Lúcio ficou comovido diante dos muros que cercam a cidade velha. Jerusalém, patrimônio de todos, é a cidade do homem, lar comum e quase imaterial de uma humanidade ainda dividida por não ter aprendido a lição de humildade e obstinação daquelas pedras.

Jerusalém é uma cidade velha. Já era antiga quando os judeus começaram a sair do Egito, mais de 1.500 anos atrás. Na época dos juízes, em cima daqueles morros, vivia Jebus, uma espécie de rei de pequena tribo. Capital política e militar do reino, Davi vem muitos e muitos anos depois e conquistou-a para si e para seu povo. Foi buscar a Arca da Aliança em Samaria quando percebeu que seu reino era mais que cidadãos e armas.

Por Henrique Packter 05/12/2019 - 13:12 Atualizado em 05/12/2019 - 13:19

Nyra pensou em cursar Filosofia antes de decidir-se por Medicina.

No Hospital São João Batista (HSJB) de Criciúma, NYRA desenvolveu sua Gineco-Obstetrícia, excetuando os dois últimos anos de vida, encerrados em 2000, quando vinculou-se ao HSJ. A princípio tinha consultório no próprio no HSJB, residindo em apartamento alugado ao empresário Jorge Zanatta, frente à COMASA. Valdir da Silva, consagrado cavaquinho do Grupo da Seresta, era funcionário encarregado por Jorge para fornecer a Nyra recibos de importâncias pagas pelo aluguel do imóvel,

O HSJB, fundado em 1963 pelos médicos Lourenço Cianci Filho (criador do HSC), e Olavo de Assis Sartori, foi depois vendido a Santos Guglielmi, que já adquirira o HSC. O HSJB rompeu convênio com o SUS.

Lourenço Cianci Filho, SP, 10.3.1929, formado pela FMUFPR (1954), vem a Criciúma (1957), atender no SAMDU. Especializa-se em Radiologia (SP, 1960). Em 1961, apoiado financeiramente pelo empresário João Soratto, constrói o HSJB, inaugurado em 13.5.1962. No final de 1962 transferiu residência para Joinville dedicando-se à radiologia no Hospital Municipal São José, Clínica Dr. Pedro Lobo e Hospital Dona Helena. Em 1971 (RJ), Lourenço especializa-se também em Pediatria. Sócio Jubilado da Associação Catarinense de Medicina (1982), morre a 17.7.1992, Joinville, 63 anos.

Sartori (Ubá, MG, 11.6.1916), graduado na Faculdade Nacional de Medicina (RJ, 1938), radica-se em Criciúma a 3.7.1943, trabalhando exclusivamente no HSJ. Faleceu entre nós a 19.6.1989.

A Unimed de Criciúma assumiu em 11.9.2019 o HSJB, da família Guglielme, assinando contrato de arrendamento por 20 anos, com opção de compra. A marca Hospital São João Batista será preservada, assim como o atendimento prestado a todos os usuários de planos de saúde e clientes particulares.

Dia 12.9.2019, 10h, o presidente da Unimed, Leandro Avany Nunes, concedeu entrevista coletiva para detalhar a nova gestão do hospital. A Unimed tem agora dois hospitais em Criciúma: Hospital Unimed e HSJB.

Família Froelich–Búrigo

Erika, Karin Marlise e Odilon Érico Froelich Filho, são filhos de Odilon pai e de Nyra.

Odilon Filho é médico em Cascavel, PR.

Karin Froelich Rua Carlos Heinze, 381- Santa Rosa, RS CEP: 98900-000 é empresária (Individual) desde 24.04.2003. Atividade: Comércio Varejista De Artigos Do Vestuário e Acessórios.

Erika Froelich, filha mais velha de NYRA foi colega de minha filha no Marista de Criciúma. Erica Froelich é hoje estabelecimento de saúde tipo Consultório, que executa serviços de saúde em Curitiba. Marcar consultas, agendamento médico ou exames, emissão de guias ou questões comerciais: Rua Tenente Francisco Ferreira de Souza, 1490 - Hauer, Curitiba. CEP: 81630-01. Trata-se de Consultório especializado em atendimento presencial Básico de Saúde.

