Estamos em pleno período eleitoral municipal. Período mais que importante também destinado a rememorar vultos e fatos políticos do passado.Tivemos nós de tudo: desde exemplos de paciência bíblica até paradigmas de portadores de Transtorno Explosivo Intermitente ou heróis do Pavio Curto ou grandes campeões da Síndrome do Transtorno Explosivo Intermitente, característica da pessoa que se irrita com facilidade; qualidade de quem se enfurece ou se enraivece sem mais aquela.
Pavio curto é sinônimo de pessoa agressiva, personagem irritadiço, genioso, irascível, colérico.
Nem sempre médico disputando cargo político estará disposto a tolerar os chatos que marcam consulta para derramar num estranho as queixas que seus amigos e familiares não têm mais paciência para ouvir.
ASSASSINATOS COMO RESULTADO DE UNIVERSO DE IMPACIENTES
Com o crescimento do time que representa a gente pouco paciente, cresce o número de assassinatos no Brasil, hoje em torno de 41 mil anuais. Acredita-se que este aumento deva-se, em grande parte, à guerra de facções fomentada por usuários de drogas, mas também àquelas pessoas com diminuta reserva de calma. Há quem busque no autoexílio solução para um temperamento de impaciência.
Dados recentes do Itamaraty dão conta que perto de 4,5 milhões de brasileiros estão lá fora, isto que somente no primeiro trimestre de 2022, 10 mil brasileiros correram a buscar refúgio no exterior.
O abismo se aprofunda após bebermos da cultura do medo, com a corrupção campeando, uma certa leniência com certos bandidos, a inoperância de muitos institutos, os presídios lotados, a glamourização das drogas, a desimportância à educação e parte da imprensa, felizmente nem toda, atrelada aos seus ganhos, esquecida dos grandes problemas pátrios.
A VACÂNCIA TEMPORÁRIA DO PODER
Não faz muito tempo, o governador em exercício do RS, não se demorava longe do estado porque não tinha vice. O próximo na linha de sucessão sendo o presidente da Assembleia e candidato à reeleição, como deputado. Na ausência do governador o Executivo ficava nas mãos da desembargadora Iris Helena Nogueira, presidente do Tribunal de Justiça.
VACÂNCIA DO PODER EM SC
Em SC já aconteceu fato similar. Sendo governador Espiridião Amin e vice Henrique Córdoba, viajaram ambos ao exterior. O Executivo deveria, pela ordem sucessória caber a Epitácio Bittencourt, presidente da Assembleia, que, mais que depressa, também viajou para não ficar inelegível. Assume, então, Francisco May Filho, presidente do Tribunal de Justiça, por pouco menos de 1 semana. May Filho foi Juiz de Direito por muitos anos em Criciúma e era personagem notório, conhecidíssimo pelo seu amor estremecido às Leis e por detestar qualquer forma de corrupção. Era homem valente e, não raras vezes, desafiava transgressores da Legislação para desforço físico, especialmente quando se tratava de esbulho imediato.
O GOVERNADOR VAI AO BANCO
Sexta-feira à tarde, num mundo ainda sem cartões de crédito, vê-se May Filho sem qualquer numerário nos bolsos e resolve sair do Palácio Cruz e Souza, atravessar a praça XV e recorrer ao Banco do Brasil, exatamente em frente e ter alguma pecúnia para o fim de semana.
Imediatamente o chefe da Casa Militar do governo do Estado posta-se atrás do governador ad hoc advertindo-o que ele não pode sair sem escolta ou sem guarda pessoal. Francisco May Filho não era pessoa muito fácil. Olha o militar de cima abaixo e diz:
- Se você me seguir, um passo que seja, considere-se demitido! Sabe lá o que é aguentar a gozação dos manezinhos nos meses que virão?
