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Agora: Milhares de multas e infrações de trânsito na pauta

DTT revelou que mais de 80% das multas aplicadas em Criciúma são por equipamentos eletrônicos. Não usar cinto e manusear celular ao volante são as campeãs

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 10/03/2020 - 11:05 Atualizado em 10/03/2020 - 11:12
Fotos: Vitor Netto / 4oito
Fotos: Vitor Netto / 4oito

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Com sua frota de 160 mil veículos, Criciúma é a metrópole regional também no quesito trânsito. Congestionamentos e irregularidades estão na rotina da cidade. Para debater o tema, o Agora desta terça-feira, 10, reuniu especialistas no assunto no estúdio da Rádio Som Maior. A quantidade de multas aplicadas, e as razões dessas infrações, dominaram a conversa.

"Entre 2017 e 2018, em 18 meses, agentes de trânsito registraram 7,8 mil infrações, a PM registrou 13 mil e o sistema eletrônico registrou 113 mil. Onde está a indústria? As três maiores infrações, furar o sinal vermelho, excesso de velocidade e parada sobre a faixa de pedestres", relatou o gerente de operações da Diretoria de Trânsito e Transportes (DTT), Paulo Borges. "Querem falar em indústria de multa? É indústria de infratores", provocou.

Para o comentarista de trânsito da Som Maior, advogado Vinícius Ribeiro, o problema não é apenas local. "Em Santa Catarina, em 2019 a infração mais aplicada foi transitar em velocidade superior à máxima em até 20%, com 508 mil infrações", relatou.

Buba e André Marcelino

O vereador Ademir Honorato (MDB) adiantou, durante o programa, um tema que levantará na sessão desta terça-feira na Câmara. "Em 2018 e 2019 chamei a atenção para a quantidade mensal de multas, 3 a 4 mil por mês. Nesse ano, de 8 de janeiro a 3 de março, no Diário Oficial, são muitas, isso é um escárnio. Só esse ano foram mais de 30 mil multas e notificações. Fazendo um cálculo, com média de R$ 170 por multa, essas 30 mil multas ultrapassam R$ 5 milhões. Se continuar nesse embalo, vai dar 120 mil multas no ano, pode ultrapassar R$ 20 milhões de arrecadação. Isso é um problema sério", comentou. "Vou fazer um requerimento pedindo o quantitativo de multas dos últimos três ou quatro anos", completou.

Para o presidente do Sindicato dos Motoristas de Criciúma, Clésio Fernandes, o Buba, "o vereador tem razão, mas quem é o errado? Para onde o dinheiro vai, não importa, importante é sair de casa com o cinto, ser competente no trânsito".

"Dirigir não é girar volante, apertar pedal e passar marcha. Dirigir um veículo requer consciência e conhecimento de regras", argumentou o presidente da Junta Administrativa de Recursos e Infrações (Jari), André Marcelino. Provocado a citar um fator que o chama atenção entre as infrações, Vinícius Ribeiro pontuou que "ficamos perplexos pela quantidade de infrações e da falta de consideração pelos motoristas que estão ingerindo bebida alcoolica e depois saem para dirigir". "A quantidade de infrações emitidas pela recusa de utilizar o bafômetro e também a embriaguez ao volante também são grandes", emendou. "Se a gente verificar as estatísticas, todo fim de semana tem várias recusas, todos com resultado positivo. É lamentável que isso continue acontecendo", completou Paulo Borges.

Mãos no volante

"O uso do celular ao volante é a segunda maior infração verificada em Criciúma, a primeira é o cinto de segurança", reforçou Borges. Provocado por um ouvinte, que reclamou ter sido multado pois "tem o hábito de roer unhas", o gerente da DTT lembrou que a lei é clara, "são as duas mãos no volante".  "É uma questão cultural, é uma questão de educação, de mudança de comportamento. Fico estarrecido com as defesas e recursos que chegam, com a falta de respeito com a sinalização", observou André Marcelino. "Bastante coisa desse tipo. Tem várias colocações assim. O pessoal que fuma. Tem que dirigir com as duas mãos, os que dirigem fumando, vão dirigir com uma mão só, o cigarro não vai sozinho para a boca", sublinhou.

