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A mortalidade infantil e a falta da maternidade são assuntos no casarão

No quinto capítulo da série Centro Cultural Jorge Zanatta, a briga por melhores condições de saúde

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 06/11/2018 - 10:55
Folha do Povo, 16 de julho de 1951 / Reprodução
Folha do Povo, 16 de julho de 1951 / Reprodução

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Reportagem da Tribuna Criciumense em 27 de maio de 1957 expunha um dos grandes dramas sociais decorrentes do crescimento por demais acelerado daqueles tempos: o elevadíssimo índice de mortalidade infantil. A tabela aqui reproduzida refere até 133 mortes por mil nascidos vivos em 1946. Dez anos depois, a queda para 97,9 até animava, mas ainda desenhava um cenário assombroso, levando-se em conta que o número atual, de 13, ainda é elevado mesmo seis décadas depois.

Tribuna Criciumense de 27 de maio de 1957 / Reprodução

E saúde também era assunto naqueles anos 50 no Plano Nacional do Carvão. Afinal, os mineradores viviam sob a pressão de, em nome do progresso econômico que significava a extração do carvão, garantir um conforto mínimo aos seus trabalhadores que eram, também, os diretamente impactados pela poeira pesada e absurdamente agressiva aos pulmões resultante da pirita que cobria ruas e exalava das bocas de minas que, por sua vez, proliferavam por bairros e vilas.

Em uma das rodas de conversas com técnicos no casarão da Pedro Benedet, chegava aos ouvidos do prefeito Paulo Preiss a contundente manchete que Pedro Vergara Corrêa já havia autorizado a estampar a capa da sua Folha do Povo de 16 de julho daquele 51, que já corria frenético no rumo da transformação da cidade daqueles mesmos e assustadores registros de mortalidade de recém nascidos. 

Uns quatro dias antes, ali pelo dia 12, soube o prefeito que o jornal, em letras garrafais, lascaria um “Reclamam a creação da maternidade os índices clamorosos da mortalidade infantil em Criciúma”. Seria uma forma, que não desagradava ao governo Preiss – com o qual a Folha do Povo era alinhada – de cutucar autoridades maiores, dos senhores do carvão que se reuniam no casarão até os que rondavam o governo Irineu Bornhausen em Florianópolis.

“A mortalidade infantil tem sido objeto dos mais complexos e variados estudos por parte de cientistas e governantes que vêm nesse problema de difícil solução”, dizia o artigo que, de fato, saiu com a relevância prometida. E vai além. “A necessidade de se crear a maternidade de Criciúma é evidente”, cobrava o articulista. Antes, já se comemorava a montagem de um abrigo de menores, como um primeiro passo para melhorar a assistência aos criciumenses do futuro. 

Se lá nos altos da casa grande do carvão em Criciúma essa cutucada caiu bem ou não, o tempo diria. Mas é fato que não demorou e a fundação de instituições para zelar pela saúde dos mineiros entraram na pauta. Eis mais uma prova, contundente, de que alguns temas de seis décadas passadas seguem mais atuais do que se possa imaginar.

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