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“A gente precisa ser humilde com relação a esta situação”, diz economista

Luiz Carlos Mendonça de Barros, que também foi ministro, falou em live promovida pela empresa Librelato

Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 15/06/2020 - 17:50 Atualizado em 15/06/2020 - 17:55
Foto: Divulgação
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Com 50 anos de atividade profissional entre setor privado e publico, o engenheiro, economista, ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, diz nunca ter visto uma situação semelhante ao vivenciado atualmente. A referência é à crise gerada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). “Isso quer dizer que estamos diante de uma coisa desconhecida. Passei por várias crises. Crises sérias e nunca vi uma coisa dessa. Mesmo a grande recessão dos anos 1930 não tem nada a ver com o que estamos vendo agora”, comenta.

Os comentários foram feitos durante live no Instagram promovida pela empresa Librela que teve como tema “Olhando com confiança para 2021”, e mediada pelo CEO da empresa, José Carlos Sprícigo.

Ministro das Comunicações do governo do ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, e participante um dos protagonistas das privatizações da época, Barros fala este é um instrumento importante, mas não para enfrentar a crise atual. “Passei quatro anos fazendo privatização, isso não adianta agora. Tudo que é um programa para frente não serve para a situação que a gente vive hoje. A privatização é um instrumento importante, mas para daqui a quatro anos”, salienta.

Além de atuar no governo de Fernando Henrique Cardoso, ele também foi diretor do Banco Central quando José Sarney era presidente.

Seguir os passos da Alemanha pode ser a saída

Para Barros, uma das alternativas para o Brasil é seguir o protocolo realizado pela Alemanha.  “Um pacote fiscal para não deixar as pessoas morrerem de fome e fazer que 70% a 80% das empresas sobrevivam. Quando em um dos ciclos, a economia cai abaixo de um certo nível ela não consegue levantar. É preciso ter um segundo plano fiscal e deixar a dívida um pouco de lado. A Alemanha vai fazer um deficit para dar mais 300 euros para a população menos atendida. Nós demos aqui R$ 600. 300 euros é R$ 1,8 mil. Vai criar uma ajuda fiscal para as empresas menores, vai ajudar uma série de empresas para que você consiga depois restabelecer um ciclo natural de economia de mercado. Aqui no Brasil temos que olhar para a dívida líquida, por isso digo que se não seguir a Alemanha e fazer um pacote fiscal importante nós não levantamos desta crise. O ministro Paulo Guedes vai entender que tem que fazer isso”, diz.

Ainda com uma visão de mundo, ele destaca que a economia dos Estados Unidos deve cair 7,5% neste ano. “A mesma queda do Brasil e sobe 4,5% no ano que vem. Mesmo assim, o PIB americano vai ser menor que em 2019. O que temos para frente é uma deflação muito grande. A atividade econômica na Inglaterra caiu 20% em maio, devido a isso o PIB andou 18 anos para trás”, relata.

Barros diz também que os governos pegaram alguns protocolos parciais de crises passadas e “enfiaram” dinheiro no mercado. “Esta injeção de dinheiro acalma um pouco, mas a economia sobe e desce, fica a esta deriva. Este primeiro pânico, existia um protocolo antigo que foi aplicado, mas percebemos que a recessão que virá tem uma direção diferente, é bipolar. As empresas não podem produzir porque não tem trabalhadores e o consumidor não pode comprar porque não tem renda”, fala.

“Santa Catarina em uma âncora”

O economista comentou que Santa Catarina está em uma âncora, que é a agricultura, que para ele não sofre tanto com a crise do coronavírus. “O Brasil tem uma âncora, e vocês (Santa Catarina) estão nesta âncora que é o setor agrícola, que não sofreu nada, muito pelo contrário. A demanda por alimento não vai mexer um centímetro. O resto não em âncora. O PIB de 2021 é 3,5% menor que o de 2019. Qualquer retomada que não seja em um setor específico é só em 2022. O governo precisa fazer um pacote fiscal que a Alemanha fez. Esquece. Deixa a dívida para depois”, afirma.

“Não poupar” na cultura do brasileiro

O brasileiro, em sua maioria, nunca foi de poupar dinheiro, e isso é prejudicial, principalmente em tempos de crise. Barros fala que os chineses chegavam a poupar de 50% a 60% do salário, número que hoje caiu para 30%. “Nós (no Brasil) foi pago R$ 600 e as pessoas saíram para o comércio. Duas coisas não vão mudar no Brasil: ferrovia e o povo poupar. Se tem uma coisa que não se consegue mexer é na sociedade brasileira. É uma sociedade consumidora, portanto não tem uma poupança. Está sempre “despoupando”, diz.

Perto do precipício, mas sem pular

Ao final da live, o ex-ministro deixou o seu recado e dicas para superar a crise. “O Brasil, apesar de tudo, não é como a Argentina. Nós gostamos de chegar perto do precipício, mas não pulamos. Derivado deste primeiro conselho, que é que não nos jogamos no precipício, o segundo é nunca entrem em pânico. Para sobreviver neste contexto, você precisar ter cuidado, esta crise ninguém esperava. A origem dela não tem nada a ver com cada país. Tem alguns países, e nós estamos no meio, que não seguiram os protocolos e estão sofrendo. Na economia todos vão cair no mesmo buraco, inclusive a China”, finaliza.

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