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A derrocada catarinense no futebol: Tigre pensava em Série A, mas terminou rebaixado

Das quatro equipes nas duas principais divisões, só uma se salvou; série de reportagens começa com o péssimo 2019 do Criciúma

Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 10/12/2019 - 18:00
Rebaixamento do Tigre foi decretado em empate em 1 a 1 contra o Paraná (Foto: Jota Éder / Timaço / Rádio Som Maior)
Rebaixamento do Tigre foi decretado em empate em 1 a 1 contra o Paraná (Foto: Jota Éder / Timaço / Rádio Som Maior)

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O ano de 2019 foi marcado pelos sucessivos erros no futebol catarinense. Depois de um estadual decidido nos pênaltis, os quatro grandes do Estado que disputaram as duas principais competições nacionais caíram cedo na Copa do Brasil e figuraram na parte de baixo dos campeonatos. Ao fim da temporada, foram três rebaixamentos, uma manutenção no sufoco na Série B e uma "herança maldita" deixada para 2020: pela primeira vez desde 2001, Santa Catarina não terá nenhum representante na Série A.

Aquele cenário otimista de 2015, quando quatro equipes catarinenses disputaram a primeira divisão, foi caindo caindo aos poucos, até culminar com o desastroso ano de 2019. O Portal 4oito falou com especialistas de Florianópolis, Chapecó e Criciúma para entender o que tornou o ano tão difícil para Avaí, Figueirense, Chapecoense e Criciúma. Faremos uma pequena série de reportagens com cada um dos quatro clubes, começando pelo Tigre.

Previsão furada

A conversa no Heriberto Hülse, no começo do ano, era de tentar um acesso para a Série A, competição que o Tigre não joga desde 2014, quando foi lanterna. No entanto, o projeto de reformulação do elenco que lutou para não cair na Série B de 2018 naufragou já nos primeiros meses.

Doriva, contratado no fim de 2018, durou apenas três meses no cargo e foi demitido depois de empatar com o Marcílio Dias em casa, na 11ª rodada do Campeonato Catarinense. Na ocasião, o Tigre ocupava a 6ª posição, fora da zona de classificação para a semifinal. Junto com Doriva, caiu também o diretor executivo de futebol, Nei Pandolfo, no cargo desde o começo de 2018.

O presidente Jaime Dal Farra apostou, então, em dois nomes de peso: o diretor-executivo João Carlos Maringá, um dos responsáveis pela ascensão da Chapecoense no cenário nacional, e Gilson Kleina, reconhecido pelos bons trabalhos na Ponte Preta e Chapecoense, além de ter comandado o Palmeiras e o Coritiba. 

Maringá chegou para reformular o elenco de 2019 (Foto: Arquivo / A Tribuna)

Reformulação

O Tigre iniciou um processo forçado de reformulação. A dupla Maringá e Kleina foi atrás de reforços e trouxe nomes importantes, principalmente Wesley e Léo Gamalho, além de Vinícius, atacante revelado pelo Palmeiras. O projeto remendado conseguiu classificar o Criciúma na primeira fase do catarinense, mas foi insuficiente para conseguir avançar de fase na Copa do Brasil: eliminação para a Chapecoense, com duas derrotas, na terceira fase.

No catarinense, a eliminação para o Avaí nos pênaltis encerrou o sonho do título, que não vem desde 2013. Mesmo com os fracassos em campo, Dal Farra e dirigentes mantiveram o mesmo discurso: o Tigre disputaria a Série B para subir de divisão.

Sem muitos reforços depois do estadual, o Tigre apostou na experiência de Kleina, Léo Gamalho, Wesley e Maicon, em conjunto com a juventude de jogadores oriundos da base, como Eduardo, Andrew, Reinaldo, Julimar, além do jovem zagueiro Derlan.

Série B começa mal

Em campo, mais uma vez as coisas não encaixaram. A estreia no Nacional foi com derrota por 1 a 0 em casa contra o Cuiabá. A primeira vitória veio apenas na 5ª rodada, 1 a 0 contra o Guarani, no Heriberto Hülse. Kleina deixou o Tigre na 13ª rodada da Série B, na 18ª posição, depois de uma sequência de cinco jogos sem vitória.

