A Fórmula 1 é um dos poucos esportes que nos dá a chance de vermos a história sendo escrita a cada fim de semana. Afinal, tudo ali dentro é histórico. Cada vitória, pódio, título, equipe e piloto que já largaram dentro da categoria, de alguma forma ou de outra, ficam marcados para sempre. A exemplo de Max Verstappen, que há pouco tempo atrás era apenas um garoto buscando seu lugar ao sol, e hoje, um campeão mundial na categoria.
Lembro muito bem da primeira vez em que assisti Sebastian Vettel fazer história. O ano era 2008. Um jovem alemão de sorriso fácil e estilo agressivo de pilotagem, corria por uma pequena equipe italiana. O jeito brincalhão parecia fazer dele mais um italiano dentro antiga equipe Toro Rosso. Foi então que no GP de Monza daquele ano, Vettel de forma heroica conquistou a primeira vitória de sua carreira, como também a primeira vitória da equipe, correndo em casa.
Parecia que o jovem piloto tinha gosto por feitos históricos. E de fato, ele tinha. Logo em seguida já correndo pela Red Bull, Vettel conquistou os títulos mundiais de 2010, 2011, 2012 e 2013. Quebrando os recordes de único tetracampeão consecutivo, o mais jovem campeão mundial da história, o maior número de pole positions em apenas uma temporada, e por fim, o maior número de vitórias consecutivas, 9 vitórias em sequência.
A vida levou o piloto para tentar outro feito histórico na Ferrari. Ser campeão mundial pela equipe italiana, assim como o seu ídolo, Michael Schumacher. A vida não quis que Vettel alcançasse mais essa proeza. Talvez ele mesmo precisasse aprender mais com a derrota, uma vez que o mundo havia caído aos seus pés em apenas quatro anos, tornando o pódio uma rotina, e não mais uma glória, visto que foram 53 vitórias e 122 pódios na carreira.
Os anos de Ferrari foram cruéis. Colocaram o talento de um tetracampeão mundial sob suspeita. Duvidaram de seu potencial e em certos momentos até desrespeitaram a história de uma lenda viva da categoria. Porém, assim como as vitórias não são eternas, as derrotas também não. Vettel recebeu mais uma oportunidade de correr pela recém criada equipe Aston Martin.
Os novos títulos não vieram, mas sim a sabedoria de saber que talvez, a sua história merecesse um ponto final. Na manhã de hoje (28), o piloto anunciou que irá se aposentar no final desta temporada. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, o alemão disse que apesar de amar a Fórmula 1, ela não é mais o centro de sua vida. E no momento, a vida fora das pistas, ao lado de sua esposa e três filhos, é mais importante do que a vida dentro do cockpit.
Vettel anunciou que é hora de desacelerar. Viver a vida em uma outra velocidade, e de agora em diante, cada corrida será uma despedida da categoria. Da glória das pistas, ao bom humor e irreverência, Vettel abandona a carreira para cravar de vez o nome como um dos maiores pilotos que já pisaram na Fórmula 1.