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A briga pela água no casarão

No capítulo 9 de "Centro Cultural Jorge Zanatta", era preciso melhorar o abastecimento de Criciúma

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 12/11/2018 - 21:49 Atualizado em 12/11/2018 - 21:52
Reprodução / Tribuna Criciumense, 9/5/1955
Reprodução / Tribuna Criciumense, 9/5/1955

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O prefeito Paulo Preis queria renunciar. Restavam poucos meses de mandato e a candidatura a deputado estadual dependia do afastamento do comando do município. Corria fevereiro de 1955 e, nos últimos dias antes de deixar a prefeitura, Preis ainda lidava com os assuntos que pontuavam a edição número 2 de Tribuna Criciumense, que foi às ruas em 9 de maio de 1955.

“Parecer de comissão especial à oferta do serviço de água ao município pelo representante do DNPM”. O extenso título encimava minucioso artigo da contracapa do Tribuna. Nele, o engenheiro José Menescal Campos, que atendia ali no casarão da Pedro Benedet, redigiu o documento avalizado pelo diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral, Sebastião Netto Campos.

Foi na tarde quente de 22 de abril que o engenheiro Menescal comunicou, em longas laudas, a intenção do DNPM de entregar à prefeitura o serviço de distribuição de água no município. Ocorre que Criciúma era contemplada por essa intervenção federal na administração do precioso líquido por conta do impacto da mineração em seu solo. Era uma compensação. Por isso que até hoje resiste, no pátio do casarão, à direita de quem entra, a boca de um poço. Dali, eram retirados os primeiros litros de água potável do Centro, dos veios oriundos de um lençol freático rico e que servia para abastecer as casas próximas do DNPM.

Logo, muito antes de gerir o petróleo e os combustíveis, antes ainda de servir de cárcere nos primeiros tempos da ditadura militar, e muito mais antes de se tornar a sede da cultura em Criciúma, o casarão foi ponto de partida, descoberta e distribuição de água! E o DNPM queria se livrar daquela missão. Por isso o documento encaminhado ao presidente da Câmara. Presidente, o vereador Ernesto Bianchini Góes andou às voltas, semanas antes, com outro problema dos graúdos. Coube ao Legislativo eleger um novo prefeito. A interinidade de poucas semanas do vereador Sinval Bohrer havia acabado, logo após a renúncia do prefeito Preis, a essa altura já candidato a deputado. E não é que, quis o destino, a sorte da prefeitura fosse decidida nos arredores do casarão da Pedro Benedet? Passava por ali o advogado Napoleão de Oliveira, homem vindo do Rio de Janeiro, prestigiado nas lides das leis. Precisava Criciúma de um prefeito. Nenhum vereador se dispunha. Faltavam poucos meses e a missão era espinhosa, face a falta de recursos e a intenção do DNPM, de entregar a gestão da água. A prefeitura não tinha os milhares de cruzeiros para, por exemplo, construir uma adutora de cinco quilômetros que trouxesse água em quantidade necessária lá do Rio São Bento, no ainda distrito de Nova Veneza. Napoleão passava pela calçada do casarão na Pedro Benedet quando foi espiado por três vereadores, que o chamaram para conversar. Mas esse destino político que brotou à sombra do atual Centro Cultural a gente conta depois. 

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