EPITÁCIO BITTENCOURT
Deputado federal e estadual por SC, nasceu em Imaruí (SC) em 30.11.1928, filho de Pedro Bittencourt e de Margarida Matos. Em Florianópolis forma-se técnico em contabilidade pela Academia de Comércio de SC. Foi professor primário em Imaruí e tesoureiro dos Correios na capital catarinense. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Florianópolis. Iniciou sua trajetória política em 1951, vereador de Imaruí pela legenda do Partido Social Democrático (PSD). Foi presidente da Câmara Municipal, função que exerceu até dezembro de 1954. Na qualidade de presidente da Câmara, esteve à frente da prefeitura de março de 1951 a dezembro de 1954, em virtude de licença do prefeito Pedro Manuel Albino para tratamento de saúde.
Deputado estadual pelo PSD (1954), iniciou seu mandato em 1955, reelegendo-se em 1958 e 1962 na mesma legenda. Com a extinção do pluripartidarismo e a instalação do bipartidarismo (Ato Institucional nº 2 – 27.10.1965), filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime militar instaurado no país em abril de 1964. Nessa legenda foi reeleito para mais quatro mandatos consecutivos.
Durante esse período, foi líder da Arena na Assembleia Legislativa de SC entre 1972 e 1973; ocupou, por alguns meses, o cargo de secretário estadual de Justiça em 1974 e foi terceiro-secretário da Assembleia em 1975 e 1976. Findo o bipartidarismo e a consequente reorganização do quadro partidário em novembro de 1979, ingressou no Partido Democrático Social (PDS), agremiação de apoio ao governo que reuniu a maioria dos antigos arenistas. Nessa legislatura, entre 1980 e 1981 foi líder do partido na Assembleia e também presidente da casa. Entre 10 e 27.01.1982, quando presidia a Assembleia, exerceu interinamente o governo de SC, no impedimento do governador em exercício Henrique Córdova (1982-1983).
Em novembro de 1982 foi eleito deputado federal pelo PDS, empossado em 1º.02.1983. Ausentou-se da sessão da Câmara em 25.04.1984, quando foi votada a emenda Dante de Oliveira, que propunha o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro daquele ano. A emenda não obteve número de votos indispensáveis à sua aprovação, faltando 22 para que o projeto pudesse ser encaminhado à apreciação pelo Senado. No Colégio Eleitoral, reunido em 15.01.1985, Epitácio Bittencourt votou no candidato do regime militar, Paulo Maluf, derrotado pelo oposicionista Tancredo Neves, eleito novo presidente da República pela Aliança Democrática, união do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal. Adoecendo, Tancredo não chegou a ser empossa do na presidência, falecendo em 21.04.1985. Seu substituto, o vice José Sarney, já vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.
Nomeado para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) de SC, Epitácio Bittencourt cedeu a Francisco Bastos sua vaga na Câmara dos Deputados em junho de 1986. Vice-presidente do TCE catarinense em 1988 e presidente entre janeiro de 1991 e janeiro de 1993.
Faleceu em Florianópolis no dia 10.07.1995. Era casado com Helena Prada Bittencourt, com quem teve quatro filhos. Um deles, Pedro Bittencourt Neto, também seguiu a carreira política, exercendo mandato de deputado estadual entre 1983 e 1999, ano em que foi eleito deputado federal.
FRANCISCO MAY FILHO, O CHICO MAY
Nasceu em 18.06.1924 em Lages/SC. Advogado pela Faculdade de Direito de Santa Catarina em 1951, ingressou na magistratura e atuou como Juiz Substituto na comarca de Chapecó/SC. Posteriormente, foi Juiz nas comarcas de Joaçaba, Concórdia, Curitibanos, Criciúma e Florianópolis.
Em 1971, recebeu nomeação para o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), sendo Presidente do Tribunal no biênio 1982-1984.
Na condição de Presidente do TJSC, governou interinamente o Estado catarinense por alguns dias no ano de 1982, ausente o titular, Henrique Córdova, que se encontrava em viagem ao exterior.
Entre 1979 e 1982, presidiu o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC).
Faleceu em 15.04.2018, em Florianópolis/SC, aos 94 anos de idade.