Em Criciúma, o Delegado Geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, pronunciou-se sobre o caso em que uma jovem foi atingida por um tiro durante uma operação policial. Confira a declaração completa:
**"Sobre a prisão de um criminoso, membro de uma organização criminosa (armada) envolvida no tráfico de drogas, afirmo que ocorreu um claro caso de ‘aberratio ictus’.
O foragido, que estava se escondendo da Polícia, entrou sozinho em um Uber. Durante a abordagem, com a voz de prisão sendo dada, o motorista deu marcha à ré contra a viatura e os Policiais Civis, o que configurou legítima defesa diante da agressão injusta. Nesse momento, um disparo foi efetuado e acabou atingindo uma mulher que já estava no carro quando o foragido entrou.
O resultado nunca foi, em nenhum momento, desejado, mas a grande responsabilidade pelo caso foi do condutor do veículo e de quem colocou a jovem em contato com o mundo do crime. Somos rigorosos na apuração de condutas de policiais, e vários já perderam seus cargos por ações irregulares. No entanto, neste caso específico, pelas provas colhidas, a situação é clara."**
A defesa do motorista se manifestou em Nota Oficial:
O motorista realizava uma viagem de um casal, um homem e uma mulher. Ao chegar ao destino, foram surpreendidos pelo que acreditaram ser um assalto, já que dois homens armados desceram de uma viatura descaracterizada e partiram em direção ao carro. Diante da aparente tentativa de assalto, ele deu ré, mas, impedido por um veículo atrás, tentou desviar e, nesse momento foi atingido por uma segunda viatura.
A colisão resultou em um disparo de arma de fogo efetuado por uma agente policial, que causou a morte da passageira, uma jovem de 23 anos. Os agentes prenderam o passageiro em cumprimento de mandado de prisão, a passageira foi socorrida pelo SAMU, e o motorista acompanhou os agentes até a delegacia para prestar depoimento. Lá se viu envolvido em uma articulação policial que buscava colocar sobre si a responsabilidade de uma infundada tentativa de homicídio contra os agentes policiais, sendo que, no momento da suposta tentativa, o mesmo sequer sabia que aquelas pessoas eram ditas pessoas de bem.
Durante a investigação, todos os envolvidos foram ouvidos, exceto a policial que efetuou o disparo fatal contra a jovem. Além disso, outra situação que causou estranheza, foi o fato de uma testemunha que não só presenciou os fatos como registrou em seu celular, ter sido abordada por um agente policial, que o obrigou a entregar seu telefone, sendo devolvido apenas sob a condição de apagar toda e qualquer imagem relacionada a trágica ocorrência.
Porém, talvez essa nota de nada de sirva, porque ao que tudo indica tanto o delegado que responde pela investigação, quanto seu superior, o delegadogeral de Santa Catarina, já sentenciaram o motorista como culpado por uma tentativa de homicídio e desobediência de ordem policial. Diante disso, a defesa espera que o Poder Judiciário possa ser o verdadeiro fiel da balança, para que o motorista tenha a oportunidade de ampla defesa e contraditório, de modo que a investigação policial e o processo penal não sejam meras formalidades, podendo assim ele ter seus direitos fundamentais resguardados.