Vinícius Ribeiro e Paulo Borges

"Vai ter um almoço, um churrasco uma festa, alguém tem que trazer o carro. A consciência está aumentando, pequena mas está mudando", lembrou Buba, citando o papel importante do "motorista da rodada". Ele citou, ainda, outro hábito corriqueiro dos motoristas, de avançar no sinal amarelo. "Amarelo não é para tocar, é para parar. Amarelou, tem que frear, e não acelerar. Amarelou, está abrindo para o pedestre, e se for o seu filho passando ali?", perguntou. "Muitas vezes a pessoa passa no amarelo pois olha no retrovisor e outro carro está grudado. As pessoas estão dirigindo muito próximas uma da outra", argumentou Vinícius.

Ainda sobre o uso do celular ao volante - a segunda razão das multas no trânsito criciumense -, Vinícius Ribeiro reiterou que "não é falar ao celular a infração, é segurar ou manusear. Independente do que está fazendo com o celular, é infração, e essa educação começa pelo motorista pai de família. O caminho é pela educação no trânsito". De pronto, vários ouvintes reclamaram. Um motorista de aplicativo citou que usa o celular para a sua atividade. "Mesmo o celular no suporte do painel é manuseio, e as infrações podem ser emitidas sem a abordagem do condutor", disse Vinícius.

Cadê os agentes?

Outro fator citado por ouvintes é a ausência dos agentes nas ruas. "Eles são orientados a estarem na via, não multando, resolvendo questões de trânsito. Às vezes é melhor conversar com o condutor e não multar. Não é ficar dentro da viatura no ar condicionado, é ajudar no trânsito", explicou Paulo Borges. "A polícia está certa, tem que pegar. A gente só aprende com vara de marmelo. É muito barata a multa de R$ 100 ou menos, muito barato R$ 88. Eu acho que tinha que ser mais cara, daí o cidadão antes de encher a cara e colocar a mão no volante, ele levar R$ 6 mil de multa e ficar 15 dias preso, no outro dia ele não bebe mais. Tem que tirar as sombras debaixo das pontes e os carros de polícia com película. A pessoa que tem que fiscalizar fica dentro da viatura ou no meio do mato", detalhou Buba.

A Jari lida com os recursos. André Marcelino citou algumas situações curiosas nos questionamentos das multas. "A maioria são indeferidas. Raras são deferidas, por algum equívoco, erro do órgão e do autuador, que é um ser humano. A maioria das desculpas, que não fez por alguma razão, acho hilário até. Outro dia estava rindo de uma situação, um cidadão disse que não ingeriu alcoolica pois é de uma religião. Ele juntou receitas de determinados remédios, disse que tomava continuamente, então ele não poderia nem chegar perto de um volante", contou. "As pessoas são comunicadas pelos Correios, mas os Correios pecam bastante na entrega. Edifício que não tem zelador, eles não entregam, vão embora. Casa e rua sem registro na prefeitura, também não entregam", lembrou.

Muitos suspensos

Outro fator que vem chamando a atenção na Jari é a quantidade de motoristas com habilitações suspensas anualmente. "Em 2018 foram 530 só em Criciúma, suspensões aplicadas, fora as que deixam de ser aplicadas por falta de funcionários. Serão seriam mil e mil. A pessoa tem que fazer um curso de 30 horas, pode ser online ou presencial, e tem que fazer uma avaliação no Detran. Fiquei abismado que tem pessoas que reprovaram três, quatro, cinco vezes na prova, condutores antigos, que já dirigem há um bom tempo, que fizeram um cursinho e não conseguem tirar nota 7", referiu Marcelino. "Nós temos que fazer mais cursos que o motorista normal. Pegou bêbado, paga R$ 3 mil, perde a carteira e perde o emprego", mencionou Buba, lembrando a situação dos motoristas profissionais quando apanhados em infrações.

Ouça a íntegra do programa no podcast:

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