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Liderança tóxica, existe?

Por Letícia Zanini 06/02/2020 - 14:33 Atualizado em 06/02/2020 - 14:34

A resposta é sim! Em 2014, o antropólogo David Matsuda publicou estudos que explicam os contextos e causas em que soldados americanos cometiam suicídios, já que associamos este evento à doenças psiquiátricas como depressão, por exemplo. Porém, Matsuda analisou o contexto dos soldados e, em quase cem por cento dos casos, todos os soldados que cometiam suicídio tinham um líder que atormentava suas vidas, um exemplo extremo de liderança tóxica, conceito literário que designa todo o líder que é capaz de gerar uma toxina que cause qualquer tipo de dor, sendo ela física ou psicológica. A liderança tóxica também pode ser caracterizada por comportamentos destrutivos, que possam diminuir a motivação e a autoestima dos liderados. 

Muitas pessoas ainda acreditam que os colaboradores pedem demissão por causa exclusivamente de baixos salários, falta de benefícios, falta de treinamentos, porém, as pesquisa mostram que estes motivos são importantes  mas que a causa mais representativa na hora de deixar um emprego são as pessoas. Isso mesmo, pessoas se demitem de pessoas!

Segundo um estudo da consultoria BambooHR, 44% dos pesquisados alegam ter pedido demissão por causa do “chefe tóxico”, que lhes tirou a motivação de trabalho por uma série de razões. A maior causa, mencionada por 20% dos entrevistados, é o chefe roubar o crédito pelo trabalho feito pelo subordinado, sem reconhecer seu valor e 63% condenam esse tipo de comportamento.

É claro que estas não são as únicas razões. Um artigo publicado na Psychology Today com o título “Urgent Tips for Companies Dealing With a Toxic Boss” (Dicas urgentes para empresas que lidam com um chefe tóxico), aponta que um local de trabalho tóxico apresenta sinais como abuso verbal, os colaboradores sofrem ameaças, formas de pensar diferentes ou discordâncias não são aceitas. Nestes espaços o processo de comunicação geralmente é pobre e falho, não gerando um ambiente onde as pessoas se sintam à vontade para se expressar de maneira espontânea. Cargas horárias abusivas, maus tratos, falta de reconhecimento, também são sinais de empresas que tem lideranças toxicas. O artigo reforça um aspecto importante, “o mau comportamento de um chefe não apenas causa transtornos e várias respostas negativas, mas também pode impactar negativamente na cultura organizacional e modelar o comportamento abusivo de um departamento ou da empresa como um todo.” O comportamento do líder pode impactar na cultura organizacional. Até mesmo porque  na falta de bons modelos comportamentais a probalidade é que se repitam os padrões existentes, neste caso, os tóxicos.

A boa notícia diante de todo caos relatado até o momento é que nem toda a liderança é contagiosa. Ela pode e deve ser contagiante – assim se espera. Para isso, é preciso que haja medidas específicas para mensurar os perfis comportamentais e até mesmo padrões culturais de uma empresa e, posteriormente, decidir qual programa pode ser utilizado com o objetivo de desenvolver as lideranças para auxiliá-las no desenvolvimento de seus gap’s, independentemente do nível de liderança em que o profissional esteja. 

Estar disposto à transformação é o primeiro passo de uma jornada que pode tornar um líder contagiante. E, nessa jornada, consciência e autoconhecimento são aspectos inegociáveis.

Por isso, comece olhando para si: você é um líder contagiante ou contagioso? Pense nisso!

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