A saída de Kleina foi anunciada em coletiva, na qual João Carlos Maringá falou com a imprensa. Ele lamentou a demissão do treinador e disse que o clube não teria pressa para contratar o substituto. Wilsão, auxiliar técnico, ganhou cinco chances no comando do Tigre: foram duas vitórias, dois empates e uma derrota.

Mesmo com a crescente na tabela e a confiança de Maringá em Wilsão, o Tigre anunciou um novo técnico na virada do primeiro turno, quando ocupava a 14ª posição, com 21 pontos. Waguinho Dias, campeão da Série D com o Brusque, chegou ao Heriberto Hülse. Passadas 19 rodadas sem o time convencer, o discurso de Série A começava a se esvair...

Waguinho Dias não conseguiu nenhuma vitória no Tigre (Foto: Caio Marcelo / Criciúma EC)

Ladeira abaixo

Waguinho Dias chegou e tentou implementar um estilo diferente de jogo. Se antes o Tigre valorizava a posse de bola, com Waguinho passou a ser um time que procurava definir mais rápido as jogadas, usando principalmente os lados do campo. Não deu certo. Waguinho estreou com empate sem gols fora de casa contra o Cuiabá.

Sob o comando do técnico, o Tigre despencou para a 19ª colocação na Série B: o técnico conseguiu apenas dois pontos em cinco partidas. Despediu-se do Heriberto Hülse junto com Carlos Maringá, que se disse muito triste pela situação do Criciúma, mas acreditando na permanência do clube na Série B. Caía, assim, o terceiro treinador e o segundo diretor de futebol em menos de 10 meses.

Cavalo e o rebaixamento

Encurralado pelos protestos da torcida, Dal Farra tentou a fórmula mágica: apostou nos antigos ídolos: Roberto Cavalo de técnico, Wilsão de auxiliar e Vanderlei Mior de assessor de futebol. Vanderlei trabalhou muito nas preleções tentando motivar o elenco, enquanto Cavalo tentou dar sequência ao melhor Tigre da Série B, aquele comandado por Wilsão. Ao mesmo tempo em que recuperava a equipe que viveu a melhor fase dentro de campo, Cavalo afastou oito jogadores, incluindo o lateral direito Maicon. 

A estreia foi empolgante, na melhor atuação da equipe na competição: vitória e imposição contra o Botafogo de São Paulo, por 2 a 0. Mas com um elenco que parecia que não poderia dar melhores respostas, o Criciúma de Cavalo oscilou, não conseguiu vencer fora de casa (com exceção da rodada final, contra o Oeste, quando já estava rebaixado) e perdeu pontos importantíssimos em casa contra Brasil, Vitória e São Bento. A pá de cal veio na 37ª rodada: mesmo com salários em dia, jogadores de nome na Série B e um técnico experiente, o Criciúma foi rebaixado para a Série B. O que deu errado?

A estreia de Cavalo empolgou (Foto: Caio Marcelo / Criciúma EC)

Planejamento desastroso

A resposta para o ano ruim, na avaliação do comentarista do Timaço da Rádio Som Maior, João Nassif, é a falta de projeto na direção do Criciúma. O time não aguentou o segundo ano consecutivo na parte inferior da tabela e terminou com o quarto rebaixamento para o terceiro rebaixamento à Série C na sua história.

“Tu não vê um projeto efetivo, que dê a confiança maior de que o time possa render o que se espera. No papel não era um time ruim, o problema é o ambiente, que não é legal. O Jaime detona qualquer tipo de ambiente. Tem apenas um médico para cuidar de todos os jogadores, base e profissional. Fisioterapia é a mesma coisa. Nutricionista e psicóloga foram demitidas”, argumenta Nassif.

O Tigre terminou a temporada com 61 jogos e apenas 17 vitórias. Foram 20 empates e 24 derrotas, sendo o vice-lanterna da Série B, com 39 pontos. Terminou a temporada com quatro treinadores (além do interino Wilsão que, curiosamente, teve o melhor aproveitamento) e dois diretores-executivos, os dois demitidos.

“O jogador percebe quando a estrutura tá funcionando. Quando ele vê que tá ruim, deteriorada, ele se acomoda. Não que tenham tirado o pé e não quisessem permanecer na B, isso era o sonho de todo mundo e deles, eu tenho certeza. Mas o ambiente influencia e o rendimento em campo abaixo do esperado. Deu tudo errado, planejamento horroroso”, conclui Nassif.

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