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25% do preço da gasolina é ICMS

O distribuidor e o revendedor do combustível ficam com 12% a 13% do que o cliente paga. Esses números pautaram o debate do Agora na Som Maior

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 24/09/2020 - 15:55 Atualizado em 24/09/2020 - 15:59
Donos de postos participaram do Agora nesta quinta, na Som Maior / Fotos: Luana Mazzuchello / 4oito
Donos de postos participaram do Agora nesta quinta, na Som Maior / Fotos: Luana Mazzuchello / 4oito

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O litro da gasolina tem uma variação aproximada de 10 centavos entre a mais barata e a mais cara entre os 50 postos de Criciúma. Foi o que apontaram dois representantes do setor de combustíveis que participaram do programa Agora desta quinta-feira, 24, na Rádio Som Maior. "Nossa margem bruta de lucro não passa de 10 a 11%", conta o empresário Beto Benedet, que tem postos na Próspera e no Pinheirinho. "Reconhecemos que a gasolina está cara. Se a gasolina custasse R$ 3, R$ 2, seria muito melhor para nós. Quando baixa o preço, aumenta o consumo", comenta o empresário Tiago Giordani, que administra um posto na Próspera.

O litro da gasolina custou um valor próximo ao atual até o começo do ano. Depois, baixou dos R$ 4 mas voltou ao patamar atual recentemente. Um dos fatores foi a pandemia de Covid-19. "A cadeia de preços do combustível, que grande parte da população não conhece, tem a Petrobrás com o refino respondendo por 30% do valor do combustível", explica Benedet. "Temos de 16% a 18% de Pis e Cofins, o ICMS de 25% a 30%, em Santa Catarina é 25%, no Rio Grande do Sul é 29%. Temos mais 17% a 19% de álcool anidro, que também pesa no preço, e é misturado na gasolina, e de 12% a 13% ficam com a companhia distribuidora e o posto revendedor", enumera o empresário.

Levando em conta o preço referência do dia da gasolina, de R$ 4,27 para o litro, 12% a 13% deste valor são divididos entre os que distribuem (Petrobrás, Ipiranga e outros) e os que vendem (os postos, que em Criciúma são cerca de 50). "Ontem teve um reajuste de 4% na Petrobrás, para nós chegou mais que isso. O nosso caminhão carregou 1h30min da manhã e já veio com preço novo", revela Benedet. "Só de ICMS pagamos em torno de R$ 1,10 por litro de gasolina, o ICMS é o imposto mais elevado e é cobrado pelo Governo do Estado", refere.

Beto Benedet mantém postos na Próspera e no Pinheirinho

A elevação recente dos valores tem também relação com o estoque de gasolina antes da renovação do produto. "Houve uma concessão de desconto por um tempo, de gasolina velha, para a troca pela gasolina nova, daí por um tempo conseguimos praticar um preço menor. Agora, com a gasolina nova, tem a variação do dólar, do petróleo, a gente só pode comprar da companhia da nossa bandeira. Quando sobe eles sempre recolocam a margem", frisa Tiago. "E pegou um momento no qual o petróleo baixou bastante, o consumo caiu muito, daí o petróleo ficou estocado, baixou bastante. Aí teve a redução de preço e depois vieram vários aumentos em sequência para voltar ao patamar anterior à pandemia. É o que temos agora, o valor igual ao de antes da pandemia", destaca Benedet.

O peso do frete

Teoricamente, quem tem posto mais próximo do distribuidor pode cobrar menos por gastar menos com frete? "Hoje o frete custa em torno de 8 a 10 centavos por litro de combustível", aponta Tiago. "Às vezes você tem a base mais próxima de você, mas o produto tem que chegar até ali, e isso também tem um custo", observa Benedet. "Perto do distribuidor também tem custo de frete", explica. As distribuidoras mais próximas que abastecem a região de Criciúma são em Itajaí, Biguaçu e em Canoas, no Rio Grande do Sul.

O ouvinte Rubens Souza citou um caso de Urussanga, onde um posto está praticando o preço de R$ 3,94 para o litro da gasolina comum. E essa variação de cidade para cidade? "Isso depende muito do revendedor. Às vezes um revendedor quer fazer um volume grande de venda para renovar o contrato dele com a companhia. São várias situações que podem originar esses valores, essas diferenças", responde Benedet. Às vezes essa diferença é flagrante e visível entre cidades muito próximas. "Esse revendedor vai tomar prejuízo. A conta não fecha", avalia Tiago, citando o caso do preço citado em Urussanga.

Tiago Giordani tem um posto na Próspera

Sobre a margem de valores entre um posto e outro, Benedet reconhece que os empresários monitoram os preços na concorrência. "Eu e o Tiago somos vizinhos com nossos postos na Próspera. É claro que um olha a placa do outro, por conta da concorrência, para saber o preço. E eu rodo a cidade todo dia vendo os preços nos postos para ver como está a concorrência, o mercado. Como posto tem que expor o preço em placa visível na entrada, o consumidor fica sabendo o preço do produto antes de entrar no posto", reforça.

Postos fechados

Tiago lembra a quantidade de postos fechados em Criciúma como um fator a confirmar a dificuldade que o segmento enfrenta. "Olha em Criciúma, quantos postos fechados temos, e outros que trocaram de bandeira, e outros que passaram o ponto adiante, pois era inviável manter", sublinha. Os entrevistados lembraram de alguns postos que fecharam recentemente em Criciúma: um na Marcos Rovaris e outro na esquina da Marechal Deodoro com a Rui Barbosa, no Centro, um na Henrique Lage e outros dois em acessos de Criciúma a Cocal do Sul e Forquilhinha.

O pessoal

Outro fator que pesa bastante na manutenção de um posto é a equipe de trabalho. "Todo nosso funcionário ganha 30% de periculosidade, é bastante oneroso. O nosso custo operacional se torna bastante alto, e o nosso custo maior é o funcionário. Um posto para funcionar bem precisa de uns 20 funcionários", salienta Benedet. "A gente fecha a loja e fica só o abastecimento 24 horas. Nem vende tanto na madrugada, é muito pouca", conta Tiago. "Acredito que no máximo cinco postos são 24 horas na cidade", retoma Benedet.

Não existe hipótese de troca da mão de obra humana por automação nem self service nos postos. "É proibido por lei no Brasil", aponta Benedet. "E há uma questão social, somos 50 mil postos, mais de 1 milhão de funcionários, haveria uma demissão em massa muito pesada a atingir toda a cadeia", complementa.

Procon de olho

O Procon foi acionado recentemente para monitorar os preços dos combustíveis em Criciúma. "Houve um período no qual recebemos muitas reclamações", confirma o coordenador do órgão na cidade, Chalton Schneider. "As pessoas reclamavam sem identificar os postos. Então nós pedimos que todos os postos nos enviassem as notas de compra dos combustíveis. Nós estamos com uma equipe trabalhando e checando todas essas informações", diz. "As reclamações diminuíram nos últimos dias", conclui.

Ouça a íntegra do programa Agora sobre combustíveis no podcast:

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