Na história da humanidade existem relatos de grandes momentos, tanto de vitórias quanto de caos, crises, pandemias, algumas presenciadas por muitos de nós e, outras apenas estudamos historicamente, como no final da primeira Guerra Mundial, em 1918, uma pandemia do vírus influenza se espalhou por quase todo o mundo com o número de mortos que ficou entre 20 e 100 milhões de pessoas. A peste negra, entre 1347 e 1351, que matou cerca de 50 milhões de pessoas na Europa e na Ásia, uma das calamidades mais devastadoras.
A guerra mais devastadora da humanidade foi, sem dúvida, a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, com o uso de armas nucleares que deixaram mais de 70 milhões de mortos. Em 1986, um reator da central nuclear de Chernobyl explodiu e liberou uma imensa nuvem radioativa, contaminando pessoas, animais e o meio ambiente de uma vasta extensão da Europa. Nos tempos atuais, acidentes aéreos, terremotos, boate Kiss, Brumadinho e tantas outras catástrofes, agora, a do momento: COVD-19. Mas o que todas têm em comum? A vulnerabilidade humana.
A vulnerabilidade é a característica de quem ou do que é vulnerável, ou seja, frágil, delicado. Segundo Brené Brown, especialista no tema, vulnerabilidade não é fraqueza, é coragem, na verdade, representa aquelas pessoas que não têm medo de se demonstrarem vulneráveis. Quando você se mostra imperfeito para o mundo, você se torna alguém forte. Até porque é muito mais complexo mostrar imperfeição do que a todo momento demonstrar-se perfeito.
E então, assumindo nossas imperfeições, entendo que não foi o Corona, foi nossa incapacidade de assumir que não estamos no controle de tudo e curvar-se diante disso. Não foi o Corona, foi nossa vida no piloto automático que nos faz repetir todos os dias um padrão, considerando apenas um cenário. Não foi o Corona, foi nossa incapacidade de pensar estrategicamente e sistemicamente, por isso a primeira reação é de desespero, já que tudo saiu do “script”, o medo e uma sensação súbita de que tudo vai terminar nos invade nos tornando quase que irracionais. Passamos a acreditar na escassez de saúde, empregos, dinheiro, vida social, e claro, isso domina nossa capacidade cognitiva.
Mas o que aprendemos diante de tudo isso é o que de fato importa. E o que podemos aprender com essa situação?
Na minha visão, para situações complexas, precisamos de soluções coletivas, novas formas de pensar e agir. Mais do que nunca, estamos sendo convidados a usar habilidades sociais das quais raramente fazemos uso, como empatia por exemplo, por isso muitos não sabem por onde começam. Que o desespero nos deixa burros, pois começamos a agir apenas com emoções que não nos deixam entender o que de fato é preciso fazer, e então replicamos informações errôneas, acreditamos em todos textos e vídeos recebidos, tomamos decisões precipitadas, brigamos politicamente e o problema, ah...esse continua. Necessitamos aprender a focar na solução e não em investirmos energia no convencimento quase que infantil de nossas próprias percepções. Precisamos nos conhecer o suficiente para não pescar iscas do nosso próprio ego. Apreciarmos estar com quem realmente importa, dar valor a momentos que não são precificáveis. Aprender com o silêncio, valorizar nosso labor e acreditar em nossos potenciais.
Não foi o vírus que agora se representa com a identidade COVID-19, nem há alguns anos como H1N1, assim como tantos outros desastres e tragédias mas sim, nossos comportamentos. Vivemos uma pandemia moral, de valores e carência de reflexão. Para isso, só há um remédio, aliás, dois: consciência e intenção. Clareza, que é proporcional ao conhecimento, para se ter noção de qual é nosso papel como ser humano, cidadão e intenção, vontade para fazer diferente e a diferença. Não foi o corona, Fomos e somos nós!