Histórias de Nyra

Nyra contava histórias relativas à sua atividade profissional. Havia aquela do pai de primeira viagem e que optara por não ser pai, de início apoiado nesse propósito pela cara-metade. Cedo desistem da decisão comum e passam a planejar vinda de herdeiro ou herdeira. Na época ainda não se determinava o sexo dos nascituros. Ela engravida, chega o dia do parto. O pai, ansioso, indaga a cada instante:

- É menino?

Nyra aparece, cigarro na mão:

- Bem, o do meio é... 3.251

CONTINUA PRÓXIMA SEMANA, TERÇA-FEIRA

Por Henrique Packter 03/12/2019 - 06:03 Atualizado em 03/12/2019 - 06:27

Dentro de poucos anos terei morrido; mais alguns anos e terão morrido todas as pessoas que me conheceram. Mais um pouco de tempo e será como se eu nunca tivesse existido.

ADELOR LESSA compartilha deste pensar. Daí e-mail de 24.8.2015, um convite para escrever, aos sábados, sobre PIONEIROS MÉDICOS de nossa região no A TRIBUNA, sucessora da TRIBUNA CRICIUMENSE. Também acenava com pequena participação no seu exitoso e já tradicional programa das manhãs, com término às 9 horas e que leva seu nome, na RÁDIO SOM MAIOR, sendo minha participação limitada ao último segmento do programa. Aceitei, arregacei imaginárias mangas ergonômicas e procurei corresponder da melhor maneira ao compromisso voluntariamente assumido.

Passados quatro anos, alguns meses e poucos dias, nesta quinta-feira, 21.11.2019, nova direção jornalística encerrou a publicação do artigo. Mas, já no dia seguinte, 22 de novembro, ADELOR LESSA convidou-me para continuar o trabalho de cultuar nossos PIONEIROS MÉDICOS, manter minha labuta formiguinha, não deixar velhos nomes hipocráticos sul catarinenses   caírem na vala comum do esquecimento, destino a que estavam sendo relegados.

Nesta nova plataforma, tratarei do drama da solidão individual e coletiva de doentes marginalizados, dos desencontros, das angústias e insatisfações. Tratarei da vida pequena e pobre, vazia de sentido; da mineralização da sensibilidade, do amesquinhamento e até petrificação das relações humanas.   
       
RESSURREIÇÃO, de Walt Whitman
       
Em vão pregaram-me cravos nas mãos.
Relembro a crucificação e a coroação sangrenta.
Relembro os escárnios e os insultos brutais
O sepulcro e o linho branco libertaram-me
Estou vivo em Nova York e San Francisco,
Nem todas as tradições vão vitalizar as igrejas
Elas não são vivas, são só argamassa e tijolo frios,
Eu posso construir uma igual, e tu também:
Volto a trilhar as ruas dois mil anos depois.
                 
 
O NOVO PASSADO   

A brusca interrupção do relato da vida de nossa primeira médica em Criciúma, a gineco-obstetra NYRA TEREZINHA BÚRIGO ESCOUTO (NYRA TEREZINHA BÚRIGO FROELICH), merece conclusão mais digna. Por esta razão, faço pequeno resumo da parte já publicada, em respeito a esta pessoa tão sofrida e tão estimada. 

ALGUNS DADOS IMPRESCINDÍVEIS

DIZELDA CORAL BENEDET, conforme já informei, era pessoa muito ligada ao casal Nyra-Odilon. Conforme dados por ela coletados, ficamos sabedores da graduação do casal no Curso de Medicina pela Universidade Católica do Paraná, em 1968.

Apenas um ano antes, em 1967, o prefeito Ruy Hülse de Criciúma, transferiu a Câmara de Vereadores para sala da Galeria Benjamim Bristot. Somente em 1986 a edilidade passaria a ocupar andar do Centro Profissional, onde até hoje se encontra.

Uma semana após a formatura, novembro de 1968, Nyra e Odilon casam-se. Como se sabe, 1968 foi o ano que não terminou.

Em seguida vão para residência médica no RJ, onde ingressam em 31.12.1969, NYRA no Hospital Moncorvo Filho, de Ginecologia e Obstetrícia. ODILON faria cirurgia geral, tudo isso, naturalmente, após aprovação em concurso público. 

CONTINUA NA PRÓXIMA QUINTA-FEIRA (5)

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